Vinte; necessário pensar.

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ASOAKSOAKSPOAKS AI MEU DEUS
VCS VAO ME MATAR

. . .

Quando acordei, minha cabeça doía. Ainda dói, mas moderadamente menos do que naquele momento. Me assustei ao perceber que estava no hospital, mas as memorias vieram com rapidez tremenda me fazendo lembrar dos momentos anteriores. A primeira coisa que fiz foi tocar meu pescoço, em busca do Miraculous, que felizmente estava ali.

Isso foi há um par de minutos, talvez vinte, vinte e cinco. Não sei dizer com exatidão. Só sei que ainda não criei a coragem necessária para chamar uma enfermeira. Minha cabeça está confusa, não sei o que fazer e tampouco sei como agir.

Principalmente se Adrien ainda estiver por perto.

Respiro fundo. Por algum motivo, ele havia me salvado. Ele havia me levado até ali, sabe-se lá se como Adrien ou Chat. Também, é inegável a existência de Chat Noir, e minha mente conturbada ainda busca as informações me passadas por Plagg. Seria Adrien um "bom Chat" enquanto quem quer que seja seu cumplice – se é que posso tratá-lo como tal – uma versão maldosa, como nos filmes de clones?

Não ter resposta me deixa confusa e um tanto alarmada. Uma parte minha se culpa. Não era um problema que eu queria para mim, não era um problema que eu queria arrumar, e eu estou metida agora em algo que eu lutava para me manter distante.

Saio dos meus pensamentos quando a maçaneta é girada. A porta se abre, e então, vejo Adrien. Ele percebe que estou acordada, e deixa um suspiro sair pelos lábios enquanto vem em minha direção.

— Marinette, Cristo! — Toma cuidado ao se sentar ao meu lado. — Você me deu um puta susto!

— Eu... dei?

— Sim. — Ele suspira. — Não se lembra?

Sim, eu lembrava.

— Não... não me lembro de nada. O que... o que aconteceu?

— Está em todos os canais. Parece que Chat Noir te achou desacordada em um beco e te trouxe para cá. — Adrien segura minha mão, afagando minha pele. — Todos se assustaram, pensaram que você era uma vítima dele, mas acabaram vendo que não. Ele parecia bastante consternado.

— Parece que nem todo vilão é mau.

— É. — Adrien pareceu incomodado, e limpou a garganta. — Como você está?

— Me sinto bem, minha cabeça dói, não muito, somente isso. — Acabo respirando fundo. — Sabe quando vou poder ir embora?

— Creio que você vá passar a noite em observação.

— Merda. — Resmungo, enquanto me ajeito sobre o colchão. — Meus pais... sabem?

— Se souberem, devem estar vindo até aqui. — Ele se aproxima, depositando um beijo sobre minha testa. — Não me assusta assim, por favor.

— Não era... minha intenção.

— Eu sei. — Ele me fita. Seus olhos brilham e ele sorri.

Sua boca aproxima-se da minha, não o recuso quando ele me oferece um beijo. Deixo que role, o momento parece oportuno para tal. Nossas bocas se unem de modo rápido, em um beijo calmo e delicado.

Quando no separamos, ele me encara com um olhar leve.

Por um momento, parece que ele quer ser transparente. Parece desejar me contar algo, mas não consegue. A porta se abre, vejo minha mãe adentrar como um furacão.

— Filha, oh meu De- oh... — Ela para repentinamente, ao perceber que não estou sozinha. — Desculpe! Não sabia que estava acompanhada.

— Tudo bem. — Acabo murmurando. Adrien se levanta.

— Preciso ir agora. — Ele sorri, tanto para mim como para minha mãe em seguida. Coloca as mãos nos bolsos da calça. — Nos vemos amanhã, Marinette.

Sorrio, enquanto ele se afasta. Deus... minha mente está um tanto confusa.

Por que?!

POV. Adrien.

— Não acredito que você está colocando absolutamente tudo em risco por causa dela!

Félix está exaltado, um tanto exagerado para o meu gosto. Rolo os olhos, e não o respondo. Massageio minhas têmporas enquanto observo os contratos em minha frente. A melhor decisão é ignorá-lo.

Afinal... ele não tem nem mesmo moral para participar disso.

— Não me ignora, inferno!

— O que você quer que eu diga?! — Encaro-o. Félix me dá nos nervos. — Eu nunca fui a favor disso, nunca! Sempre quis me manter longe, mas você e Gabriel nunca me respeitaram! Bem, eu tampouco sei porque você está metido nisso!

— Porque eu tenho competência para fazer o que você não faz! — Félix solta um de seus sorrisos irônicos. — Por isso Gabriel me chamou, ele sabe que você não tem coragem para assuntos da família! Você só sabe se esconder.

— Assuntos da família?! Joias mágicas que destruíram a minha família, você quer dizer! Minha mãe está morta, e meu pai... — Faço uma pausa. Falar sobre meu pai me faz ter uma repentina dor de cabeça.

— Seu pai está convencido que pode trazê-la de volta e melhorar as coisas para todos! Se ele trazer sua mãe, pode trazer meu pai! Adrien...

— Talvez trazer alguém não seja a solução! Tudo acontece por um motivo, Félix!

— Está com medo que aconteça como nos livros de King, primo? — Félix acaba rindo, antes de apoiar a mão sobre a escrivaninha. — Que nossos queridos entes voltem maldosos? Desengonçados?!

— As coisas não serão como antes.

— Como você tem certeza?!

— Se passaram mais de dez anos, Félix! — Me levanto, um tanto irritado. — Você acha que vai ser fácil?! Você acha que tudo ficará bem?! Não, não! Isso nunca dará certo!

— É tarde demais para desistir, Adrien... — Félix sorri de modo cínico, tirou o broche do peito, escondendo-o no colete sobre sua camiseta social. — E saiba que se não me ajudar, farei tudo sozinho, e vai ser pior comigo agindo sozinho, você sabe.

— Você não é capaz de me testar.

— Você brinca com fogo fácil, Adrien. — O sorriso dele não me deixa animado. — Não se esqueça que fogo queima, e se alastra, não poupando pessoas queridas.

Sigo-o, enquanto ele anda rumo a porta do meu apartamento.

— Se você tocar nela de novo...

— Não irei. — Félix me manda um ótimo sorriso, antes de abrir a porta. — Não se a mandar para longe. Não quero ela atrapalhando.

— Impossível.

— É muito possível, você está sendo impotente. — Félix acabou rindo. — Mas... lembre-se que não vou deixá-la me atrapalhar, e eu sei que ninguém se daria ao luxo de acreditar na palavra de uma garotinha desconhecida, mas... eu prefiro sempre me garantir. Você também deveria. Boa noite, Adrien.

Sem dizer outra palavra, ouço e vejo Félix batendo a porta. Plagg aparece, sentando-se em meu ombro.

— Olhe pelo lado bom... ele não sabe que você, de fato, tem o anel.

Encaro-o.

— Preciso pensar.

É a única coisa que digo antes de voltar para o escritório, me certificando em guardar o Miraculous da borboleta.

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