Doze; chat noir.

4.2K 554 852
                                    

escrevi ouvindo shimbalaiê
ou seja
fluffy
amorzinho
e surto

. . .

Respira, respira, respira e não pira!

É a única coisa que penso. Não consigo esquecer que há poucos minutos atrás eu bati a porta na cara de Adrien, e tampouco consigo pensar que ele tenha levado isso numa boa. Porra, quem bateria a porta na cara dele?!

Sim, você.

Minha mente responde em pensamento e eu sorrio nervosa para o espelho.

Me levanto da cadeira, buscando pelas minhas roupas e colocando dentro da sacola onde estava o vestido que uso. Paro para me observar no espelho rente a parede. O bendito vestido foi feito em um tom forte de azul, tomara que caia e justo. Modela minhas curvas como nenhum outro, parecendo me elevar a um outro patamar. Amarro meu cabelo em um rabo alto, e calço minhas sapatilhas. Suspiro, pela última vez, antes de pegar o que resta de minha dignidade e sair do camarim.

Adrien me espera ao lado de Vincent. Parecem trocar algumas palavras e o loiro me parece sorridente. Não me percebe ali parada, até o olhar daquele fotografo cair em mim. Vejo um brilho em seus olhos.

Que-ri-da! — Os olhos de Vincent flamejam. Ele se aproxima, puxa minha mão e me faz dar um giro. — Esse vestido está divino em você! Ah, garota, por que não vira modelo? Vai fazer um sucesso e tanto! Nem vai precisar aturar esse rapazinho mal-humorado.

Percebo a revirada de olhos de Adrien, que finge um falso pigarreio e se aproxima de mim. Percebo que esta um tanto comedido, e hesita de levar a mão até minha lombar, mas toma-me a mão que Vincent segura, com um sorriso irônico.

— Eu... bem... é um convite e tanto, mas... acho que estou feliz do modo que estou agora, digo... — Acabo por rir, de maneira cômoda e baixa. — ... isso de pose aqui, pose ali não é para mim. Eu sou um pouco desengonçada, não sei como não pareceu hoje.

Vincent rola os olhos antes de desviar seu foco para Adrien.

— Traga-a na próxima sessão. Essa sim será a nova musa da Gabriel!

— Se ela quiser vir... — Adrien me olha, seu sorriso agora direcionado a mim esquenta meu pobre coração que quase erra uma batida. — Agora precisamos ir. Vamos jantar fora.

A noticia transformou o sorriso de Vincent em algo duas vezes maior.

— Adrien...

— Boa noite, Vincent.

Com um sorriso, Adrien puxou-me com delicadeza em direção a saída. Entramos no elevador após poucos instantes de caminhada. Ficamos ali, lado a lado, e sozinhos. Ajeito minha postura e o olho de relance. Quero perguntar-lhe algo, mas... seria oportuno?

— Senhor Agreste...

Adrien.

Ele me corrige, olhando-me pelo canto do olho. Seu tom é um tanto mais firme na repreenda. Sorrio amarelo. Deus, quando vou me acostumar?

Nunca.

— Adrien... — Ajeito-me. — ... posso te perguntar uma coisa?

Ele sacoleja o ombro.

— A vontade.

— Quanto... quanto eu recebi por esse trabalho inusitado?

Ele parece pensar, tilintando os dedos contra a parede metálica do elevador.

Logo euOnde histórias criam vida. Descubra agora