Capítulo 20

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**O Encontro**

Chegamos em casa às 17:00 em ponto. Durante toda a viagem, Leon me encarou, e nós não trocamos uma única palavra. Aquilo estava soando muito estranho... Será? Não, claro que não! Imagina, Leon está me dando mole... Só de pensar nisso, um sorriso involuntário surge em meu rosto, e logo ele também sorri.

Leon estaciona o carro na garagem e me olha.

— Não saia ainda. — Ele diz, com um belo sorriso.

Eu balanço a cabeça em sinal de sim. Leon sai do carro, fazendo uma breve volta ao redor dele. Então, abre a porta para eu sair.

— Ainda preciso me acostumar com isso... — eu admito.

Ele se lembra do dia em que Mores fez o mesmo. *Maldição*, ele pensa. Nós ficamos parados, nos encarando. Sinceramente, eu queria saber o que Leon estava tramando. Queria ser meu amigo? Estava com pena? A forma como estava me tratando desde o dia em que amanheci em seu quarto era muito confusa.

Talvez ele apenas estivesse fazendo o papel que minha tia tinha afirmado: "Ele será como um irmão".

Leon continua sorrindo para mim. E naquele momento, aquele olhar já não me passava medo algum, mas sim... curiosidade. Eu devolvo o sorriso.

— Devia sorrir mais... — Ele comenta.

— Não sorrimos quando queremos... — Eu retruco, desviando o olhar para o chão.

Ele levanta meu queixo, fazendo-me voltar a olhá-lo.

— Sorrimos por felicidade, deboche e... nervosismo. — Ele faz uma pausa. — Me indaga não saber qual desses...

Eu me movo, fazendo-o soltar meu queixo.

— Vou me arrumar... Tenho que tomar banho ainda. — Eu digo, nervosa. — Depois nos vemos... — E corro para dentro de casa.

Leon permanece parado diante do carro, se perguntando o que se passa naquela cabecinha.

Ao chegar no meu quarto, tranco a porta como se alguém estivesse me seguindo.

— Céus... O que deu em mim agora? — Eu me pergunto, sem entender por que meu coração parece estar quase saindo pela boca.

Um número desconhecido brilha na tela, pulsando como um sinal de alerta.

— Alô? — Sofy fala, sua voz tremendo.

— Oi, filhinha — a voz grave de seu pai ecoa, carregada de uma frieza assustadora. — Pelo visto você está obedecendo ao papai... O Falcão me disse que você está tendo aulas de dança. Sua mãe vai ficar tão feliz que não irá morrer tão jovem... Até mais tarde! — Ele ri, um riso nojento que reverbera na mente de Sofy como um eco sinistro.

— Onde está ela? — Sofy grita, a adrenalina subindo. — Me deixe falar com ela!

A ligação se encerra abruptamente, deixando um silêncio ensurdecedor no ar.

— Maldito! — Ela esbraveja, levando o celular até a boca como se pudesse gritar mais alto do que a dor em seu coração. — O que farei?

As lágrimas escorrem pelo seu rosto, quentes e pesadas. A preocupação a consome; o sábado se aproxima e as aulas de dança não evoluem. E se sua mãe não conseguisse o emprego? O pensamento a atormenta, como uma sombra que não a abandona. Desde a ligação, ela está jogada na cama, presa em uma espiral de desespero e incerteza.

De repente, alguém bate em sua porta. O som é firme, mas há uma tensão no ar.

— Quem é? — Sofy pergunta, tentando esconder o tremor na voz.

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