18. A possibilidade é real

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Misaki apertou os punhos apoiados na mureta.

Preferiria que o assunto tivesse morrido, pudesse voltar ao seu crochê depois de se acalmar e esquecer as "brincadeiras" da esposa cheias de insinuações.

— Como assim?

— Se fosse o amigo loirinho, o que diferente de Katsuki-kun, não vemos tanto, ou a Ashido, você teria dúvida sobre o que eu disse? Ashido, inclusive, era da outra escola dele, eles se conhecem por anos e ele não os vejo juntos com a frequência que vejo Eijirou com seu amigo. Eu dúvido que Eijirou saberia as medidas dela, eu nem me lembro dele comprar alguma coisa para Ashido.

— Ele deve ter comprado sim — Misaki respondeu firme. — Todo dia 14 de março é white days, eles eram da mesma turma antes no fundamental, chocolate entre os colegas deve ter acontecido. Não é? — Sua pergunta parecia mais um pedido de ajuda, esperando ouvir um "sim".

— Porque ele é um alfa, mas ela é beta, não é uma certeza que ela daria chocolate no dia dos namorados ou no dia branco. Ômegas que recebem chocolate no white days, betas nunca se sabe. Mas isso importa? É tão irrelevante, não chega perto de um terno feito sob medida. Passar finais de semanas inteiros juntos.

— Só estou dizendo, pela razão do dia dos namorados ser algo feito para cortejar acima de tudo. Entretanto, no geral, as crianças se dão chocolate por educação e amizade, e nós damos a colegas de trabalho também, não tem nada demais. É o que quero dizer, às vezes pode ser por educação e não ter nada demais. Assim como o que Eijirou tenha presentes para um amigo que lhe chamou para um evento. E é um evento importante para carreira dele! Não é qualquer coisa. E está me dizendo tudo isso por quê?

— Eu não... não sei, só estou pensando. Talvez para corrigir de cedo...

Misaki apertou mais os punhos.

— Não fale essas coisas se for dizer uma besteiras dessas! Não é algo que se corrige ou se evita.

A mãe alfa coçou atrás do pescoço.

— Tem razão, me desculpe. Eu só... me preocupo. Ele estaria correndo muito risco sem nem saber, e se eu pensei nisso, vai saber se os "coleguinhas" não já pensam? E para ser um herói, passando na televisão o tempo todo... daqui a alguns anos ele vai estar nas revistas, e sabe como elas podem ser cruéis nessas de fofoca? Esses paparazzis de heróis?

Rumiko teve que parar de desabafar suas preocupações, ao sentir os feromônios de suas esposa sinalizando o nervosismo, o quão assustada ela estava, ainda mais tendo ali sua companheira, porto seguro, tão agitada quanto.

Rápida, se prontificou a pega-lá seus braços, quando as pernas dela fraquejaram.

Ela respirava com dificuldade. Rumiko emanou feromônios para a tranquilizar.

— Me desculpe, Misaki. Te assustei sem necessidade e era exatamente o que eu queria evitar.

— Não, tudo bem... tem razão... — Segurou firme a mão de sua esposa.

Rumiko era uma mulher alta de musculatura definida, porém seus olhos eram grandes e gentis, puxados delicadamente, possuíam a cor vermelha radiante. Era feliz por Eijirou ter puxado principalmente eles dela.

— Quando antes se pensar na possibilidade, melhor. — Completou Misaki.

Mães, pais, os guardiões, se preparam para seu filhote seguir os planos. Não os próprios, mas os planos de seus responsáveis. Os dos demais, o esperado por todos. Menos os deles.

O passo de compreender que o filhote é mais de que um reflexo de seus progenitores, passar a vê-los como indivíduo, era difícil, porém, necessário. Só não sabia o que fazer.

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