Oito; entre toalhas.

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PEGA FOGO CABARÉEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

. . . 

Talvez seja de difícil compreensão entender como eu cheguei no ponto em que estava – com bochechas vermelhas como um pimentão, um folego falho e sem conseguir me mover – até porque tampouco eu consigo explicar.

A chegada no apartamento de Adrien tinha sido rápida. Ele pediu que eu ficasse a vontade, falou que poderia ir no banheiro caso precisasse e me deu as instruções. Resolvi ficar na sala, enquanto ele desapareceu pelas escadas para o andar superior. Sim, Adrien Agreste vivia em uma cobertura de dois andares em um alto prédio de Paris, no bairro do dito alto-escalão. Me corroí em vontade de ir para a varanda, observar a piscina convidativa e descobrir mais sobre aquela residência (que devido ao meu estado financeiro do momento) ficaria apenas em sonho.

Porém, fui atrapalhada pela súbita vontade de fazer xixi. Não era enorme, mas ligeiramente incomoda. Resolvi ir ao banheiro, seguindo as instruções anteriores que ele me dera. Subi as escadas, caminhei pelo corredor, mas parei – e ainda me encontro parada.

Porque meus olhos não conseguem desfocar de nada que não seja Adrien.

Ele está no quarto, a porta aberta revela-o com a camiseta branca já fora de seu corpo. Parece procurar uma camiseta no guarda-roupas enorme, e eu tenho uma visão privilegiada de seu corpo seminu, apenas usando a calça e o par de sapatos. Meu rosto está quente, com certeza subiu tons de vermelho. Estou envergonhada por observá-lo, ao mesmo tempo que minha maior vergonha é não querer me distanciar e perder o show.

Todavia, sei que em um momento serei pega.

Isso acontece no momento que me movo, sim, dou um passo para me afastar e ele gira o rosto, já com uma camiseta em mãos. Tenho uma visão de frente de seu corpo, pisco, acuada. Meu coração acelera-se.

— Marinette?

Euestavaindaobanheiro! — Digo de uma só vez, atropelando palavras. Porra! Pareço uma adolescente desesperada.

— Hã... — Ele ri, um tanto nervoso. — Não... não entendi...

— Eu estava indo ao banheiro, mas... mas... — Respiro fundo, impedindo-me de dizer algo fora do normal. — Me perdi.

Adrien sorri, compadecido. Se aproxima, parecendo não perceber que está desprovido da camiseta.

— Pode usar o do quarto. — Ele dá de ombros. — Vou te esperar na sala, tudo bem?

Anuo, sorrindo ainda envergonhada. Ando até o quarto. Sou surpreendida pela amplitude do local quando piso ali: era enorme, creio que um tanto maior que a sala do meu apartamento. Olho ao redor.

Meu olhar se recai na cama. Mordo o lábio inferior.

— Uma cama tão grande para alguém que vive sozinho... se é que ele vive sozinho... — O pensamento me faz fazer uma careta. É óbvio que Adrien não deve passar a maior parte das noites sozinho.

Mas não é um assunto que me interesse, então vou direto para o banheiro. Saio de lá poucos minutos depois, após lavar as mãos e secá-las na toalha branca. Saio dali de modo rápido, um pouco animada para voltar ao trabalho. O dia havia saído totalmente do meu controle.

E não é algo que eu goste ter coisas fora do controle.

Porem, minha vida parecia totalmente fora do controle nos últimos dias.

Retiro meu casaco enquanto desço as escadas. Me sinto quente, mas logo lembro-me da blusa. Não está mais transparente, ou grudada, porém, a bela mancha escura ainda está ali. Aquilo me faz bufar, todavia, não chama a atenção de Adrien, que me espera relaxado no sofá.

— Obrigada, senhor Agreste.

— Adrien, Marinette. — Ele se levanta e vem até mim. Sorri. Tamanho charme ele tem, em sua presença, perco totalmente a noção e esqueço-me de Chat Noir. Também esqueço que Adrien tem uma soulmate. — Somente Adrien.

— Desculpe, sen... — Quase caio no erro, me sinto um tanto desengonçada e sorrio. — Adrien.

— Bom, quer passar em sua casa para trocar a blusa antes de voltarmos?

Nego. Só quero ir para o trabalho e encerrar esse dia.

[...]

Aqui quem fala é Nadja Chamack, ao vivo do Trocadero para vocês! Chat Noir está, novamente, atacando a cidade. Nossos heróis estão tendo um momento difícil no combate, parece que...

Desligo. Não sinto vontade de ver o jornal. Não gosto de ver toda a briga entre os heróis, porque já fui uma e não gosto de ver o que Chat realmente é.

Nunca chegamos a trabalhar juntos. Chat Noir não existia quando Hawk Moth apareceu, todavia, surgiu alguns meses após o desaparecimento do vilão. Eu já não era mais Ladybug, mas Alya me mantinha a par de tudo.

Sempre me pego perguntando o que Fu viu nele para entregar-lhe um Miraculous, assim coo me perguntava porque o loiro tinha traído a confiança do mestre. Porque ele fazia aquilo...

São diversas as questões que me prendem. Tento não pensar muito. Resolvo ser hora para um bom banho. Cheguei há minutos em casa, passei meia hora com meus pais na padaria. Mamãe trouxe para a pauta diversos assuntos irrelevantes que me fizeram rir de nervoso.

Amo-a, ao mesmo tempo que algumas de suas perguntas me deixam de cabelo em pé.

Estou feliz quando sinto a água quente do chuveiro caindo contra meu corpo nu. É o momento que posso relaxar, esquecer do mundo lá fora e pensar somente em mim por um momento. Respiro fundo.

O dia passa como um flash de memorias em minha mente. Por algum motivo, volto duas semanas antes, no fatídico dia do café. Lembrar de Adrien sem camisa me deixa um tanto inebriada. Mordo meu lábio. Não, não me é viável pensar sobre isso.

Não me é viável pensar sobre ele.

Suspiro.

Minutos depois, saio do banho sentindo-me com pensamentos renovados. Me enrolo na toalha, vendo meu celular vibrar sobre a escrivaninha. Vejo a foto de Alya no visor e atendo sem pestanejar, já sabendo que deveria ser algum assunto relacionado a luta.

— Acabei de sair do banho, seja rápida. Quero me trocar.

Alya ri.

Estou indo para a sua casa. No momento, estou comprando uma pizza para comermos. — Sua voz é animada. — Algum sabor em especial?

— Você sabe suficientemente bem minhas preferencias. — Caminho pelo corredor. — Por que a visita repentina?

Faz tempo que não temos um encontro de garotas e...

— AI, CRISTO!

Mari?! Aconteceu algo?!

Não respondo, por um instante. Meu olhar está focado no gatuno encostado na janela. Ele parece tão chocado quanto eu, principalmente pela toalha que se solta em minhas costas, deixando somente a parte frontal do meu corpo coberta. Estou um tanto paralisada.

Marinette?!

— Eu... pode falar, Al... Está tudo bem.

Não, não está nadabem. Acho que vou desmaiar, mas Alya não precisa saber disso. 

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