Capítulo 13

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                                  -O tal dia -




Sofy levanta em um pulo ao perceber a hora. 
— Esse despertador é mais inútil que uma colher de pau em uma competição de natação! — grita para o despertador, que claramente estava quebrado e provavelmente rindo dela.

Ela se arruma como se estivesse em uma competição de Fórmula 1: coloca uma calça preta, veste a blusa da escola, calça um All Star e, sem se preocupar nem um pouco com o cabelo que parecia ter sido atacado por um furacão, parte para a porta. Chegar a tempo era tão provável quanto ganhar na loteria, mas ela fecha a porta e corre.

No corredor, uma nova queda parecia iminente. Foi então que alguém segurou seu braço, impedindo sua corrida.

— Menos! Você deveria andar e evitar correr. Já basta esses arranhões — diz Mores, preocupado como se fosse o super-herói dos membros arranhados. — Devia escutar mais, ainda mais vindo de um profissional. — Ele sorri, como se tivesse acabado de salvar o dia.

Sofy retribui o sorriso.

— Desculpe, estou com pressa. Parece que já perdi o último ônibus; o próximo só deve passar daqui a uma hora — fala decepcionada como se tivesse perdido um prêmio na loteria.

Mores cruza os braços.

— Estou de folga hoje. Quer carona? — pergunta ele, como se estivesse oferecendo um ingresso para um show de rock.

— Sério? Não vou atrapalhá-lo? — ela diz, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha com a graça de uma bailarina desajeitada.

— Claro que não! Vou passar o dia em casa; vai ser um favor te levar. Assim pelo menos dou uma volta e me sinto útil! — Ele dá de ombros como se estivesse fazendo trabalho comunitário.

— Fechado! — Ela pisca um olho em confirmação, como se tivesse feito um pacto secreto. 
— Agora, por favor, sem correr; se você cair de novo, vai se desmontar igual a um robô mal feito! — Os dois riem juntos.

Ele estava certo; não havia mais razão para correr. Com essa carona, chegaria no horário certo e ainda teria histórias para contar!

— Tomou café? — ele pergunta.

— Ah, não tenho costume de tomar café. Minha primeira refeição do dia é o almoço... ou seja, sou praticamente uma planta que só absorve luz solar depois do meio-dia! — Ela dá de ombros.

Ele sorri novamente.

— Imagino que seja por conta do horário que você acorda, acertei?

Sofy sabia que não era bem isso; na verdade, seu pai só fornecia almoço e um mísero lanche para evitar que ela dormisse de estômago vazio. Durante muito tempo, viveu de migalhas e sonhos. Mas ela não poderia contar isso, então preferiu mentir.

— Exato... durmo tanto que acordo no horário do almoço — responde ela com cara de quem acabou de inventar uma nova técnica para hibernar.

— Bom, mas agora que está estudando pela manhã, precisa refazer seus horários de refeição. Não pode passar tanto tempo sem comer! — ele fala seriamente como se fosse o guru da alimentação saudável.

Ele a encara. Pelo visto, ter um amigo médico tinha suas vantagens... ou desvantagens em forma de conselhos nutricionais!

— Certo... depois vejo isso. Vamos? — Ela puxa o braço de Mores como se estivesse puxando um amigo para escapar da escola.

Ele sorri.

— Ok, vamos! — Os dois se dirigem à porta de saída como se estivessem prestes a embarcar numa aventura épica.

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