P.O.V YEONJUN
— Por hoje já está de bom tamanho. Podem ir descansar. — Alertou o professor, fazendo com que eu cessasse minha sequência de socos no pequeno saquinho de lona acima de minha cabeça.
Busquei minha mochila, aliviado, e rumei ao vestiário, já que não havia mais ninguém ali além de nós.
Olhei ao redor, certificando-me de que estava só, e comecei a me despir, ainda atento.
— Não se preocupe. — me assustei com a voz repentina, vendo Yoongi se sentar no banco de concreto frente aos chuveiros compartilhados. — Pode tomar banho tranquilo. — sorriu. — Não vou sair daqui.
— Obrigado. — agradeci, mais aliviado por ter meu amigo ali me guardando.
Terminei de me despir sob o olhar do moreno e adentrei a água morna, sentindo-a me relaxar, desde o couro cabeludo suado até os tornozelos doloridos.
Yoongi viu quando Beomgyu entrou no local de fininho, se encostando na parede de azulejos, mais afastado. Eu me banhava de costas, massageando meus próprios ombros, sem nem imaginar a presença do outro ali.
O moreno mais velho analisava com cautela, o olhar perdido de Beomgyu ali. O cenho se franzia de vez em quando. Parecia perdido em seus próprios pensamentos. Seu olhar fitava cada canto do corpo de Beomgyu quase com devoção... Não o olhava de forma suja ou desejosa, Yoongi não captara aquilo no olhar do outro. Era mais um olhar de "cuidado" e bem querer.
Yoongi riu para si ao notar o quão surpreendente o destino podia ser, vendo aquele baixando sua guarda cada vez mais enquanto o sentimento ainda desconhecido crescia em seu peito. E no fundo, desejava que Beomgyu pudesse tirar algo de bom de Beomgyu. Ele precisava disso há muito tempo.
Viu Beomgyu baixar o olhar, parecendo melancólico agora. Encarou seus pés, e sacudindo a cabeça, deixou o local tão rápido quanto chegou ali, sem dar a chance de Beomgyu percebê-lo.
✤
O resto daquela tarde, eu só queria me jogar em minha cama e dormir o resto do dia. Mas soube que não seria possível no momento em que ouvi batidas na minha porta. Com muito desgosto, fui abrir.
— Põe uma roupa de frio. — mandou o outro sem nem esperar eu dizer algo ao abrir a passagem.
— Pra quê? — enruguei a testa confuso, vendo o outro impaciente se sentar em minha cama.
— Sem perguntas, Yeonjun. Vamos logo.
— Beomgyu, eu estou cansado. — bufei.
— Eu sei. Não esquenta com isso. Agora põe algo quente logo. Tá quase na hora da troca de turno. — disse baixo na última parte, olhando através da janela.
Ainda contrariado, vesti meu casaco grosso de frio, com o capuz felpudo, e segui o mais velho — que não se vestia muito diferente de mim — instituição afora.
Atravessamos todo o campo dos fundos, que eu não sabia muito bem onde daria.
— Onde estamos indo? — perguntei sério e alarmado, vendo que nos aproximávamos da cerca que separa a clínica da floresta ao lado.
— Não precisa se preocupar. — tentou segurar minha mão, mas eu a puxei rapidamente.
— Eu não vou entrar aí. — decretei.
— Yeonjun, confia em mim. Quero te mostrar um lugar.
— Não acho uma boa ideia, Beomgyu. — disse recuando um pouco enquanto tentava não encarar a floresta à minha frente.
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Clinic Worst
FanficAo descobrirem a verdadeira sexualidade de seu filho, os pais de Yeonjun, resolvem interná-lo em uma clínica religiosa. No quarto ao lado, reside Beomgyu, que foi internado pelo mesmo motivo que Yeonjun.