Capítulo 5

147 17 10
                                    

Depois do que aconteceu na festa da floresta eu evitei a Alicia por quase uma semana, mas sei que uma hora ou outra irei encontrá-la ou ela irá me encontrar.

Sobre as minhas asas... neste momento estou na frente do espelho com a camiseta levantada olhando as marcas que ficaram quando as perdi. Tenho evitado este assunto a tanto tempo e agora a dor de ver algo sendo tomado de mim veio à tona outra vez. Em uma explosão de sentimentos ruins acabo quebrando o espelho inteiro. Preciso sair para aliviar essa tristeza e raiva.

Andando sem rumo chego no parque, ao longe vejo alguém conhecido e me aproximo.

- Oi Alicia. - Tento mostrar meu melhor sorriso.

Por que ela tem uma mochila nas costas?

Por que ela tem uma mochila nas costas?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Olá. - Me analisa. - Parece triste.

- Não é nada. - Respiro fundo para evitar explodir outra vez.

- Conta pra mim. - Senta-se num banco próximo para ouvir. - É sobre minha mãe?

- Na verdade não. - Espero criar coragem para contar. - Sinto falta das minhas asas. - Abaixo a cabeça triste. - Não me sinto completo sem elas.

- Eu queria dizer que entendo como se sente mas não tenho asas como meus pais ou você. - Morde o lábio inferior tentando achar um modo de explicar.

Tenho que admitir, fazer isso a deixa mais linda ainda.

- Meu pai é chamado de demônio, porém já deve saber que ele é parte anjo como meu avô e minha mãe tem o sangue deles. - Enquanto fala, presto total atenção. - Já eu... nasci com a parte vampira mais desenvolvida, não pude experimentar a sensação de voar. - Não demonstra estar abalada. - Vai conseguir passar por isso, quem sabe até conseguir tê-las novamente. - Sorri.

No dia em que a conheci eu me perguntei o que ela tinha de tão especial. Agora eu sei, mesmo tendo total atenção dos pais essa garota não se tornou uma pessoa mimada ou chata. Alicia é boa e compreensiva, tenho sorte de a ter conhecido.

- Obrigado por estar aqui. - Mesmo um pouco sem graça eu abraço ela.

Faz muito tempo desde que eu me abri com outra pessoa. Ter alguém para conversar sobre os problemas é um alívio grande.

- Eu tenho que ir. - Diz mesmo querendo ficar. - Consegui uma vaga na faculdade daqui e quero aproveitar a oportunidade. - Explica animada.

Agora entendi a mochila nas costas.

- Isso é ótimo. - Fico feliz por ela. - Então não vou te segurar aqui, vá lá e aproveite. - Acenamos um para o outro.

Novamente estou sozinho, ou pelo menos eu acho...

- Parece apegado a essa garota. - Vejo alguém encostado na árvore perto de mim.

- Não te devo satisfações Miguel. - Tento espantá-lo para longe.

- Ela tem o sangue sujo Raziel, tem que entender. - Insiste. - Sabe o que o pai acha disso.

- Eu não estou nem aí para o que ele pensa. - Aumento a voz. - Papai arrancou de mim o que eu mais amava. - Suspiro triste novamente.

- Você pode tê-las de volta irmão, basta...

- Não vou voltar! - Interrompo-o de forma agressiva. - Diga ao nosso velho que se quer me ver sofrendo, está pegando muito leve. - Meu tom é de total frieza. - Não vão conseguir me levar de volta nunca.

- Pensei que sentisse falta das suas asas. - Cruza os braços.

- E eu sinto, porém não é motivo o suficiente para que eu desista de ficar aqui. - Saio andando sem deixar ele falar mais.

Eu não sei mais o que devo fazer. Vou continuar sendo "torturado" se permanecer e se voltar não estarei feliz.

Acho que preciso se companhia neste momento. Recorro ao meu amigo de longa data que sempre ajuda quando pode. Vou até sua casa e bato na porta, em questão de segundos ela é aberta.

- Raziel? Não esperava te ver aqui. - Fica surpreso mas logo coloca um sorriso no rosto. - Entra aí. - Abre espaço.

- Acho que preciso de um amigo agora Alec. - Entro e ando vagarosamente até a sala me sentando no sofá.

- Aconteceu algo? - Se preocupa. - Belial te incomodou de novo?

Balanço a cabeça negativamente.

- O pai me quer de volta de qualquer jeito, não sei o que fazer. - O olho como se pedisse um conselho.

- Se não quer voltar então fique, não acredito que ele iria te torturar por isso. - Da de ombros.

- Você está muito enganado. - Sorrio tristemente.

Retiro minha camisa e o deixo ver minhas costas.

- Ele não fez isso... - Fala desacreditado. - Temos que dar um jeito de recuperá-las.

- Obrigado por querer ajudar mas essa briga não é sua Alec. - Dou um tapinha amigável no seu ombro.

- Se tiver qualquer coisa que eu possa fazer eu farei, te consideramos da família e ninguém mexe com os nossos familiares. - Diz determinado e eu concordo.

Conversamos até Sofia chegar com Alicia e eles me chamam para jantar ali, porém comida de vampiro não é pra mim, então recuso educadamente dizendo que outro dia eu volto e vou para casa.

Anjo Raziel Onde histórias criam vida. Descubra agora