5. Beijo curioso

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— Um selinho na minha antiga escola, bem rápido. Só.

— Como "só"?

— Não foi nada demais e com esses dentes, nem sei o que conseguiria. Foi de brincadeira.

— Quem beija de "brincadeira"? Que caralho de brincadeira é essa?

— De que com meus dentes é difícil de beijar? — Tentou usar o humor lembrando dos comentários dos amigos da época. — Ai teve a brincadeira da garrafa.

— ... que porra é essa, cabelo de merda?

— Você gira a garrafa...

— Eu sei como joga essa merda! — O interrompeu e logo em seguida suspirou. — É idiotice, nunca quis participar.

— É, foi bem idiota...

— E quem você beijou?

— Ah? Um... caiu num ômega.

Na verdade tinha caído num único alfa que não era seus dois amigos, foi uma sorte bizarra.

Mas é claro, no momento em que a garrafa apontou para o alfa, só riram e a giraram novamente. Na época se conteve em disfarçar bem seu desapontamento.

O pobre ômega que a garrafa apontou ficou mais vermelho do que o cabelo do Crimson Riot, o herói favorito de Kirishima. Ele estava super nervoso e apesar dos outros estarem incentivando Eijirou a ir com tudo, ele sussurrou ao ômega se tinha certeza. Eles podiam só dar um aperto de mão e estaria tudo bem, mas ele tinha que concordar em ir com o beijo. Movia a cabeça freneticamente em sim.

Para terminar rápido foi um encostar de segundos. Ignorou as reclamações. Os amigos alfas ainda diziam depois como ele tinha sido "legal", por estar tão mais relaxado diferente deles, como teve uma postura "cool".

Só que Eijirou Kirishima sabia que não era só pose, era sua simples falta de interesse. Se arrependeu de ter se deixado a ser convencido, tinha que parar de ir com a maré.

Não só queria coisas maiores do que um emprego mediado que seus amigos diziam com uma vida pacata, queria fazer mais pelas pessoas e por si mesmo.

Seria um passo de cada vez, ao menos estava caminhando.

E se o caminho o levou a estar com o rosto entre as mãos de Bakugou no dormitório da UA, não via motivo de reclamar. Era mais um sucesso.

— O que tem a ver seus dentes, cabelo de merda? É só... — não falou mais.

Foi abrupto.

Rápido se aproximou, parou extremamente perto. Kirishima fechou seus olhos e mesmo assim se sentiu pego de surpresa. Tremia tenso, nervoso, com só os lábios dele tornando os seus. Abriu a boca, nervoso e como Bakugou novamente o puxou sem aviso, os dentes rasparam seus lábios abrindo um pequeno corte que sangrava.

Assustados se afastaram.

Os dois cobriram as próprias bocas com as mãos para conter o sangramento que já escorria em ambos os queixos.

Kirishima podia sentir o gosto metálico do sangue de Bakugou em sua boca, nos seus lábios, em seu dentes. Não queria que fosse assim, porém já estava considerando como seu real primeiro beijo, mesmo sendo desastroso. Era o beijo com quem queria e no momento que queria, não exatamente na forma que sonhava, mas ao menos era real. Foi desajeitado e aquele corte só fez os dois perceberem que era uma realidade bem palpável.

Como poderia imaginar não ter valido a pena, ou ser algo ruim, quando teve a chance de beijá-lo e ver ele corando daquela maneira? A pele de Bakugou por ser até mais clara que a sua não escondia nada sua vermelhidão no rosto, nas orelhas e nos ombros expostos pela regata preta (ele tinha diversas iguais a aquela).

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