Capitulo Sessenta e Quatro

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•Millie•
Os dias passavam devagar aqui...

Fazia duas semanas que eu estava nesse inferno, e eu estava começando a descobrir coisas terríveis.

Os primeiros dias eu fiz tudo que pediam, tinha missa todos os dias, as aulas eram normais e a gente era tratado bem.

Na sexta-feira fui para o encontro de jovens, e foi tudo muito estranho.

E fiquei assustado com tudo que eu ouvi:

Segurando a bíblia nas mãos a freira de cabelos brancos, meio gordinha, com a cara de poucos amigos e um óculos no rosto expressava seu pensamento.

"desde sempre negro não tem voz...

e é o certo, não tem que ter!

Negros são sujos, sem alma, eles tem a obrigação de obedecer nós brancos.

É assim, sempre foi, negro nunca foi de elite, será sempre a classe mais baixa e desfavorecido, com toda razão"

Escutar isso fez meus ouvidos quererem sangrar!

Eu nunca escutei tanta merda na minha vida.

Obviamente não fiquei quieta...

"Isso é ridículo! Como vocês conseguem escutar isso e não falarem nada??"

Tinha uns 10 jovens lá, todos pareciam robôs, escutavam e absorviam aquilo como se fosse algo normal!

"Senhorita Brown sente-se agora!" - ordenou nervosa a freira.

"Eu me recuso a assisti isso, o que você está dizendo é horrível! - me dirigi até a porta, mas a freira puxou a minha mão.

"Não me desrespeite menina!" - ela disse me puxando.

"Você tem que respeitar as outras pessoas também!" digo e ela me puxa.

Abrindo a minha mão com força, ela virou a palma da minha mão pra cima, colocou em cima da mesa e pegou uma régua de metal, e com violência bateu na minha mão, fazendo arder.

Gritei de dor e recolhi a minha mão, todos olhavam e não faziam nada.

A freira pegou e me levou para meu quarto, me deixando lá.

Estou aqui até hoje, já faz um dia que ninguém aparece.

Estou com fome, será que ninguém vai vir me tirar daqui?!

A porta se abriu revelando uma moça mais jovem, estava vestida com o hábito também, devia ser uma noviça.

— Millie Brown? Prazer, me chamo Sophia Lillis, vim te tirar daqui... - ela falou baixo abrindo a porta.

— Até que enfim! Eu estou morrendo de fome! - falei.

— Pode almoçar, como é sábado você tem o dia livre, aproveite pra comer e rezar! - ela disse e eu revirei os olhos.

— As pessoas aqui são horríveis! - digo e ela me olha.

— Nem sempre concordo com o que dizem, mas não discuto...

Como tudo deu errado - Fillie Onde histórias criam vida. Descubra agora