Capítulo 4

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Leon lutava para encontrar o sono após horas imerso em pensamentos sobre a jovem com quem acabara de conversar. Ela parecia um verdadeiro anjo; sua beleza exalava um doce aroma de tutti frutti. Seus longos cabelos loiros e lábios perfeitamente desenhados eram um testemunho da perfeição. Como poderia tanta graça e encanto residir em alguém tão jovem? Ele estimou que ela deveria ter no máximo dezesseis ou dezenove anos, mas, dentre todas as mulheres com quem já se envolvera, ela se destacava como a mais sublime. Seu jeito o encantara de tal forma que arrepios percorriam sua pele, e a escolha de suas vestes apenas intensificara a tensão que ele sentia. Seus olhos azuis como piscinas eram tão marcantes que era impossível desviar o olhar; ela era simplesmente a personificação da perfeição feminina... ou melhor, da juventude feminina.

"Leon, pare imediatamente com esses pensamentos inapropriados. Ela é apenas uma garota, provavelmente terminando o colegial", repreendeu-se, apoiando as mãos na pia do banheiro e encarando sua própria reflexão no espelho.

"Mas é uma garota incrivelmente atraente... como será que se chama?", indagou-se, surpreendendo-se com suas próprias palavras. Afinal, era absurdo considerar qualquer coisa além disso; envolver-se com uma garota do colegial estava fora de cogitação, e essa faixa etária definitivamente não se alinhava com suas habituais companhias.

"Pelo visto, estou precisando de férias...", murmurou Leon, erguendo uma das sobrancelhas enquanto observava atentamente sua reflexão no espelho.

Era isso mesmo! Leon percebeu que estava trabalhando demais e esquecendo da outra parte da vida. Um pouco de lazer era necessário, e o sexo tinha sua importância. Então, decidiu que precisava colocar isso em prática o mais rápido possível. Sua teoria era que, como não se relacionava mais, qualquer mulher que visse despertaria emoções sexuais à flor da pele. Isso explicava a tensão em relação à garota na cozinha.

Ele olhou para seu reflexo e disse: "Só pode ser isso..."

A noite estava quente. Leon abriu a varanda para deixar o ar circular em seu quarto. Sem uma gota de sono, decidiu checar seus e-mails do departamento. Afinal, não parava de trabalhar. Com o tempo, o vício se tornara rotina - fazer o que amava.

Leon passou a noite em claro...

☼ Amanheceu ☼

Leon levantou-se de sua escrivaninha após passar a noite inteira acordado. Correu para o banheiro para tomar um banho rápido e logo foi para a cozinha preparar o café. Não havia tempo para tomar café com a família; tinha uma entrevista cedo com a nova secretária. A agência tinha muitos processos pendentes, então decidiu agilizar tudo naquele dia para não acumular trabalho e acabar sacrificando seu próximo final de semana.

Colocou seu terno cinza com gravata preta e desceu para a cozinha. Precisava apressar o café.

Ao adentrar a cozinha, deparei-me com a figura de uma jovem loira de costas para a porta. Mal podia acreditar: era ela...

Aproximei-me, observando-a concentrada no corte de frutas, que ela depositava em uma tigela rústica. Ela parecia tão focada que imaginei que poderia estar criando uma obra-prima culinária. Entretanto, uma voz interrompeu meus devaneios.

— Leon, meu filho, você já levantou? — Dona Estela me pegou de surpresa, como se eu fosse um ladrão em plena ação. — Nada está pronto ainda... Ah, como sou mal-educada! — Ela se virou para a jovem.

Dona Estela fez Sofy girar-se como se estivesse em um desfile. E lá estava ela: um belo rosto com um sorriso tímido que poderia iluminar a cozinha, mesmo sem a luz acesa. Era a segunda vez que nos víamos, mas fingimos que era tudo novidade, como dois atores em uma peça de teatro improvisada.

— Que prazer conhecê-la, senhorita... — Leon estendeu a mão, ansioso para saber seu nome.

Sofy apertou sua mão com o cuidado de quem manuseia um ovo cru e disse:

— Sofy. Pode me chamar de Sofy, senhor — respondeu ela com um sorriso tímido que quase fez meu coração derreter.

