Dez; vengeance.

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só tenho a dizer uma coisa: Agreste Underwear
¬u¬

. . .

Realmente, tudo está perdido.

Primeiro porque Alya Cesaire não me ouvia na noite anterior, e não tem a mínima intenção de me ouvir hoje, nem mesmo amanhã ou na próxima semana.

Alya está convicta, e quando ela está em seu estado de eu sei a verdade, mesmo quando sabe – e defende – que não existe a dita verdade absoluta, é impossível mudar sua mente. Alya tem a última palavra, ponto.

E nem mesmo eu – a vítima de sua conclusão precipitada – tenho como desfazer o pensamento dela.

Que era nada menos que a conclusão errônea de que eu e Adrien Agreste somos soulmates.

Estou furiosa com isso, sim, furiosa, porque é a mentira do século e tampouco posso desmentir. Não posso dizer sobre Chat, e não tem a possibilidade de arrumar alguém que finja ser meu soulmate no momento. Fora isso, agora são duas coisas para minha mente pensante lidar.

A primeira, claro, é minha vengeance contra Chat Noir.

Porque ninguém – absolutamente ninguém – me faz de trouxa, ele não será o primeiro.

Sei que estou sonhando alto e fora da realidade, isso se confirma quando algo estupidamente quente cai em minha mão. Droga, a cafeteira! Olho, vejo o café transbordando em meu pequeno copo. Puxo-o.

Levo a boca, tomo um gole. Está quente, mas não o suficiente para me fazer cuspir. São nove da manhã, Adrien está em reunião, e eu preciso de café caso queira não surtar nessa manha amena de outono. Relaxo, tentando ao máximo apreciar meu café.

Quando volto para minha mesa, meus pensamentos parecem dispostos a uma melhor fluidez. Volto a analisar todos os papeis ali dispostos, organizando e dando prioridade aos mais importantes. Apenas sou interrompida quando passos ecoam pelo andar.

Levanto o rosto, percebo logo ser Adrien. Ele caminha com o celular ao lado da orelha, e me manda um olhar que traduzo como ''siga-me". Anuo, pegando o que penso ser importante para entregar-lhe e sigo-o para dentro de sua sala.

— Isso é inviável e indiscutível. — Adrien murmura, e massageia as têmporas. Parece cansado. — Minha resposta é não. Não quero saber. É não, fim de papo.

A discussão perdura por alguns outros minutos. Quando finalizada, Adrien senta-se em sua cadeira atrás da escrivaninha. Aproximo com um pigarreio.

— Senhor Agreste... mandei alguns e-mails importantes para o senhor e...

Adrien. — Deu ênfase no próprio nome e me olhou, brincava com uma caneta entre os dedos. — Apenas Adrien, Marinette.

— Certo, Adrien. — Respiro fundo. — Voltando ao assunto...

— Já sei, e-mails, e etc. Podemos mudar de assunto?

— Eu... bem... — Sorrio amarelo. — Deseja falar sobre algo em específico?

— Qualquer coisa não relacionada a trabalho, estou exausto e tenho somente vinte minutos livres antes de meu próximo compromisso.

Foco meus olhos nele, e vejo que ele realmente parece cansado. Penso sobre o que dizer, e me parece uma boa oportunidade para buscar ajuda.

— Qual uma boa vingança para se aplicar em um homem?

A pergunta repentina atrai a atenção alheia. Adrien me encara, o cenho franzido. Pensa, por instantes, parecendo buscar uma resposta no amago da mente.

— Em que sentido? Qual o contexto, pode me dizer?

Por um momento, pensei se seria viável abrir minha vida sexual para meu chefe. Adrien pareceu perceber meu dilema, e se levantou. Encostou-se na escrivaninha, e me encarou com um de seus sorrisos brilhantes.

— Prometo que não vou rir.

Rolo os olhos.

— Ele me provocou e me deixou na mão, literalmente.

Adrien me encara por instantes, e oferta-me um mínimo sorriso. Se aproxima, faz meu coração ricochetear no peito quando se ajoelha em minha frente.

— E você não gostou de ficar na mão?

— Quem gosta? — Meu tom sai marrento, e ele ri.

— Tem um bom ponto. Deveria retribuir na mesma moeda. — Ele tombou o rosto para o lado. Seu rosto possuindo feições adoráveis. — E... quero te perguntar uma coisa...

— P-Pergunte...

Merda, por que infernos estou gaguejando?!

— Eu recebi um e-mail hoje, de Alya Cesaire... me parabenizando pela incrível soulmate que eu tenho... — Meu rosto pareceu arder em um certa vergonha. — ... isso me pareceu... estranho.

Tombei o rosto para trás. Alya iria me pagar, porra!

— A senhorita Cesaire acha que você é meu soulmate. — Suspiro. — Sua mensagem chegou ontem no mesmo momento que meu soulmate escreveu algo, e ela acabou confundindo tudo, agora ela acha que você é meu soulmate, mas vou resolver tudo! Prometo! Só... não me demite, por favor!

Adrien me encara por instantes, antes de rir baixinho.

— Não vou te demitir e... bem... acho que isso vai ser bom.

O que?

— Bom? O que quer dizer com isso?

— Se eu te convidasse para ser minha soulmate de mentirinha, você aceitaria?

— Depende... você já... não tem uma soulmate?

Adrien estalou a língua.

— Tenho, mas... não quero expô-la no momento, entende? Por isso estou em busca de alguém que me ajude com isso. Só para a mídia. Você pode ver com seu soulmate antes e me responder quando der.

Hmmm, isso me parece vingança nas alturas. Chat, pelo menos um dia, achar que encontrei outro e que penso que tudo isso de almas gêmeas é uma puta bobagem.

Sorrio.

— Acho que aceito, mas... não vai durar muito tempo, certo?

Adrien anui.

— Talvez... uma ou duas semanas, três no máximo. — Ele se levanta. — Agora pegue suas coisas e me acompanha.

Seu convite repentino me faz franzir o cenho.

— Onde vamos?

Ele me encara, enquanto retira o paletó. Fica somente com a blusa social.

— Tenho um ensaio fotográfico hoje, Nathalie agendou para as seis. Depois... — Ele meneia a cabeça, parecendo pensar. — O que acha de jantar comigo?

Me desconcerto por um momento.

— Eu... não estou vestida para isso, digo... — Rio, nervosa. — Estou com o básico do dia-a-dia...

Adrien me encara, enquanto me levanto.

— Não... ligue 'pra isso, eu dou um jeito. Aceita?

— Uh... sim.

Seu sorriso parece ainda mais grandioso.

Sigo-o para fora da sala. Ele espera que eu pegue minha bolsa e minha chuquinha de cabelo. Amarro meus fios azuis enquanto caminhamos para o elevador. Paramos lado-a-lado e ele aperta o botão que nos leva ao térreo.

Olho-o de canto.

— Qual o ensaio que vai ter hoje?

Ele me olha pelo canto do olho, colocando as mãos nos bolsos da calça.

— Para a nova coleção da Agreste Underwear.

Meu rosto envermelha-se aos poucos. Posso ver pelo espelho do elevador.

E lá vamos nós para mais uma rodada de Adrien Agreste sem camisa, dessa vez, com um bônus de estar apenas com a cueca da marca.

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