Capítulo 36 (Vicent)

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   O pai de Léon estar ali naquele lugar era algo que me entorpecia os sentidos, eu mal conseguia olhar para o rosto do homem que ajudou a matar Léon, me fazia lembrar que o mesmo havia me dito para não deixa-los vencer, mas naquele momento parecia que haviam me suprimido, eu estava preso numa jaula sofisticada e estranha envolta de toda a escuridão que uma vez senti ser parte de mim, e agora novamente uma sensação estranha e familiar me cobria, não lutei contra eu deixei que me dominasse, era como uma expansão de mim mesmo, me sentia protegido contra ambos os estranhos que estavam ao meu lado.

    Não baixei minha guarda, mantive a aura poderosa que seguia próxima a mim, me deixei ficar na defensiva a favor da sensação fria e escura que se exercia através daquele ambiente. E assim fiquei pelas semanas que se passavam, Demétrios não ousou se aproximar de mim, e eu não perguntei nada a ele, o máximo que eu o via fazer era conversar com o ouro homem que estava ali, o assassino, eu me reprimia no lado oposto do galpão, era um lugar extenso então usei isso ao meu favor. Em poucos dias eu pude sentir o sussurrar falho e antigo familiar novamente alcançar meus pensamentos, ele apenas cantarolava num ritmo calmo e suave, me levando ao sono diversas vezes, como se cantasse para que eu adormecesse, o que era inevitável para mim.

    Após muitas noites e dias, ate que perdesse a noção da passagem do tempo e horário, sempre trancado naquele galpão, passei a gritar comigo mesmo para que o cantarolar suave parasse, o assassino que me acompanhava pela primeira vez desde que chegamos se aproximou de mim, ele me agarrou pelos braços e me jogou em uma cadeira, a voz em minha cabeça ainda cantarolava, somente quando me vi amarrado completamente em panos molhados e manchados que escorriam pela minha pele foi quando eu percebi que a voz havia parado, ele não cantarolava mais para mim, no entanto a aura poderosa que me cobria parecia ter se inibido, sua presença era menor do que pude sentir antes. 

   O assassino estava sentado na cama a minha frente me encarando com um olhar dubio e sugestivo que não pude decifrar, ele tinha uma garrafa de vinho próxima ao pés, esticou o braço magrelo a garrafa e levou-a a boca engolindo pare do liquido alcoólico que continha no recipiente, ele passou o punho esquerdo sobre a boca de maneira grosseira limpando parte do liquido que escorria pelo queixo, ele ergueu o dedo médio para mim chamando minha atenção.

- Eles me garantiram que isso aí ia e segurar! Espere até o Demétrios chegar está bem? – falou levando a garrafa novamente a boca.

   Suas palavras rodaram minha cabeça me fazendo ser guiado ate meus pulsos e pernas presos na cadeira. Eram faixas grandes de um pano fino enrolado diversas vezes reforçando a força e cuidado para que eu não me soltasse, o que me deixou muito apreensivo e enjoado foi notar que toda a extensão do tecido estava manchada de um vermelho escuro e intenso, logo notei que aquilo se assemelhava ao sangue, e uma sensação me espetava no âmago trazendo uma falha memoria muito embaçada da mesma sensação de quando encontrei o casal de cabelos brancos na floresta.

- O que é isso? – questionei com uma sensação maior de repulsa.

   O homem se virou para mim desviando o olhar de sua garrafa.

- Isso? Eu não perguntei... Até porque parece óbvio. Algum pobre coitado caindo nas mãos de Demétrios e suas experiencias malucas, o sangue afinal teve utilidade contra você. – disse num meio sorriso – Bichinho curioso você é! Eu não entendo como funciona, mas pra mim você ficar pirando como nos últimos dias, e ainda ter uma influência sobres os diabos asquerosos lá em cima é de assustar!

- Eu também não sei como funciona! Não sou como eles. – rebati de súbito.

- Ainda não sabe, mas acredito que logo vai saber. É seu a final de conas, só precisa de uns ajustes.

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⏰ Última atualização: Oct 21, 2020 ⏰

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