é gente
não está sendo fácil q. . .
Adrien me olha, e então suspira.
— Porque eu posso.
Sua resposta me desnorteia por um momento. Oi?
— Explique.
Ele rola os olhos, afastando-se da mesa.
— Pedi sua transferência porque eu quis e porque eu posso. — Ele se afastou, sentando-se na cadeira de couro.
Ainda estou aérea.
— Então... é isso?
Ele me olha.
— Isso... o que?
— As coisas acontecem como aconteceram ontem, e na manhã seguinte você me exporta para o outro lado da França sem nem uma explicação?
— Eu te devo explicações agora?
Seu tom arrogante me faz ferver em um ódio mortal.
— Você deve tomar no cu.
Saio, irada. Apenas pego minha bolsa. Kagami ainda está ali.
— Ué, não vai cumprir o resto do dia, querida?
Olho-a de relance, ela mante os braços cruzados. Seu sorriso é a mais pura ironia do mundo, e sinto vontade de gritar, todavia, ela não tem nada a ver com isso.
— Desconte do meu salário.
— Com certeza eu irei, querida.
Me seguro para não a xingar, e continuo andando. Busco meu celular na bolsa enquanto isso.
Preciso sair dali, antes que um surto me faça voltar naquela sala e fazer Adrien engolir aquela maldita carta!
[...]
— Ele... ele te transferiu? Sem mais nem menos?
Alya me pergunta, seus olhos um tanto chocados.
Estamos em um café parisiense. Por sorte, Alya estava livre quando a liguei ao sair da empresa. Ela não demorou para correr ao meu encontro. Dou de ombros, um tanto menos ressentida.
— Basicamente.
Eu não posso dar mais detalhes ou explicar minhas teorias sem dizer demais, é por isso que finjo não estar tão incomodada por isso, mesmo que por dentro eu esteja a beira de uma explosão de ódio.
— Talvez... seja uma oportunidade ouro? Ou... ele vai para lá e te mandou primeiro para que você já se acostume.
— E então vai me pedir e casamento no meio de um evento da Chanel?
Meu tom irônico faz Alya bufar.
— Não precisa ser grossa.
— Não estou sendo grossa, estou te lembrando que não estamos em um livrinho de contos de fadas. — Suspiro. — Eu bem queria estar, mas... não estou, as coisas são diferentes no mundo real. Você sabe disso.
— Então... acha que ele só quis uma noite?
Talvez...
— Não. — Novamente, dou de ombros. Faço uma pausa para beber um gole do meu suco e colocar os pensamentos em ordem. Não poder dizer toda a situação para Alya era horrível, afinal, eu amo seus conselhos. Me sinto mal por esconder algo tão importante dela. — Acho que ele pode ter se arrependido, só isso.
Minto.
Alya me oferece um sorriso amigo, e puxa minha mão. Me diz algumas palavras de consolo, tentando me reconfortar. Repentinamente, uma parte minha deseja jogar toda a merda no ventilador. Contar tudo, até mesmo sobre Adrien ser Chat Noir. Outra parte apenas quer se esquecer de absolutamente tudo.
Meu celular vibra sobre a mesa, e ambos os nossos olhares recaem sobre o bendito. Vejo o nome de Adrien, Alya me olha.
— O que ele quer?
— Não sei. — Mordisco meu lábio. — Deve ser minha demissão, ou alguma informação sobre a transferência. De qualquer forma... — Recuso a ligação. — Ele que espere. O que acha de fazermos algumas compras?
[...]
Cheguei em casa no fim da tarde. Já são oito da noite. Minhas poucas compras de quem apenas queria bater perna estão largadas sobre o sofá, enquanto eu me sinto um belíssimo saco de batata sobre a cama, já banhada, ao menos.
Minha mente viaja entre ideias, teorias, e motivações que poderiam tê-lo feito tomar tal decisão. Cristo, eu quero gritar com ele! Dizer qualquer coisa que o faça mudar de ideia, ou somente mandá-lo a merda umas quinhentas vezes para suprir meu latente desejo de estraçalhá-lo em dezenas de pedaços.
É, as vezes só queremos poder sair correndo e tirando a roupa para se transformar num lobo ao receber uma noticia ruim, como Jacob em Amanhecer.
Meu celular ficou – e ainda permanecia – desligado. Mandei-o para o fundo da bolsa, de onde não planejo tirar até o fim da noite. Humpf, se Adrien pensa que vai me encontrar de modo fácil ele está enganado! Não quero vê-lo, muito menos... argh! Quero ve-lo, na verdade. Somente para transformar em pedaços sua carinha bonita que eu – em certos momentos – quis entre minhas pernas na noite passada!
Batidas na janela destoam minha atenção. Sei quem é, e quero manter a janela fechada, porém, isso o daria um fodido gosto de quem mexeu comigo. Me levanto, e como a bela filha da puta que sou, levanto somente as persianas.
Chat Noir me encara e murmura algo que não entendo. Mantenho meus braços cruzados, minha melhor careta e uma expressão de quem fingia entender tudo.
E ele rola os olhos ao perceber que estou fingindo. Salto quando ele – literalmente – estoura o vidro da janela.
— Você é louco?!
— Eu preciso falar com você!
— Então agora você precisa? Ah, me poupe!
— Marinette!
Ele me grita quando dou as costas e saio andando. Ouço seus passos, sei que entrou no meu quarto. Pego meu perfume.
— Um passo pretencioso e juro que espirro metade do frasco no teu olho!
Giro o corpo, ele bufa.
— Podemos conversar como pessoas civilizadas?
— Você foi um estupido comigo no começo do dia e agora quer falar de civilidade? Por favor, bata na sua cara antes que eu bata!
Chat cruza os braços, emburrado.
— Você entrou na minha sala de um modo inadmissível para uma funcionária, esquecendo que o prédio possui câmeras, principalmente na minha sala.
— E você foi um estupido, arrogante, boçal e cretino comigo sem necessidade, depois de me dar uma noite de sexo que me deixou insatisfeita!
— Eu te tratei como chefe, ou você queria que eu abaixasse a cabeça e dissesse que meu primo doido te acha uma ameaça, sabendo que ele verificaria nas câmeras?
Pera que?!
Adrien e eu nos encaramos por minutos, ambos estupefatos, até que acabamos sendo atingidos pelas nossas próprias palavras.
— Eu te deixei insatisfeita?
— Félix é o copycat?!
— O que porra você está fazendo aqui?!
Nossas atenções vão direto para a janela, onde meu campo de visão é tomado por uma Rena Rouge insatisfeita, que me parece prestes a atacar Chat Noir, porém, era segurada por um Carapace confuso e uma Queen Bee em choque.
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Logo eu
Fiksi PenggemarSer a alma gêmea de um herói seria a própria sorte, certo? Mas... e ser a alma gêmea de um vilão? Diferentemente do que Fábio Junior cantava, Marinette não fazia tudo o que podia para encontrar sua alma gêmea. Ela tinha desistido quando, aos dezoito...