Capítulo 21 - No fundo do poço

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"Se acaso eu soubesse
Que o universo conspira contra
mim arduamente..."
Rayssa Gomes

Chegando em casa, troquei algumas mensagens com Kyoko e Natasha. Finalmente, minha amiga japonesa havia se entendido comigo! Prometemos uma para a outra que nunca mais iríamos mentir sobre nossos sentimentos, apesar de que... eu não havia dito que tinha retribuído o beijo em Adrien... Ah, Adrien... Ele não havia mais conversado comigo, sequer ficou online nas redes sociais naquele dia. Eu queria ter entendido sobre o nosso beijo, o que significava para ele, por que ele me beijou??? E por que eu não estava SURTANDO por causa disso? Realmente, eu estava muito estranha naqueles dias, concordo veementemente.

Como o inverno estava chegando em Paris, decidi costurar umas luvas para dar de presente ao Adrien, sendo tudo ideia da Tikki. Ela é mesmo um gênio.

- Tem certeza que eu tenho que fazer deste jeito mesmo? Não vai ficar "muito na cara"?

- Que nada! Isso só vai provar para ele o quanto vocês são almas gêmeas por você ter... Feito tão parecido ao cachecol dele!

- Eu fiz o cachecol dele! - falei, um pouco convencida. - Espero que isso seja a chave para a nossa união de novo. Eu amo o Adrien, mas, amo mais ainda ser a amiga dele. Imagino o quanto deve ser doloroso ter um pai tão rígido, fazer coisas forçadas só para agradá-lo, a... a perda da mãe.

Fiquei em silêncio por alguns segundos refletindo, pois se no futuro nós fôssemos mesmo ficar juntos, de certo eu iria ajudá-lo a superar toda a sua dor e insegurança. Eu precisava ajudá-lo, de qualquer maneira. De repente, escutei um barulho de batidas na janela do meu quarto. Me levantei rapidamente, enquanto Tikki se escondia, me aproximei da janela e então eu vi que era ninguém menos que o Cat Noir. Se ele está aqui a uma hora dessas, com certeza está preocupado com algo. Subi pela escada do meu quarto até a portinha que dava acesso a varanda. Encarei o garoto loiro mascarado que jazia sentado na grade da varanda. Ele estava de costas para mim.

- É... - tentei falar algo, porém, primeiramente, senti uma onda de frio intensa ao sair de dentro do quarto. Abracei o meu corpo e então me aproximei dele. - Você quer entrar?

Cat Noir apenas balançou a cabeça afirmativamente, sem falar nada. Tive um pouco de medo das atitudes dele, no entanto, só quis saber o que estava acontecendo quando entramos no quarto. Falei para ele que iria pegar alguns biscoitos e chá quente. Não me demorei muito na cozinha e tão logo voltei ao encontro de Cat Noir. Ele estava parado em frente a um mural em que tinham fotos do Adrien. Quase tropecei em mim mesma ao ver aquela cena.

- V... você está bem? - o gato se virou para mim ao ouvir um barulho atrás de si.

- Tô... - minha voz enfraqueceu, enquanto eu me recompunha.

Deixei a bandeja com os biscoitos em cima da minha mesa de computador e me sentei na cadeira giratória em frente a máquina de costura. Senti um clima estranho entre a gente, por isso, não olhei para ele.

- Sabe, Marinette... - começou o garoto, com a voz trêmula. - Eu tenho um poder terrível, o Cataclismo. Eu posso destruir o que quiser, porém, apenas uma vez. Apenas uma vez eu posso destruir alguma coisa. Mas, quando eu estou sem a minha máscara... o meu poder só aumenta.

Me virei para ele, finalmente o encarando. Seus olhos verdes estavam fixos em mim. Aquela conversa estava mesmo estranha.

- É como se... como se eu pudesse destruir todas as coisas ao meu redor sem a intenção, entende? Os meus relacionamentos, minhas amizades, meus amores... é como se eu destruisse as melhores coisas da minha vida.

Cat Noir mordeu o lábio inferior com força, olhando para a parede.

- Eu só queria parar de destruir a minha vida... - o garoto colocou as duas mãos na mesa do computador, fechando os punhos. Ele começou a chorar.

Será que eu posso AMAR VOCÊ?Onde histórias criam vida. Descubra agora