-Kat meu amor, só você pode me socorrer nessa hora de desespero!
-Meu Deus criatura, o que aconteceu? Fala logo, pois está me assustando!-Kat, em nossa programação de hoje teremos a exibição de um filme para uma plateia de 100 crianças entre cinco e seis anos de uma escola pública e a diretora irá participar de uma roda de conversa com esses pimpolhos. Acontece que a mediadora contratada para esse bate-papo simplesmente me deu o cano, me ligou a alguns minutos atrás dizendo que não pode vir mais, que está com virose. Deve estar morrendo essa praga, fazendo a passagem, que ódio dessa mocreia em me deixar assim na mão! – vociferou.
-Credo! Que horror Vitoria. Coitada da pobre moça. Ela não se sentiu bem. Sabemos que essas coisas acontecem. – Tentou apaziguar, diante aos surtos da amiga.
-Kat meu amor, preciso de ti em duas horas aqui, se não me ajudar corre o grande risco de ser cúmplice de um infanticídio. Sabe muito bem que não gosto de crianças, me dá uma zique-zira só de me imaginar com aquele bando de capirotinhos.
-Tá bem sua Bruxa Má do Oeste, só não se esqueça que esse favorzinho extra vai entrar como um belo bônus em minha folha de pagamento ouviu!
O que Katarina não sabia é que a tal mediadora nunca existiu e que tudo não passava de um plano de Téo para aproximá-la de sua mãe. Quando recebeu e edital para inscrever o filme que sua mãe havia dirigido na Mostra Cultural de São Paulo, encontrou dois nomes muito particulares, o de Vitória com quem fez dois anos de faculdade no Rio de Janeiro e o de Katarina.
Imediatamente, pegou o celular e ligou para a colega que ficou muito surpresa em receber sua ligação. Conversaram por horas à fio. Fazia anos que não se viam e não tinham poucas novidades para contar um ao outro. No decorrer da conversa ele lhe sugeriu que convidasse Katarina para ser a mediadora entre as crianças e Christina. Pediu que não revelasse para ela o que tinha sugerido, alegando que queria lhe fazer uma surpresa e conhecendo a amiga apelou para seu lado mais sensível, de modo que não tivesse como recusar.
Christina também não fazia a menor ideia da surpresa que a aguardaria. Fora recebida com muito carinho por Vitoria que após conversa inicial a conduziu para seu camarote sem saber que Katarina subiría ao palco em poucos minutos para uma contação de historias antes da exibição do filme.
Ao soar o terceiro sinal, eis que sobe ao palco, uma figura muito engraçada, carismática e encantadora.
Um serzinho de orelhas élficas, nariz vermelho e comprido, meias listradas e um par de botas esquisitas. Vestia cartola preta com um laço vermelho, uma jardineira que o fazia parecer uma criança mesmo sendo adulta, com aquele par de olhos grandes que espalhava luz para toda a plateia. Não dizia nada, apenas olhava para aquele mar de crianças, fazendo caras e bocas, com seu andar todo atrapalhado. Se aproximou de um garotinho que não conseguía se conter de emoção, tremendo as mãozinhas, tomado de euforia.
Era o Marvin, um dos personagens por quem Katarina nutria o maior xodó. Fazia parte do elenco de uma peça infantil que apresentou no começo de sua carreira como atriz. Marvin era invisivel e o melhor amigo de uma garotinha.
-Nossa! Você está me vendo? – perguntou como se estivesse incrédulo. -Sim! Você tá bem na minha frente. – respondeu o garoto todo empolgado -Poxa vida que legal. Fazia tanto tempo que uma criança não me via. Desde que a Julinha se tornou adulta eu fiquei esquecido. Nunca mais ela se lembrou de mim! – lamentou-se
– Ei, agora que me viu será que podemos ser amigos? Me chamo Marvin e vim lá do País das Contações. Carrego aquí debaixo da minha cartola muitas historias e gostaria de compartilhar com você. Se tivesse mais crianças aquí, também contaria historias para elas mas pelo jeito somos só nós dois não é mesmo "migo"? Imediatamente outras crianças se manifestaram, afinal estavam enxergando Marvin também.
-Uau! Que demais! Não estou acreditando. Tem mais crianças me vendo? -SIIIIIIIIIIIIMMMMMMM! – gritaram em oníssono -Oba, então seremos todos muito amigos e para mostrar o quanto estou feliz e agradecido vou contar uma historia que veio de uma floresta linda encantada, a Floresta Amazônica e quem me contou foi dois irmãozinhos curumins. Com seu jeito todo envolvente Marvin contou a Lenda da Vitória-Regia.
Enquanto contava e encantava, Christina custava a acreditar em quem estava diante de seus olhos. Não conseguiu conter a emoção. Por mais que se esforçasse, as lágrimas não cessavam. "-Como pude te deixar escapar Katarina? Não posso e não quero ficar sem você! Não saio de São Paulo enquanto não te trouxer de volta para minha vida."
As luzes da plateia se acende e Marvin-Katarina mais uma vez recebe as palmas daquele público tão especial e de quem sentía tantas saudades. Há tempos não se apresentava para crianças tão pequenas. Olhou para todos com carinho, no afã de guardar cada rostinho quando seus olhos fixaram-se nos olhos de Christina.
Tudo começou a girar, o coração disparar, as mãos suarem frio e naquele momento tinha que se manter apenas como Marvin. Com muito esforço anunciou o filme que seria exibido e que voltaria para conversar com eles no final. Buscou um lugar para sentar na ultima poltrona, na fileira oposta em que Christina tinha se sentado mas, discretamente a outra foi sentar-se ao seu lado.
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Paixão nos Bastidores
FanfictionQuando Katarina recebeu a noticia de que o roteiro que escreveu iria se transformado em uma série de TV atravez da produtora de um dos diretores mais famosos do Brasil não imaginava quem iria cruzar o seu caminho; a famosa atriz Christina Tolini de...