Capítulo 18

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Na floresta...

Alicia está amarrada em uma cadeira com cordas cheias de erva para vampiro. Sim, ela é uma mestiça e isso não pode afetá-la como afeta os vampiros puros, mas ainda pode segurá-la e enfraquecê-la.

- Se sente confortável?

Miguel se aproxima.

- Claro! - Diz irônica. - Nesse tempo em que estive amarrada aqui, pude imaginar várias vezes como eu mataria você vagarosamente.

- Isso é senso de humor? - Pergunta adorando a situação. - Ah e achei que já tivesse entendido que não se pode matar um anjo, e mesmo que conseguisse, eu só teria um lugar para ir mesmo.

- Não importa, Raziel vai vir me buscar, e junto com eles virão meus pais que são rei e rainha do submundo e meus tios que são vampiros experientes.

- E é isso que eu espero.

Não há sinais de preocupação em Miguel. Ele já conta com a vitória mesmo antes de ter vencido.

- Eles não conseguirão nos derrotar. O único que poderia ajudar está muito longe daqui e já perdeu sua alma a muito tempo quando aquela que amava foi tirada dele.

Lilith aparece para ficar de olho na garota e Miguel vai fazer uma pausa.

- Você! Raziel confiava em ti!

Alicia faz força para se levantar e ir até a caída para lhe dar uma lição, porém, o que consegue é apenas sentir dor com as cordas queimando sua pele.

- Fazer isso só vai piorar as coisas pra você.

- Você não tem vergonha?! Traiu um dos únicos que ainda confiava em ti e também que você diz amar.

De certa forma, o comentário de Ali faz Lilith se sentir culpada e talvez até arrependida.
Mas o que fazer? Ela já não tem a confiança daquele que ama e provavelmente nem vai conseguí-la de volta.

- Eu tenho pensado bastante nisso, entretanto não adiantaria mudar de lado agora, Raziel nunca me iria me perdoar.

- Não se trata de perdão, mas sim, de fazer o que é certo.

Lilith está prestes a responder até que Azazyel a chama e ela apenas vai embora.

- Por favor meu amor, seja lá o que for fazer para me salvar, tome cuidado.

Era o que Alicia conseguia falar e pensar.

Casa do Alec

Raziel

- Chegou a hora, temos que encontrar Miguel.

- Mas não sabemos onde. - Alec.

- É claro que ele sabe. - Asmodeus diz debochando. - São irmãos e anjos, sempre sabem onde encontrar um ao outro.

- Na verdade não tenho uma ligação tão forte com ele, quase nunca nos demos bem, entretanto vai servir.

- Parem de enrolar e vamos achar minha filha. - Victoria está impaciente.

Eu, meus amigos, Asmodeus e um grupo de demônios menores, seguimos caminho até onde derrotei meu irmão pela última vez. Chegamos e lá está ele junto com quase todos os anjos caídos. Apenas Lilith não está aqui no momento.

- Asmodeus? Não esperava te ver por aqui.

- Por que tão surpreso, Miguel? Sabe que eu não perderia a chance de acabar com você. - Provoca.

Meu irmão volta a sua atenção para mim.

- Trouxe um bando de demônios? - O anjo ri. - Me surpreende você querer trabalhar com seres tão desprezíveis. Ops, acho que me esqueci que você namora com uma garota que é parte deles.

- Não vou participar dos seus joguinhos. Agora me diga onde ela está.

Ele acena dando permissão para seus "capangas" que saem e voltam dentro de alguns minutos segurando a Ali. Miguel pega a garota pelo braço e a joga na nossa direção. Rapidamente vamos todos ajudá-la.

É claro que nada é tão simples quando se trata do meu irmão. Ele não a entregaria assim.

- Certo, não deve ter tão fácil, então diga o que quer.

- Você declarou guerra contra mim quando me esfaqueou com minha própria espada. Eu quero uma batalha que vai ser contada pelo resto dos tempos, uma batalha de titãs com forças sobrenaturais e divinas. Mas mais que tudo isso, eu quero acabar com a sua felicidade e depois te destruir.

- As trevas te cegaram irmão.

- Pelo contrário, elas abriram ainda mais meus olhos.

Ele não vai desistir. Dou uma última olhada para a minha família e o amor da minha vida.

Espero ter a chance de vê-los outra vez depois que isso acabar...

- Se você quer guerra, é guerra que vai ter.

Digo enquanto ando na sua direção com todos me acompanhando. Miguel e os outros fazem o mesmo até que suas forças se chocam contra as nossas.

Lutamos com tudo o que temos. Apesar de ser difícil, já que as forças sobrenaturais não se comparam com as divinas.

Pai, onde está o senhor agora que precisamos da sua ajuda?

Tudo o que consigo ver ao meu redor são os demônios menores virando poeira quando são atacados e apunhalados, Alicia lutando bravamente ao lado de seus pais e os outros estão fora do meu campo de visão.

Estou tendo de lidar com Semyaza enquanto não acho meu irmão. Um momento de distração e ele me derruba colocando sua lâmina contra o meu pescoço.

- Quais são suas últimas palavras, Raziel?

Antes que eu possa fazer ou dizer qualquer coisa, outra lâmina atravessa o corpo do caído fazendo com que desmorone ao meu lado sem vida. Quando cai, percebo que é Lilith minha salvadora. Prefiro não perguntar o motivo por ela ter mudado de lado, apenas agradecer.

- Obrigado.

- Está meio cedo para agradecer, faça isso quando terminarmos.

Me ajuda a levantar.

- Até que enfim achei você!

São as palavras de Miguel.

- Mal começamos e já sentes a minha falta?

Ele ataca e eu me defendo contra-atacando.

Algo aconteceu, as trevas fizeram mais do que apenas deixá-lo cego de ódio, parece mais forte e mais motivado a acabar comigo.

Alguns dos meus amigos já estão feridos e cansados. Não está fácil.

- Por que não desiste logo irmãozinho? Sabe que todos vão morrer de qualquer jeito.

- Sabe que eu nunca desisto, ainda mais quando a vida das pessoas com quem me importo está em jogo.

- Veja ao seu redor, já estão todos encurralados, sem ter para onde fugir e sem forças para continuar.

Nisso ele tem razão, apenas nós dois ainda lutamos. Os outros estão incapacitados.

O que deve ser feito?

Anjo Raziel Onde histórias criam vida. Descubra agora