Capítulo 29

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Raziel

Levantei bem cedo para ir ao museu garantir que a espada ainda está lá e deixei Alicia dormindo em casa.

Já deu para perceber que gostamos bastante de espadas, não deu? Mas essa não é como as outras, nem as armas angelicais comuns chegam perto do que esta é e do que pode fazer. A arma possui um brilho azul único, é claro que não deixamos visível para os humanos, ela só se ilumina se chegar perto do único que pode usá-la, eu. Seu corte é tão potente que apenas com um toque, a pessoa poderia ganhar um ferimento grave.

É claro que não está à vista para todos, ela fica guardada na sala vip do museu, onde apenas pessoas importantes, doadores de objetos ou que pagam um alto valor podem entrar.

Ando pelo local e paro em frente à porta da tal sala que está fechada.

- Desculpe senhor, não pode entrar aí. - Um guarda surge. - É um lugar vip.

- Eu sou da família de um doador. - Respondo calmamente. - Se quiser conferir, meu nome é Raziel.

O objeto está aqui desde que o museu abriu e isso faz muitos anos, se eu dissesse que fui eu quem trouxe, não iriam acreditar.

O homem pega um caderno do bolso e folheia algumas páginas, até encontrar algo.

- É verdade, o senhor herdou o primeiro objeto posto aqui. - Abre a sala. - Venha, deve querer ver a espada.

Andamos até ficarmos poucos metros da arma e já posso sentir seu poder despertando, então paro para que não se ilumine. Meu gesto deixa o guarda confuso.

- Não vai querer se aproximar?

- Não é necessário, daqui posso vê-la por inteiro.

Uso como desculpa o que uma pessoa entendedora da arte diria.

- Então tem os olhos de um apreciador da arte. - Elogia.

- Eu diria que sim.

Apenas milhares de anos de experiência...

- Sem querer me intrometer, mas esse objeto está aqui faz tempo e nenhum dono veio procurar por ele. Posso saber o por que de só aparecer agora?

É claro que perguntaria isso.

- Para garantir que ainda estaria aqui.

Observo a espada atentamente.

- Não planeja tirá-la daqui, ou planeja?

Apenas saio da sala e ele me acompanha esperando uma resposta.

- Obrigado por me mostrá-la e tenha um bom dia.

Saio deixando-o ainda em dúvida com a pergunta não respondida.

Eu não planejo pegá-la, tenho um plano em mente e preciso que a arma continue aqui para que dê certo.
Agora aguardaremos o próximo passo da bruxa.

- Raziel?

Vejo Lilith sentada em frente à minha casa quando chego.

Vejo Lilith sentada em frente à minha casa quando chego

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- Olá Lilith. - Aceno.

- Olha, eu sei que foi confuso da última vez que nos vimos porque você lembrava de nada, porém preciso te fazer lembrar. - Fala em disparada. - Espera, você disse meu nome? - Franze a testa. - Se lembra de algo?

- Sim, de tudo. - A deixo boquiaberta.

- E já sabe que a Feiticeira está de volta?

- Acredito que eu tenha sido o primeiro a encontrá-la cara a cara. - Digo. - Eu ainda não havia recuperado minha memória, então a bruxa se aproveitou disso vindo até minha casa pedindo para que me juntasse a ela num plano de fazer desse mundo um lugar melhor.

- Como ela planeja executar esse plano maluco?

- Não tenho certeza, só sei que pessoas inocentes morrerão se eu não detê-la.

É ruim dizer isso, mas é o que vai acontecer.

- E você vai conseguir derrotá-la novamente não vai?

- Eu não sei... - Suspiro. - Ela está diferente dessa vez, parece mais forte e preparada.

É o que acontece quando se deixa uma bruxa presa por milhares de anos esperando uma chance de voltar e não falhar novamente.

- Razi, eu só espero que possa mesmo me perdoar por ter ficado do lado do Miguel. - Suas mãos estão tremendo. - Eu não sou mais um anjo forte e imortal, não quero morrer sem conseguir seu perdão.

Lilith ainda é um anjo caído, porém não é tão imortal como eu por exemplo. A Feiticeira poderia sim matá-la se quisesse.

- Está tudo bem, já te perdoei. - A tranquilizo. - E você não vai morrer, ok? Vai viver e dar as festas que tanto gosta, vai aproveitar ao máximo e quem sabe até encontrar alguém que te ame e saiba lhe dar valor.

A faço sorrir mesmo com lágrimas brotando no canto de seus olhos.

- Eu prometo que dessa vez vou estar ao lado de vocês desde o início.

- Fico feliz em saber.

- Não vou ocupar mais do seu tempo, até logo Razi.

Ela se levanta e vai embora.

Entro e encontro Ali já de pé. Chego perto e a abraço por trás beijando seu pescoço.

- Bom dia meu amor. - Sussurro em seu ouvido fazendo-a arrepiar.

- Bom dia. - Se vira e me beija. - Eu não pude deixar de ouvir sua conversa com a Lilith. - Sorri. - Estou orgulhosa.

Ouví-la dizer isso me alegra.

- Agora, pode me contar onde estava?

- Fui ao museu.

Nem preciso continuar, ela já faz uma ideia do que fui fazer lá.

- Entendi.

Algo se passa pela minha mente de repente.

- Ali, tenho que pedir para que se esconda com seus tios quando a luta contra a Feiticeira começar.

- Sabe que eu nunca deixaria você ir sem mim.

- Por favor. - Peço sério. - Vocês não tem suas habilidades enquanto ela estiver aqui, pedir para vocês lutarem seria pedir para que morressem.

- Tá bom. - Desiste. - Mas prometa que não vai fazer nada arriscado demais.

- Sim. - Beijo sua testa.

É claro que não há um jeito não arriscado de derrotar a Feiticeira, porém pensar em como Ali vai se sentir se souber disso me deixa péssimo. Quanto menos ela souber, melhor.

Felizmente tenho um plano em mente, agora é torcer para funcionar. Talvez assim eu não precise me arriscar tanto, mas se tiver, farei de tudo para deixá-la segura. Alicia é meu mundo e não quero que nada de ruim aconteça a ela.

Seus tios ainda não sabem sobre eu ter recuperado minha memória, é melhor dizer logo e explicar toda a situação.

Acredito ter apenas alguns dias antes do ataque. A Feiticeira está acumulando poder para vir com força total. É melhor eu também estar preparado quando acontecer.

Anjo Raziel Onde histórias criam vida. Descubra agora