Dario apesar das ocupações em estar estudando todo o perímetro da cidade subterrânea e tentando lacrar todos os caminhos possíveis que possam futuramente render ataques de fora, o trabalho do setor dele vem se ajustando e chegando em resultados finais o que o deixa com mais horas vagas para passear comigo, Joab e Alan. Dario vinha sendo muito insistente e empolgado com meus avanços e constantemente me desafiava em pequenos desafios e golpes mais elaborados, alguns ele ganhava outros eu consiga ser mais esperta e por assim seguíamos, Joab e Alan aprenderam a ter muito cuidado em fazer as apostas pois quais quer que fosse o desafio ambos tinhamos chances certeiras de vitória.
Os resultados de todo o treinamento vinheram mais rápidos do que eu imaginava, minha acertividade nas situações de risco vinham sendo promissoras e muito elogiadas por Kírio que vez ou outra esboçava um sorriso orgulhoso que me fazia sentir orgolhosa de mim mesma, mas ela ainda continuava rígida da mesma forma. Meu olhar para tudo vinha se transformando e por mais que eu treinasse aquilo não iria garantir que eu seria uma boa herdeira ou comandante pro povo de Kahaal, isso também foi o que pesou nas últimas conversas da cúpula que não mediam esforços pra demonstrar a preocupação.
Eu olhava para cidade luminosa e tentava entender todas aquelas pessoas, aparentemente aquele grupo era forte mas temeroso, o medo vinha de mim e do meu futuro, eu teria que ser forte e ser sábia e conduzir a prosperidade, que no caso era a extinção do maléfico que hondava nossas portas. O poder de Kahaal era inevitavelmente o poder protetivo contra Deponiais, existiamos para transforma-los de volta ao que sempre deveriam ter sido, pó, apenas isso, para que voltassem a serem inexistentes num trecho de vida que não os pertencia. E quanto mais eu pensava, mais eu quebrava a cabeça para descobrir a origem daqueles animais demoníacos chegava a questionar a própria existência de Kahaal, e qual dos lados estaria vivendo a base do outro. Se um fosse dizimado o que aconteceria com o outro? Mas as interligações de ambos apesar de profundos não pareciam afetar a existência numa ligação de vice e versa e tudo aquilo parecia complicado demais para mim, então logo pode concluir que eu não seria tão boa na minha função de herdeira, afinal de contas, quantas mais já não tentaram eu era a décima quinta nessa bagunça toda, a que cresceu longe de tudo isso e foi arremessada de volta para o destino, logo não pareciam ser boas chances.
Jerley e a Dina são pessoas que eu vejo ocasionalmente justamente por andarem muito com a Aretha, Jerley aos poucos parece recuperar seu humor sarcástico mas ainda preserva a dor que o retrai na maioria vezes, Dina por vezes acompanha os meus treinos e não posso negar que a ligação dela com Aretha as vezes me incomoda mas eu sei que aquilo é algo que nunca vou ter com ela pois seria necessário ter alguma vivência de anos a mais para comprender a relação de ambas. Os três seguiam missões de rastreamento da garota demoníaca pelo lado externo mapeando as ruas tentando encontrar ela ou qualquer pista que fosse, eu me esforcei muito para ser incluída nessa missão mas minha permissão foi irrevogavelmente negada diversas vezes, foram os momentos que mais conversei com meu pai.
Ele insistiu em dizer que aquilo era um trabalho desnecessário para mim e que eu devia me ocupar com meu progresso, ele falava com uma extrema preocupação na voz e ao fim de cada conversa ele beijava minha testa e dizia que estava orgulhoso, mas apesar do carinho eu me sentia aborrecida por ele me negar aquilo mesmo que fosse compreensível. Eu não poderia dizer a ele o motivo de tanto querer acompanhar a missão, aquilo era um assunto muito pessoal como um acerto de contas pendente mas no fim eu aceitava e três dias depois voltava a questiona-lo isso durou um tempo até que eu finalmente parei, já que nenhuma das missões de procura deram resultados imaginei que aquilo aconteceria quando fosse necessário afinal ela não desapareria para sempre, em algum momento eu a encontraria novamente.
Toda essa história do Velho e garota e o meu bloqueeio agora estava mais claro que nunca. Eu repetia a mim mesma que estava pronta e preparada, mas algo em mim se quebrou quando matei o garoto e isso não era algo que eu conseguisse concertar, matar o garoto foi como me igualar ao mal do Deponial eu me assemelhei a sua crueldade e agora como eu teria forças pra usar o fluxo de luz se eu me sentia manchada de sangue? E tudo só piorou com a garota da cela ao lado, ela estava viva todos esses anos e agora já não era tão humana e ela sabia o que eu tinha feito, são apenas mais demônios que me perseguem tentando me unir com eles. Ainda com o maldito Velho e seu império na orla de Magnatarios aquilo não era despretencioso, mas seja o que fosse eu deveria mata-lo por tudo que está fazendo, esse sentimento de ódio nebula minha clareza quando tento absorver o fluxo da luz que há em mim. Tudo é um empecilho e vai se acumulando.
E eu penso como seria ter vivido ali, do lugar que eu nunca deveria ter saído. Olhando para as paredes fechadas e rochosas de Kahaal eu indentifico uma vida que teria sido muito mais livre de todas essas travas que me impedem de progredir. Quanto mais eu convivo com o povo de Kahaal mais o vínculo com aquele lugar vai crescendo e sinto que devo honrar minha casa, mas não consigo negar meus problemas e apesar de tudo isso ser ligado a mim me sinto parte e me sinto forasteira de tudo. No entanto repito a mim mesma que vou conseguir de alguma forma o domínio da aura primogênita, me sinto forte cada vez mais e isso não é uma ilusão, nem da boca pra fora, é uma verdade intacta e promissora.
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Preciso Te Ver Além Do Céu Noturno
Ficción GeneralNum mundo apocalíptico a beira da extinção dominado por seres bestiais, Leona sobrevive sem memórias de seu passado. Após ser salva por um garoto desconhecido, sente que seus destinos se uniram em meio ao caos mesmo com receios em relação a ele. Amb...