Capítulo 10

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   Minha cabeça doía muito, meus olhos estavam pesados e tudo que eu conseguia ver não passava de manchas escuras por vezes a voz de Vicent soava ao fundo mas minha mente distanciava seu timbre, separando-o de mim em um nível de subconsciente infindável. Me sentia como uma boneca de pano, sem vontade, sem expressão, sem força, sem vida, sem peso, carregada de um lado para outro sem consciência.

    Não sei por quanto tempo fiquei nesse estado letárgico e nem que caminho pegamos para chegar até ali. Tudo parecia envolto numa massa pesada de ar, meus pensamentos, meu corpo, toda a situação novamente me fez lembrar do Velho, da sala escura em que ele me enfiava e de tudo o que fiz por causa dele e tudo o que ele fez a mim, naquela época eu vivia em estado quase que vegetativo em tempo integral e somente quando esse pensamento me veio a cabeça uma corrente elétrica rasgou de dentro de mim eu gritei desesperadamente tentando alcançar meus sentidos, minha vontade, minha força, tudo que me pertencia e foi por tanto tempo reprimido em mim. 

- Segura ela! Amarra aqui! Eu vou dar um jeito nesse idiota também!

- LEOOONA! - gritou Vicent, em seguida foi socado na barriga e cuspiu sangue no brutamontes que o segurava - Droga!! Que pouco cuidado você tem comigo... Mas veja só, você ficou bem mais lindão assim, sabia?  - disse enquanto deslizava a lingua sobre o labio inferior limpando o pouco de sangue que derramou provocando seu agressor.

    Seu grito perfurou a camada de névoa que cobria meus olhos, um dos magnatarios apertava uma corda ao redor do meu corpo e tentei me desvinciliar das cordas mas ele segurou com força e me empurrou na cadeira apertando ainda mais forte e me prendeu ali. Vicent já estava preso na cadeira ao meu lado, ele parecia horrível com corte no supercílio direito o nariz estava torcido de maneira estranha, um dos olhos estava baixo e escorria algumas gotas de sangue do corte no lábio superior, seus braços estavam sujos e com arranhões, suas roupas estavam um pouco rasgadas percebi que ele veio lutando todo o caminho, mal podia acreditar que ainda tinha forças. 

- Eu não acredito que você não conseguiu apagar esse moleque! Você é uma vergonha! - falou um dos homem a nossa frente. 

    Além dos dois que nos arrastaram tinha outros cinco nos encarando olhei em volta e achei o espaço muito aberto até muito limpo pra ser um dos prédios dos Magnatarios, tinha algo estranho naquele lugar. 

- Mas ele estava apagado! Acordou no meio do caminho, fala senão foi isso Célio?! 

- Sai fora! Se tivesse batido com vontade o moleque estava até agora vendo estrelas! - respondeu o outro. 

    No mesmo instante o encarei, foi ele que me atacou e me prendeu aqui ele era menor que o outro, mas ainda assim grande ele tinha o cabelo raspado, um rosto redondo e uma voz cortante. 

- Não adianta tentar se livrar disso! Você foi mole! - provocou um dos outros atrás dele. 

    Vicent bufou.

- É... Verdade! Ele bate como eu, quando eu tinha 2 anos! - a voz de Vicent soou pelo espaço de maneira suave ocupando os espaços.

- Você acha que está em posição de brincar?...... Há, você vai ser um garoto morto em menos de 2minutos! - vociferou o grandão que o havia arrastado. 

- Uiii! Mecheu no ponto G do Márcio! - um outro mais atrás falou em seguida de uma gargalhada que preencheu a sala, ele era mais magro e com uma expressão presunçosa no rosto.

  Márcio seguiu a passos largos em direção ao Vicent que mantinha a cabeça baixa, no entanto ele sorria e todos os outros apenas olharam para ele, imaginei que ninguém realmente impediria nada e eu ainda não sabia o que eles queriam de nós mas não era difícil de imaginar, Magnatarios tomam as pessoas pra si e as colocam contra sua vontande dentro das paredes sufocantes de seus domínios para "aumentar a população" e para serviço escravo.

Preciso Te Ver Além Do Céu NoturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora