Anjo Raziel

Capítulo 4

"Raziel eu te amo, mas meu amor por Levi não pode ser contado."

Por que mesmo depois de anos essa frase ainda me atormenta?

Tudo o que eu quero é esquecer Victoria e seguir com minha vida, infelizmente isso tem parecido impossível, já que ela está na cidade e ainda vai permanecer aqui por um bom tempo.

Agora entendo o motivo pelo qual era proibido se apaixonar na época em que Lúcifer foi expulso.

- Tá acordado? - Alicia abre a porta do quarto.

Sim, hoje eu dormi na casa do tio dela e já está de tarde.

- O que quer? - Fico de pé colocando minha camiseta e jaqueta.

Percebo que isso a deixa desconcertada, seus olhos passam pelo meu corpo observando cada detalhe. Depois de alguns segundos ela balança a cabeça saindo do transe que causei apenas vestindo minha roupa.

- É só que meus pais queriam se despedir, houveram alguns imprevistos e eles terão que ir embora hoje. - Explica.

- E você? - Aponto para a mesma.

- Me deixaram ficar. - Da pulinhos de alegria. - Agora vem. - Vai me empurrando até a porta da saída onde eles estão esperando.

Lá estão os dois com alguns pertences nas mãos se despedindo de Sofia e Alec. A filha vai até os mesmos.

- Vai ficar bem sem a gente? - Levi a abraça.

- Vou sim. - Sorri satisfeita por ter um pouco de liberdade agora que não tem os pais por perto.

Eu me aproximo devagar esperando um convite para a despedida.

- Vem logo Raziel. - Victoria abre os braços para um abraço amigável. - Cuida bem da minha menina.

- Pode deixar. - Falo e Alicia revira os olhos divertida.

Me despeço de Levi também e logo em seguida vão embora.

Bom... sobre meus pensamentos de mais cedo, acho que agora será mais fácil de desapegar da vampira que eu amo e seguir em frente.

Rapidamente vou até o quarto para pegar a chave do meu carro e ir embora.

- Ei, aonde vai? - A garota vem atrás se mim.

- Estou saindo. - Mostro a chave.

- Não podemos sair? - Insiste em me seguir.

- Quer sair todos os dias agora? - Entro no carro. - Peça seus tios para te levarem. - Digo sem a intenção de ser mal educado.

- Por favor Raziel, eu me sinto melhor quando estou com você. - Implora.

Penso um pouco e abro a porta do passageiro para ela entrar.

- Quer ir aonde? - Deixo Alicia escolher.

- Tem alguma festa rolando agora? - Pergunta feliz em sair.

- São três horas da tarde. - Tento lembrar de alguém que faria uma festa a essa hora. - Se bem que eu conheço um anjo caído que adora festinhas a qualquer hora, ou melhor, uma. - Dou a ideia e ela concorda. - Mas já vou avisando, a nossa anfitriã é meio apegada comigo e não é muito legal com a maioria das pessoas. - Ligo o carro e arranco. - Sem contar que sua mãe não gosta muito dela.

Quem é? Lilith, a seguidora de Lúcifer que ainda gosta de mim. Conheço seu lugar preferido para suas festas... a casa que Victoria ficava no meio da floresta.

Nem precisamos entrar no lugar pra ver que está cheio, mesmo aqui fora tem muita gente bebendo e dançando. Eu ficaria surpreso em ver um evento assim cheio a essa hora se não fosse da Lilith.

- Raziel? - Ouço uma voz feminina. - O que um anjo faz por aqui?

- Oi pra você também anjinha. - Me viro. - Estou afim de me divertir um pouco com minha amiga.

- Então vieram ao lugar certo. - Sorri. - Fiquem a vontade. - Começa a andar mas para. - Ah e eu sei quem é sua mãe, então desde que ela fique longe não teremos problemas. - Fala com Alicia que apenas escuta e balança a cabeça concordando.

Pego dois copos de bebida e entrego um para minha acompanhante, depois nos sentamos um pouco mais longe dos outros para conversarmos mais a vontade.

- É tão bom ter um pouco de liberdade. - Alicia fecha os olhos e respira fundo com um sorriso no rosto.

Eu nada respondo, então ela tenta conversar sobre outra coisa.

- Onde estão suas asas? - Pergunta apontando para minhas costas. - Só vejo você andar a pé ou de carro.

É sério? Tinha que falar sobre isso?

- Não tenho como usá-las mais. - Fico sério.

- Mas você não gosta? - Ergue a sobrancelha curiosa.

- Eu amo voar. - Sorrio fracamente. - Infelizmente meu pai tomou minhas asas depois que decidi ficar na cidade. - Me sinto chateado. - Ainda ajudo os humanos, porém tenho que fazer isso do chão.

Nunca contei isso para ninguém.

- Eu sinto muito. - Me abraça para consolar.

Nos soltamos e agora estamos mais próximos que antes. Ela vem se aproximando e por um momento eu me deixo envolver, no entanto lembro de Victoria e me afasto.

Ao longe vejo Lilith olhando para Alicia com o que parece ser inveja ou ciúmes.

- Me desculpe. - A garota sorri sem graça.

- Está tudo bem. - Dou de ombros.

Sinceramente? Eu não sei o que deu em mim, não sei porque me deixei envolver a ponto de quase beijá-la.