— Senhor? Jamais... — Leon fez uma cara de desapontamento digna de um drama romântico.

— Apenas Leon. Prefiro o simples — insistiu ele, piscando como se isso pudesse desarmar sua timidez.

Enquanto trocávamos essas palavras descontraídas, notei algo curioso: o dedo enfaixado da Sofy. Era o mesmo dedo que havia cortado na nossa aventura culinária do dia anterior!

— O que aconteceu com seu dedo? — perguntei, tentando não rir da situação.

Ela olhou para o dedo enfaixado com uma expressão de constrangimento e respondeu:

— Ah, foi só um pequeno acidente enquanto tentava cortar as frutas... Você sabe como é! A mousse estava tão deliciosa que eu me empolguei demais!

Leon não conseguiu conter o riso e disse:

— Olha só! A mousse quase se tornou uma arma!

Sofy corou e eu ri ainda mais da cena: a jovem tímida tentando explicar seu pequeno desastre na cozinha enquanto fazia gestos exagerados com a outra mão.

— Bom, acredito que você ficará conosco durante o período de estudos — Leon mudou de assunto rapidamente, tentando ajudar Sofy a se sentir mais à vontade.

— Iria ficar na casa de umas amigas; não quero ser um estorvo... — Antes que ela pudesse terminar sua frase, Leon a interrompeu novamente.

— Claro que não! Fazer um favor para Dona Estela, que é quase como uma mãe para mim, é um favor que você faz para mim — disse Leon com um tom dramático.

Sofy olhou para ele com os olhos arregalados e pareceu querer encolher-se atrás da tigela de frutas. Era como ver uma tímida gazela tentando sobreviver em meio a leões famintos!

Sofy expressou sua gratidão pelo convite de maneira efusiva, culminando em um abraço repentino em Leon, que ficou tão atônito que quase derrubou a panela de feijão no chão. A jovem irradiava doçura e gentileza, e o aroma adocicado de seus cabelos trouxe uma sensação agradável ao olfato de Leon, que se viu relutante em deixá-la partir, como se estivesse preso em uma armadilha de mel.

Ao se afastar, Sofy pediu desculpas pelo gesto impulsivo, enquanto demonstrava seu carinho por sua tia Estela.

— Não se preocupe, menina. Leon vai ser como seu irmão mais velho — disse dona Estela, antes de se retirar para colher verduras na horta da família.

Na cozinha, Leon parecia cativado pela presença de Sofy, incapaz de esconder sua admiração. Seus olhos refletiam uma mistura de surpresa e encantamento, como se tivesse visto um unicórnio dançando salsa na sala de estar.

— Vou indo, Luke sumiu a manhã inteira — disse Sofy ao se despedir. — Foi um prazer conversar com você novamente, Leon. Tenha um ótimo dia! — Ela piscou para ele e saiu, deixando um rastro do perfume doce no ar que fez o coração de Leon bater mais rápido do que quando ele tenta escapar da briga entre sua mãe e a fatura do cartão de crédito.

— Igualmente, moça linda — respondeu Leon enquanto a observava se afastar. Seus pensamentos estavam tomados por imagens da doce voz de Sofy e seus olhos brilhantes. Ele sentiu como se o tempo tivesse parado naquele instante mágico, desejando profundamente passar mais tempo ao lado dela e descobrir cada detalhe que a tornava única — ou pelo menos saber qual era o segredo do cabelo dela.

Enquanto a observava partir, Leon sentiu uma mistura avassaladora de emoções: fascínio, curiosidade e uma pontada de paixão surgindo em seu peito. Ele sabia que algo especial tinha acabado de começar naquele encontro inesperado. Mas então, subitamente, a ficha caiu: **quem é Luke?** Essa pergunta ecoou na mente de Leon como um alarme falso na hora da soneca. Quem seria esse rapaz que parecia ter desaparecido? E qual seria sua relação com Sofy? A curiosidade agora tomava conta dele como uma criança em uma loja de doces, prometendo novas descobertas pela frente — ou talvez apenas mais confusão!

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