Capítulo 21

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— Será possível que não terei mais paz? — Leon franze a testa, seus passos longos ecoando atrás de Sofy enquanto ele tenta alcançá-la.

Sofy se dirige à cozinha, suas pernas insistindo em avançar rapidamente, sem sequer olhar para trás. O único desejo que a consumia era chegar ao seu quarto. Suas mãos trêmulas e pálidas se ocupam em amarrar os longos cabelos que insistem em cair sobre suas costas. Ela estava furiosa!

Tinha que admitir: toda a trajetória de sua vida fora marcada por brigas, ameaças e violência. Não queria reviver essa fase sombria. As indiretas de Mores para Leon a deixavam confusa. Como dois irmãos podiam se voltar um contra o outro por tão pouco? Aquilo não passara de um simples piquenique.

Leon finalmente a alcança.

— Sofy! — Ele a chama, a urgência na voz.

Ela para no meio da cozinha, o coração acelerado.

— Já deu por hoje, Leon! — responde, sem olhar para trás. — Não quero causar discórdia entre você e seu irmão. É melhor pararmos com isso... Fico feliz que nossas desavenças foram esclarecidas; sei que suas intenções ao me chamar para um breve piquenique foram as melhores... mas não vai passar disso.

Sofy permanece de costas, determinada.

— Você está me dizendo que se importa com o que Mores acha certo ou não? — Ele a fita seriamente, a frustração transparecendo em seu olhar. — Por acaso ele anda se engraçando com você? — Leon eleva o tom de voz, a tensão no ar palpável.

Sofy se vira para ele, o olhar ardente.

— Claro que não... Apenas quero evitar uma briga. Agora há pouco, quase que partiram para a violência física! — Ela o encara, a frustração pulsando em suas palavras. — Para falar a verdade, não faço a mínima ideia do porquê de seu irmão te defamar assim...

Leon força um sorriso, mas a tensão no ar é palpável.

— Você não vai me dizer que acreditou? — pergunta, com um tom desafiador.

— O que acha? — Ela afirma ironicamente, os olhos brilhando com indignação.

— Acha mesmo que eu iria te fazer mal? — Ele questiona, a indignação crescendo em sua voz.

— Isso não importa... A partir de hoje, serei apenas sua empregada. É melhor assim! — Ela fala, decidida.

— Pare com isso! Afinal, nós nos tornamos amigos... — Ele tenta amenizar a situação, mas sua voz carrega um desespero contido. — Nunca te fiz nada de mal ou algo que pudesse corroborar as palavras de Mores.

Por que ele não entende logo de uma vez minha decisão? A teimosia dele estava me irritando profundamente.

— Já sabe minha resposta. Faço isso para evitar uma próxima briga. — Ela retruca, firme.

Ele passa as mãos pelos curtos cabelos, frustrado.

Como ela podia ser tão teimosa? Leon não acreditava no que estava ouvindo. Agora Sofy se deixava levar pelos caprichos de Mores? Era uma menina inexperiente e fácil de manipular; parecia que o irmão já havia conseguido. Mas ele não desistiria tão facilmente assim; Mores ainda teria que encarar suas decisões.

Ela estava diante dele, a menos de dois metros de distância, e ainda conseguia sentir aquele perfume único que desde o primeiro dia o marcara. Os traços franzidos em sua testa branca revelavam a raiva contida. Seus olhos azuis espelhavam o nervosismo que pairava entre eles, refletindo suas emoções como um espelho quebrado — intensas e fragmentadas.

— Você está com raiva de mim? — Ele observa os sinais no corpo dela, como um detetive em um filme de mistério.

— Estou com raiva do mundo! — Ela grita, como se estivesse tentando acordar uma multidão adormecida. — Não tive sorte na vida... Pensei que as coisas estavam mudando... pelo visto, me enganei!

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