Logo eu

Vinte e Sete; Ladybug.

EHEHEHEHHEE

. . .

Chloe me ofereceu uma xicara de chá antes de desaparecer pela escadaria do apartamento enorme de dois andares. Fiquei na sala, ansiosa.

Quando decidi me desfazer do Miraculous da joaninha, minha mente me torturou por um bom tempo. Eu não me sentia suficiente para conseguir alguém. Algo me avisava que eu não deveria ir atrás de algum desconhecido.

Eu não queria arriscar, e Chloe me pareceu a pessoa perfeita para cuidar do Miraculous.

Em alguns momentos, o óbvio é o mesmo que inimaginável. Ninguém realmente imaginaria que Chloe Bourgeois, a mesma que nunca ficou quieta sobre sua identidade, seria a guardadora do Miraculous da joaninha.

Chloe – também – fazia seu uso nas batalhas, sempre com a ajuda de Alya e suas ilusões de uma raposa sagaz. Eu nunca fui muito de me aprofundar em seus esquemas de luta, realmente nunca me importaram ao ponto de me fazerem ficar deveras encabulada ou interessada.

— Acho que Tikki ficará imensamente feliz em te ver.

Chloe murmura, adentrando a sala ainda usando seu roupão e com um sorriso afável nos lábios rosados. Me entrega a caixinha com os brincos, enquanto eu a encaro.

— Ela está...

— Decepcionada? Não. Ela sempre aceitou suas decisões, ela também sempre quis o melhor para você, Marin. — Chloe se senta ao meu lado no sofá, deixando os pés sobre o sofá com uma tremenda delicadeza. — Sem falar que ela está radiante por você ter encontrado Chat. Ela sempre torceu por isso.

— Será que ela vai gostar dele?

— Com certeza. — Chloe riu. — Adrien é uma ótima pessoa, cabeça-oca, mas... não tenho o que reclamar.

Franzo o cenho.

— Como você...

— Alya Cesáire. — Chloe joga os ombros com pouca sutileza. — Ela é rápida no disk-fofoca, mas sobre Adrien... o conheço desde pequena. O gêniozinho de merda é filho da melhor amiga da minha mãe, consequentemente, minha madrinha. Crescemos juntos.

— Devo deixá-lo ciente que você vai pegar o lugar da mãe dele e me contar todas as histórias de infância e as vergonhas que ele já passou?

Chloe me oferece uma piscadela.

— Você sabe que ele pode me cataclismar, não é?

Acabo rindo.

— Você sabe que eu te protegeria. A Ladybug está ai 'pra isso, não é?

Um sorriso maior deixa a loira ainda mais charmosa. Ela segura minha mão, acariciando minha pele.

— Você nasceu 'pra isso. — Seu tom era honesto. — Você nasceu 'pra ser a Ladybug, e não há ninguém melhor para isso no momento. Não sabe como fico feliz em te ter de volta no time, LB. E ainda mais trazendo um novo herói.

— Acha que Adrien vai querer se juntar?

— Ele já faz parte, e se fazer doce... eu e Alya o levamos. Ele não tem mais opções.

Acabo meneando a cabeça.

— Você é incrível, Chloe.

— Eu sei. — Ela me oferece uma piscadela. — Agora vai logo! Quero terminar essa temporada. Estou me acabando de chorar!

Me levanto.

— Guarde um pouco de raiva para quando formos pegar o nosso Copycat.

— Querida... — Chloe me olha enquanto leva os braços a cintura. — 'Pra esse ai... eu tenho um fodido estoque já.

[...]

Eu não fui para casa.

Por mais que eu quisesse mostrar para Adrien e contá-lo sobre Tikki, eu queria um momento para mim e ela. Fazia muito tempo desde que nos vimos desde a ultima vez, fazia tempo que não conversávamos. Eu queria vê-la, sorrir, tocá-la e dizer como ela fez falta na minha vida.

Tikki era minha maior companheira, até mais do que Alya. Ela sempre esteve comigo, me apoiou, e pelo tempo que foi a única que sabia sobre meu segredo abnormal, fez um ótimo papel de conselheira. Em minhas crises noturnas por não encontrar meu soulmate era ela quem muitas vezes me continha.

É impossível não reconhecer o papel importante que ela desenvolveu na minha vida. Eu devo muito a Tikki, e espero poder retribuir a ela tudo o que ela fez por mim, o que não foi pouca coisa.

Estacionei meu carro em uma rua perto da praça. Mesmo sendo tarde, tinha uma coisa que eu precisava fazer.

— Marinette!

A voz de Tikki é como um raio de sol que ilumina meu dia. Com os brincos em minhas orelhas, vejo toda a carga positiva que ela acrescenta em mim como uma aura que rondeia meu corpo. Seguro-a entre minhas palmas, e oferto um beijo em sua cabeça. Tikki solta risadinhas, assim como eu.

— Senti sua falta... — Murmuro, e ela salta. Abraça minha bochecha.

— Eu também! Não que eu não gostasse de Chloe, ela é uma ótima pessoa, mas... você sabe que tinha um lugar especial no meu coração, não é? Você... é a escolhida por Fu e...

— Não precisa se explicar. — Acabo sorrindo. — Partilho do mesmo sentimento contigo. Você é... tudo 'pra mim.

Tikki sorri.

— O que acha de darmos uma volta como comeback?

Eu não podia concordar menos.

Saio do carro e o tranco. Busco por um lugar bom para me transformar. Me escondo, e deixo que o nostálgico "Tikki, transformar!" escorregue pela minha boca. Me sinto bem quando o uniforme me recobre, e não contenho um sorriso ao lançar o yoyo contra um poste próximo.

Pular entre os prédios de Paris me traz paz e nostalgia. Sorrio a cada movimento, a cada lufada de ar que balança meu cabelo – agora preso em um delicado rabo de cavalo. Faço uma pausa na Torre Eiffel, observando a cidade. Paris é linda e me enche de vitalidade.

Não sei como consegui ficar tanto tempo sem sentir saudades disso!

Volto a zanzar pelos ares, somente parando em um telhado. É quando percebo uma aproximação. Me viro com rapidez, mas não consigo me manter séria. A pessoa ali me é deveras familiar.

— Olá...

Sorrio, e ele se aproxima. Chat parece cauteloso.

— Oi...

Acabo rindo, ele realmente não está me reconhecendo?!

— Posso saber o nome do gatinho?

Ele cora, por um momento. Fica em minha frente e coça a nuca.

— Adrien... digo... Chat Noir.

Puxo sua mão, depositando um beijo nas costas. Ele franze o cenho.

— Prazer, Marinette Dupain-Cheng, ou melhor dizendo... — Puxo-o para perto. — Sua Ladybug.