Capítulo 3

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Meus sonhos foram muito bagunçados causando apenas um sentimento confuso de euforia, agonia, raiva, alegria, eu parei um tempo ainda com os olhos fechados tentando me lembrar com o que havia sonhado, o rosto do garoto aparecia algumas vezes em lapsos momentâneos da memória. 

Assim que despertei totalmente observei que minha coxa não tinha mais um buraco profundo feito pela mordida do Deponial e não doía mais, seja lá o que aquela pasta verde fez ela foi incrivelmente rápida, apesar da minha  perna esquerda ainda incomodar presa as talas que a imobilizavam, os arranhões profundos no meu braço se tornaram cicatrizes de linhas grossas Me levantei com pouca dificuldade sem sentir muita dor olhei em volta e de novo, o garoto não estava lá. 

A casa parecia um pouco menor agora que eu me sentia bem e podia ficar de pé sem dor. Além da sala onde me encontrava e a cozinha na minha frente, havia apenas um outro cômodo pequeno como hall de entrada da porta, e na cozinha no canto oposto havia uma escada que levava para cima. Subi cuidadosamente puxando minha perna esquerda presa a talas degrau por degrau. Lá em cima havia duas portas abri a primeira que estava próxima a mim era um banheiro, estava cheio de poeira e sujo abri a torneira e me pus de frente para o espelho, não esperava que saísse realmente água de lá, mas contrariando as expectativas a água jorrou limpa sobre minhas mãos olhei para mim mesma no espelho e eu não conseguia me imaginar pior do que eu estava mesmo tendo experiências tão ruins quanto. Lavei meu rosto e saí dali indo em direção a próxima porta, mas assim que forcei sua entrada ela não cedeu parecia estar trancada ou emperrada e pra uma porta velha ela era bem resistente. 

Descendo as escadas novamente fui para a cozinha, ela era uma verdadeira bagunça havia muita coisa jogada em cima da bancada e em grande parte era material manual, como martelos, madeira, faixas tinha também latas de ensopado em conserva no canto. Na verdade grande parte das coisas eu não entendi o que era e antes que eu pudesse mecher em algo a porta da frente se abriu e o garoto surgiu depois de tirar a parte de cima do seu traje grande e esquisito, eu estava até me acostumando com aquilo. 

- Olha só, a muda raivosa acordou! Bom saber que você se sente melhor garota porque temos um lugar pra ir e como você não fala muita coisa, nessa situação atual... quem cala consente. Vamos logo! Pega esse casaco aqui - disse jogando pra mim - lá está frio por enquanto então vai precisar, não quero que congele no meio do caminho, te carregar uma vez não foi fácil se eu fizer de novo com toda certeza minha coluna pede demissão. Então? Está pronta? Ótimo me segue.

   Enquanto eu andava pensava que eu definitivamente já poderia ir embora, de fato não havia mais um grande problema que me impedisse de ir. Então decidi que iria embora na primeira oportunidade quando eu sentisse que deveria ser a hora, naquele mesmo dia. Eu seguia o garoto estranho com roupa de ursão que andava devagar me acompanhando, eu não sei como ele enxergava em baixo daquela coisa mas também havia muito nele que eu não entendia. Nós fomos para além da cidade deixamos as ruas destroçadas e sujas e agora estávamos no meio da floresta, quanto mais andávamos mais eu podia escutar um barulho torrencial de água e também sentia que estava ficando mais quente.

- Eu achei que esse lugar seria muito bom... pra sua recuperação claro, e também eu preciso achar umas plantas diferentes pra fazer curativo. Se já estiver quente pra você pode tirar o casaco essa água vem de uma fonte termal você pode achar estranho, mas o que mais não é estranho nesses tempos de agora? Por isso o clima muda. 

A alguns passos a frente pude ver a água, ela corria em caminhos largos e alongados em curvas entre árvores e arbustos parecia um tipo de rio escondido no meio da floresta, a luz solar se irradiava acima das copas das árvores por onde podia se infiltrar na densa vegetação e a essa altura eu podia sentir um calor mais aconchegante, tirei o casaco e me aproximei da água e o garoto tirou seu traje de ursão e também se aproximou da água, no entanto ele desamarrou os cadarços das botas e as jogou para o lado junto de seu traje, em seguida de um instante que pisquei os olhos ele pulou na água e emergiu segundos depois.

Preciso Te Ver Além Do Céu NoturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora