Capítulo 5 - Devaneios

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Não estava longe de uma casa noturna que eventualmente frequentava com seus amigos e não pensou duas vezes em se dirigir para lá.

Na pista procurou por alguém conhecido é não viu ninguém.

Pediu uma cerveja, mas aquela era só a primeira de tantas que ela bebeu ao longo da noite.

Ao entrar em seu apartamento foi cambaleando para o banheiro e vomitou, além da bebida, toda raiva que estava entalada em sua garganta. Ficou embaixo da ducha gelada, sentada e lá ficou até ter forças para se levantar e ir pra cama.

Por sorte teria todo o domingo para descansar.

Quando deitou, capotou em segundos e só acordou por volta de quatro da tarde quando uma amiga ligou lhe convidando para jogar handebol. Sempre que podia, nos finais das tarde de domingo ia pro ginásio jogar com as amigas da época de colégio e depois do jogo se reuniam para comer o "Podrão do Pedrão", como elas sempre chamaram o hot-dog do trailer do Pedro que se tornou o grande amigo das meninas.

Sempre que alguma coisa não ia bem, era para lá que qualquer uma delas se dirigia principalmente Katarina. Ele as tratava como filhas, as conhecia pelo olhar, aconselhava e inclusive era chamado de Vô Pedrão pelos filhos de algumas.

Depois de compartilhar de momentos muito especiais com seus amigos, precisou ir pra casa afinal no dia seguinte dariam início às gravações e também teria de enfrentar a coração gelado da Christina Tolini. Sabia no fundo d'alma que lidar com aquela mulher seria um dos maiores desafios de toda sua vida.

Ciente de que não conseguiria dormir, organizou suas coisas, afinal dentro de alguns dias se mudaria para a cidade maravilhosa. Encaixotou tudo aquilo que lhe seria útil em seu novo lar. Tudo coube em duas caixas pequenas não muito grandes afinal ficaria apenas alguns meses e o estúdio onde iria morar em São Conrado já era todo mobiliado

Banhou-se, preparou seu chá preferido, chá de gengibre. Amava aquela sensação picante em sua boca e depois foi para seu cantinho favorito da casa, o seu pequeno escritório. Ligou a caixinha de som para ouvir suas músicas preferidas e com seu scrapbook em mãos começou a desenhar. O desenho era uma de suas paixões mais secretas. Não era algo que fazia com frequência por falta de tempo, mas adorava. Também não os mostrava para ninguém, tinha um misto de vergonha e ciúmes de suas obras, mas de repente, naquele momento parecia ter sido tomada por uma energia estranha, jamais sentida por ela antes começou a desenhar com uma rapidez como se suas mãos tivessem vontade própria ao som de uma música em especial:

VAMBORA – ADRIANA CALCANHOTO

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas...


            Quando saiu daquele estagio de transe, se espantou com o que tinha acabado de desenhar

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Quando saiu daquele estagio de transe, se espantou com o que tinha acabado de desenhar. Eram traços do rosto de Christina Tolini. Instintivamente amassou seu desenho e o arremessou sem perceber que ao invés de cair no lixo, caiu dentro de uma de suas caixas onde estavam seus objetos que levaria para seu novo lar.

"Minha nossa senhora da abstração só posso estar ficando maluca. Afff...aquela peste ainda vai me levar á loucura".

Guardou rapidamente seus materiais de desenho em uma maleta, desligou a caixinha de som tomou num só gole o resto do chá que naquele momento estava gelado e foi para sua cama onde se aconchegou entre seus travesseiros e a coberta quentinha para assistir novela. Naquele momento estava passando Cabocla, e as trapalhadas do Coronel Boanerges lhe tiravam gargalhadas até ser traída pelo sono e acordou com os berros de uma certa personagem surtada e enfurecida da novela Selva de Pedra.

"Ah Universo, você só pode estar de sacanagem com a minha pessoa. Não é possível uma sucessão de acontecimentos envolvendo aquela criatura insuportável em minha vida. Será que nem cochilar em paz a gente pode? Pelo jeito não né universo...Muito obrigada viu! Gratidão total... – vociferava andando de um lado para outro em seu quarto.

Não tardou muito para seu celular despertar e anunciar que já era hora de levantar para mais uma de suas caminhadas matinais.


Paixão nos BastidoresOnde histórias criam vida. Descubra agora