Capítulo 8

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Não consigo dormir, portanto agora está de madrugada e eu estou perambulando pelas ruas sem um rumo.

- Gostou da minha atuação irmãozinho? - Miguel vem até mim rindo.

- Se quer me fazer sofrer, que seja... mas deixe a Alicia fora disso. - Fecho minhas mãos em punhos.

- Não vai rolar Razi. - Debocha. - E não é só isso, quer dizer... você já provou do beijo daquela garota?

Fique calmo Raziel, esse idiota só está tentando te provocar.

- E tem mais... - Chega perto do meu ouvido e sussurra. - Você não sabe o que rola quando estamos sozinhos em uma sala na faculdade.

Essa foi a gota d'água! Sem aguentar mais suas provocações, eu soco seu rosto o fazendo cambalear.

- Vejo que ainda lhe resta alguma força. - Ri limpando o sangue da boca.

Estou prestes a dar outro soco, porém ele segura minha mão e dessa vez sou eu quem apanha feio. Não é muito legal ter a força de um humano quando se luta com outro anjo. Tento me levantar e levo mais alguns chutes. No final, acabo todo machucado, com a roupa rasgada e manchada com o sangue, quase incapaz de ficar em pé.

- Você não é nada irmão. - Me deixa jogado no chão e se vai.

Não posso ficar aqui, tenho que procurar ajuda e agora. Sem querer ir até a casa do Alec por causa da Alicia, sigo quase me arrastando até onde a Lilith costuma ficar. Logo na entrada ela me avista.

- O que aconteceu com você? - Vem correndo ao meu encontro e passa meu braço pelos seus ombros para me ajudar a entrar na casa.

- Foi o Miguel. - Falo antes de tudo ao meu redor desaparecer.

...

Estou no local onde já foi meu lar, o paraíso. Minhas roupas estão impecáveis e eu me sinto mais leve que o ar. Ao longe vejo uma figura familiar, então me aproximo para ficar ao seu lado. Está tudo muito tranquilo e aconchegante por aqui.

- Por que não quer voltar meu filho? - Ele não parece bravo. - Por que insiste em ficar num lugar onde há sofrimento quando você pode ter tudo o que deseja aqui?

- Sabe que nunca me senti em casa nesse lugar. - Suspiro. - E dessa vez, acredito ter encontrado o amor em Sin City.

Eu só acho que deveria ter percebido isso mais cedo. Quando nos conhecemos eu senti algo a mais, infelizmente era orgulhoso demais para admitir isso e ainda estava muito apaixonado por Victoria.

- Espero que esteja certo, não gosto de ver meus filhos sofrendo. - Sorri carinhosamente. - Se desejas mesmo ficar lá, então não irei mais impedir. - Me abraça. - Se cuide e lembre-se, você não é uma pessoa comum, é um anjo, filho do Criador. - Fala e eu balanço a cabeça mostrando que entendi.

Aos poucos vou acordando e quando abro os olhos, lá está Lilith ao meu lado.

- Até que enfim acordou anjinho. - Respira fundo aliviada. - Você me assustou.

Tento me levantar e ela me impede.

- Está todo machucado, tem que ficar quieto por um tempo. - Aponta para os roxos em meu corpo que em questão de segundos somem. - Como você...

- Estive do outro lado e conversei com o papai. - A interrompo. - O convenci a me deixar ficar.

- E suas asas? - Coloca a mão nas minhas costas para ver se estão ali. - Lamento Raziel, não tem nada.

Por mais que eu tento parecer indiferente com isso, aquela sensação de ter perdido o meu bem mais precioso ainda está ali.

- Tudo bem. - Finalmente consigo ficar de pé. - Obrigado por cuidar de mim, agora preciso de ir. - Aceno e ela apenas fica parada e confusa no mesmo lugar.

É melhor eu dar uma olhada no que Miguel e Alicia estão aprontando agora. Sigo até a faculdade em que os dois estão e me misturo entre os alunos. Não demora muito para encontrá-los mais afastados dos outros conversando.

 Não demora muito para encontrá-los mais afastados dos outros conversando

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Meu irmão ainda não deve saber sobre meu pai permitir que eu fique, por isso está aqui com ela

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Meu irmão ainda não deve saber sobre meu pai permitir que eu fique, por isso está aqui com ela.
Sinceramente, não sei o que fazer nessa situação de agora. Acho que devo esperar até que Miguel esteja longe dela para termos uma conversa.

Mais alguns minutos esperando e Alicia finalmente sai de perto. Aproveito o momento para ir até o anjo.

- Não sei se sabe, mas o pai não está mais atrás de mim para voltar. - Falo sem olhá-lo.

- Isso não é mais por causa dele. - Ri irônico. - É mais uma vingança pessoal por você ser sempre o preferido e mesmo assim não se importar com isso. - Diz zangado.

- Então é isso? - Arqueio a sobrancelha surpreso. - Inveja?

- Chame do que quiser. - Sai esbarrando com força no meu ombro.

Não acredito no quanto ele pode ser infantil.

Anjo Raziel Onde histórias criam vida. Descubra agora