Capítulo 15 - Sem asas para voar

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"Se, a tempos atrás,
alguém me dissesse
que amar tanto doía,
Eu certamente não acreditaria
nessa pessoa."
Rayssa Gomes.

Olhei novamente para ele. Parecia que estava voando por outros mundos, outros universos, mas não, ali ele não estava. Olhei para a garota ruiva ao meu lado, preocupada. Ela apenas deu de ombros, como se dissesse que não sabia o porquê dele estar assim. O sinal tocou. Todos os alunos se levantaram e começaram a sair da sala. Adrien foi o primeiro a sair dela. Disse para Alya que não poderia acompanhá-la no intervalo, ela concordou com a cabeça e então corri atrás dele. Toquei no ombro de Adrien firmemente, que em seguida suspirou pesadamente e se afastou de mim.

- Adrien! - chamei-o em um tom mais alto, despertando a atenção de outros alunos.

- O que é, Marinette? - ele continuou de costas para mim.

- Eu só... só quero te ajudar, quero saber como você está... nós somos amigos, não somos? - perguntei, trêmula, com um braço cobrindo o outro, como se estivesse com frio.

- Eu não quero a sua ajuda, Marinette, eu não quero nada que venha de você. Me deixa em paz, por favor. - e ele finalmente virou para me olhar. Ele estava prestes a chorar. O seu olhar era de dor. Muita dor. O que tá acontecendo? Quem fez isso com você?

- Você não pode me pedir isso. Eu vou ficar ao seu lado e...

- Marinette, VAI EMBORA! - Adrien virou novamente de costas e saiu correndo em direção a escada, descendo-a e indo para o portão.

Eu poderia ter deixado ele ir. Eu poderia ter deixado ele ficar sozinho. Isso era o que eu iria fazer. Iria correr para os braços de Alya e chorar muito pelo amor da minha vida ter me rejeitado. Porém, eu não faria isso. Eu sabia que no futuro estaríamos juntos, de uma forma ou de outra. Eu sabia a pressão que ele passava, o que ele sofria, e nem poderia imaginar como era a vida dele sem a mãe, até porque, eu mesma não consigo imaginar minha vida sem a minha. E foi por isso que tomei uma decisão. Eu não iria me esquivar da dor. Eu iria enfrentá-la, iria encará-la. Eu iria mudar a história da minha vida para sempre. Aquilo não era só pelo Adrien, era por mim também.

- Adrien! - sai correndo atrás dele. Não iria deixá-lo sozinho, em hipótese nenhuma.
Porém, ao me virar para descer a escada, escorreguei em alguma poça de água que havia lá. Senti meu corpo ser lançado violentamente em direção aos degraus, batendo a cabeça fortemente em um deles. De repente, tudo ficou escuro.

•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°

Corri em direção ao portão da escola. Eu não suportaria vê-la nem mais um segundo. Depois do que meu pai havia me dito, me senti muito mal. Achava que ele pensava dessa forma por estar me dedicando mais ao musical do que as sessões de fotos, e eu não poderia fazer aquilo com a Mari. Tínhamos um musical para apresentar, e ela estava feliz por fazer aquilo comigo. Eu não poderia ser a ruína dela. Marinette é uma garota incrível, merecia brilhar muito. Eu estou estragando a vida dela, não posso fazer isso. Se tudo isso é por conta da minha presença, então irei me afastar. Ela vai ficar melhor sem mim.

Eu só não poderia adivinhar que a dor que eu estava sentindo não era nada, NADA, NEM UMA VÍRGULA do que senti ao virar de costas. E ver ela ali, jogada ao chão, desmaiada. Senti todas as razões da minha existência se esvairem ao vê-la assim. Minha princesa! Minha princesa! Corri o mais rápido que pude até ela, me ajoelhei e toquei levemente em seu rosto. Olhe pra mim, Marinette! Olhe para mim! Coloquei-a em meu colo e a abracei.

- Marinette... acorda, princesa. Está na hora de você acordar! - sussurrei em seu ouvido, esperando alguma reação. Ao levantar a cabeça, vi Alya e os outros alunos olhando-a, alguns desesperados, outros tristes. Eu estava morrendo por dentro, mas queria manter a calma por ela, e somente por ela.

Minhas lágrimas desceram rapidamente. Eu não queria que aquilo estivesse acontecendo. Não era para nada daquilo estar acontecendo. Marinette! Minha alma se rasgava por dentro ao vê-la daquele jeito. Por favor, não faz isso comigo! Não faz isso com a gente!

- Marinette! - Alya se ajoelhou a nossa frente e tocou na mão dela. Chloé revirou os olhos, mas se abaixou também e tocou nos cabelos dela.

- Eu posso até te odiar, mas não gostaria que isso tivesse te ocorrido, Dupain-Cheng.

Nino ficou de cócoras e abraçou Alya, que começou a chorar. Lila também se aproximou, ficando ao meu lado.

- Ela não merecia isso... - disse Lila, tristemente. Pela primeira vez na minha vida, eu havia acreditado nela.

Marinette não reagiu a nada que eu fazia, toquei em seu rosto, a chamei, beijei seu rosto e a abracei fortemente, porém, ela não acordou. O diretor logo apareceu e chamou uma ambulância. Minutos depois, os pais da Marinette apareceram, desesperados. A ambulância não se demorou a aparecer.  Quando o enfermeiro veio pegá-la, abracei-a mais forte e sussurrei uma última vez em seu ouvido.

- Eu amo você, Marinette. Volta pra mim.

•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°

- Você não falou nada para ela?

Adrien estava dormindo em um banco do lado de fora do quarto em que estava Marinette. Ela já estava bem, porém, iria fazer mais alguns exames e ficar em observação por 3 dias. Os kwamis, aproveitando que seus donos estavam dormindo e que os pais da garota não estavam lá, eles começaram a conversar.

- Não, eu sabia que esse não era o momento para fazer uma bobagem dessas. - retrucou Tikki, de costas para Plagg.

- Como você espera que o Adrien note que ela é apaixonada por ele?

- No momento certo, ó bocó! Não podemos forçar a barra!

- Nós não vamos forçar nada, docinho, nós iremos ajudá-los!

- Não estou disposta a pagar o preço por isso... - a kwami se virou para ele, fitando-o preocupada.

- Se pela felicidade deles, teremos que pagar algum preço, então nós pagaremos. Não suporto mais ver o Adrien cada dia mais triste, e eu tenho certeza que você não quer que ela se engane com qualquer garoto, né? Você ouviu o que o Wayzz nos falou no primeiro dia em que a Marinette se tornou a guardiã dos Miraculous?

Tikki sorriu tristemente e olhou para o chão.

- Que eles foram feitos um para o outro. - concluiu.

- Exatamente. Nós vamos fazer isso virar realidade.

•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°

Uma garota se apresentou na recepção como Louise Dupain-Cheng. Ela se dirigiu até a porta do quarto em que estava Marinette, abriu-a lentamente e andou, com passos curtos, até a cama em que a garota de cabelos azuis repousava. Abaixou-se a altura de seus ouvidos e sussurrou, sorrindo maldosamente.

- Eu jurei que iria me vingar de você, Marinette, e aqui estou eu. Irei destruir a sua vida completamente, e você irá comer o pão que irei amassar em minhas próprias mãos, porque será só isso que vai comer após eu acabar com sua vida para sempre.

... Você irá ficar naquela padaria mixuruca que tu vives, de onde nunca deveria ter saído.

Será que eu posso AMAR VOCÊ?Onde histórias criam vida. Descubra agora