Capítulo 16

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     Sua voz até então firme estava inaudível como um sussurro suave demais para ser detectado, ele me olhava incrédulo seu rosto tinha uma expressão de dor e eu não conseguia falar nada, nem mesmo Dario se pronunciou. O homem a minha frente era mais novo do que eu imaginava, alto de ombros largos, braços grandes, pernas combridas, maxilar marcado e barba feita com seu cabelo espetado e branco, sua pele pálida tão contrastante a minha, ele mantinha uma das mãos fechadas sobre a boca como se segurasse algo dentro de si, seus olhos estavam petrificados na minha direção mas eram intensos e cheios de amor.  Ele andou a passos vagarosos até mim, eu não me mechi deixei que se aproximasse. Ele pôs uma das mãos em meu ombro direito em seguida pôs a outra mão no meu ombro esquerdo, me encarava profundamente. 

      Seu olhar era mais que familiar era revelador e eu sabia do fundo do coração que aquele homem era bom, que me amava, que sentia dor e eu pude ter flashs pela primeira vez na vida de algo que não fosse a rua elameada, eram apenas o olhar dele para mim, cuidando de mim, sorrindo para mim, brincando comigo. Eu desabei na mesma hora e ele me segurou me abraçando forte, eu senti mais do que conforto, senti que minha vida estava salva que eu nunca precisei de uma segunda vida eu só precisava volta pra a minha vida de verdade.

      Ele me ajudou chegar até uma poltrona onde me sentei sem questionar, ele arrastou uma cadeira e sentou de frente pra mim, ainda com seus olhos maravilhados e marejados. Dario acompanhava a tudo ao nosso lado.

- Eu... - ele tentou falar olhando para mim - Você está linda! Muito linda mesmo.. eu, eu nem sei o que dizer... Dario, você não ta mais de castigo. Esquece o castigo, está bem?! - falou virando-se para Dario que riu de leve.

- Pois é chefão, o garoto aqui se superou dessa vez! - falou ele  pondo uma das mãos no ombro dele.

      Não sei quanto tempo passamos ali, mas Dario contou a história toda de como me encontrou e como cheguei lá, até sobre ter sido capturada pelos Magnatarios e a parte do roubo do carro fez com que eu me encolhesse constrangida, vendo dessa pespectiva era meio vergonhoso que eu tentasse roubar o carro das pessoas que eram minha família. Sobre o sequestro dos Magnatarios o homem a minha frente esfregou as mãos nervosamente com uma expressão de repreensão.

- Então ela está sendo seguida? - perguntou, e Dario assentiu - Tudo bem podemos dar um jeito nisso. Tem uma marca de runa antiga que pode oculta-la.

       Ele se levantou e foi até sua mesa pegou um dos livros e folheou as páginas, foi quando notei que nas paredes havia estantes que iam do chão até o teto apinhado de livros de todos os tipos e formas. 

-  Provavelmente aquele miserável, desgraçado, pegou seu sangue para rastrea-la quando te capturou. Se tivesse demorado mais um pouco ela poderia ter morrido. - murmurava para si enquanto passava as paginas violentamente.

- Mas eu encontrei bons amigos que me salvaram dele! - falei.

- Sim! E eu agradeço aos seus amigos, mas nunca mais vai correr perigo tão grande. - falou enquanto ainda folheava as páginas.

     Suas palavras me atingiram, e me lembrei de Vicent, Morgon, Tabatha e todos eles, eu tinha dito que voltaria e queria comprir com a promessa, ainda não era a hora de voltar no entanto as palavras dele me atravessaram como se eu não pudesse mais ve-los.

- Mas sempre vai ter perigo né?! Quer dizer... eu vou poder voltar a ve-los, certos? 

- Não seria o ideal! - respondeu subitamente.

-Mas você não pode! Eu vou voltar a ve-los sim! - insisti me pondo de pé, ao que aquele homem, meu pai, largou os livros e me encarou pesaroso.

- Não é o ideial! Você vai ta sendo seguida.

Preciso Te Ver Além Do Céu NoturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora