A Decisão De Uma Vida

Capítulo 4 - Beatriz

Entro no quarto de Elizabeth, e vejo a tela do celular dela acender. Chego mais perto para ver quem mandou mensagem. Foi o tal de Sam.

Que cara chato! Não deixa ela em paz. Escuto o barulho de água caindo. Ela está tomando banho... Pego o celular dela e vejo que não tem senha .

Devo responder ? Claro que não, Beatriz. A mensagem não foi pra você... Ah, mas esse cara já tá enchendo o saco. Ele vai ter o que merece.

Pego o celular dela e começo a digitar.
" Oi, Sam, então acho que é melhor a gente não sair mais não. Desculpa."
Ouço passos. Ela deve estar vindo.
'' tenho que largar esse celular , mas antes tenho que apagar a mensagem.''

Que droga ! A merda do celular não quer apagar a mensagem. Mas ela tá vindo , que merda!
Solto o celular na cama, mas Beth vê.

- Por quê você estava mexendo no meu celular?

- Eu ? Eu não.

- Como não? Claro que estava . Eu vi você jogando ele na cama , quando eu entrei.

- Acho que você tá imaginando coisas...

Não colou. Ela pegou o celular e viu a mensagem. Ficou nervosa. Olhou pra mim e falou quase gritando:

- Por que você respondeu o Sam?

- Por que ele já tá enchendo o saco, Beth.

- Enchendo o saco de quem? Meu que não é. Ele não fez nada pra você. Por que diabos você fez isso ?!

- Por que não tem sentido você sair com ele . Eu não quero.

- Você o quê?! Olha, você pode ser minha chefe, mas não é minha dona. Sai daqui. Agora.

- Calma, Beth. Desculpa. Não vamos deixar esse homem estragar a nossa noite.

- Primeiro: você não é minha amiga, então para de me chamar de Beth. Segundo: hoje de manhã eu vi guimbas na minha sala toda. Você simplesmente fumou no meu sofá. E agora, pegou o meu celular e respondeu minha mensagem, e só pra deixar claro tudo sem a minha autorização. E agora falou de mim, como se fosse minha dona. Sai daqui, agora. Só quero te ver na empresa. Só. Sai .

- Olha, me desculpa. Eu pensei que poderíamos ser amigas. Mas já percebi que você não quer isso.

Resultado de tudo: fui expulsa da casa dela. Eu não entendo. Por que ela quer tanto sair com ele . Ele nem é tão bonito assim. Quer dizer, tá ok ... talvez ele não seja tão feio.... ele é bonito.

Mas não precisava desse escarcéu todo por causa dele. Que saco. Eu só queria companhia. Eu gosto dela. Ela é bem interessante e divertida. Mas fazer o que né. Fui expulsa.

Vou pra casa, e me jogo na cama. Por que eu estou com tanto ciúmes dela. Sim, é ciúmes. Não tem como ser outra coisa. Não tem condição. Mas , também não tenho motivos pra ficar com ciúmes dela..

Será que eu estou gostando dela ? Não, não Beatriz. Eca, você não gosta de mulheres. Você gosta de homens. Sim,sim é isso. Tá ficando louca ?
Você não pode estar gostando dela. Afinal de contas, você nem a conhece direito.

Olho para o teto. Será que meu coração quer me enganar? Sim, por que ele é muito do enganoso. Já pregou peças várias vezes. Me apaixonei e não fui correspondida. Não tô nem eu condições de me apaixonar de novo. Meu coração está dilacerado.

Também né, ser traída não é fácil. Mas eu entendo que, já não éramos tão felizes como antes. Mas nada justifica uma traição. Eu tentei perdoar e recomeçar, porém eu vi que não era pra ser. Então, não foi.

Eu só queria uma companhia. Odeio ficar em casa, só. No trabalho, estou sempre rodeada por várias pessoas. Porém estou sempre só. Não tenho muitos amigos aqui.

Mas pudera, eu meio que me tranquei e me isolei do restante das pessoas. Só que com Beth é diferente. Dela eu quis me aproximar. Mas agora acho que,de mim, ela vai querer distância. Ou seja, ficarei sozinha novamente.

Quer saber ?! Nada do que eu plantar na minha cabeça cheia de minhocas, vai fazer diferença quando eu encontrar com ela amanhã . Só saberei como estamos, amanhã. Então o melhor que eu posso fazer é dormir.

O dia amanhece. Levanto sem nenhuma pressa, e me arrumo pra o trabalho. Chegando lá, a busco com o olhar. Não a encontro. Será que ela desistiu de tudo?! Ela não pode fazer isso,comigo.

Cadê a Beth?! É só o que vem na mente. Por que ela não está aqui? Depois de algum tempo quase sem ar e me  sentindo sufocar, a vejo. A vida parece voltar a ter cor. E solto o ar que eu não sabia que prendia.

Vou em direção dela. Ela desvia. Minha alma parece se contorcer com aquela pequena rejeição aquela pequena rejeição. Por que me sinto assim? É como se eu estivesse dependente da atenção dela. Isso não está certo. O que é isso que eu tô sentindo?

Não me importo com o que estou sentindo. Apenas vou atrás dela. Ela vai até a minha sala. Entro. Ela está sentada á minha espera. Fico perplexa com tudo. Ela me encara, antes de dizer :

- Não vou mais trabalhar aqui. Nem muito menos pra você.

Sinto algo parecido com uma facada no estômago. Olho pra ela, tentando manter a calma.

- Como assim não vai trabalhar pra mim? Nem aqui ?

- Depois do episódio fatídico de ontem, eu me recuso a trabalhar com você.

Respiro fundo..

- Desculpe mas você não pode sair daqui. Por três  razões, você assinou um contrato comigo por dois anos, você não tem outro lugar pra trabalhar e precisa desse emprego. Sem falar,que se você se demitir, eu programo pra que não consiga emprego tão cedo. Então, o que vai ser?

- Você não pode me obrigar a trabalhar pra você. E não é certo me  ameaçar ou me impedir de trabalhar em outro lugar.

- Você que está me obrigando a fazer isso. Misturou assuntos e questões pessoais com trabalho e está querendo desistir da vaga. Não posso deixar que faça isso.

- Eu só não rasgo o contrato por que eu preciso da vaga. Mas vou trabalhar pra você, com o máximo distância entre nós. Tenho raiva do que aconteceu. Não vou ser sua amiga , nem próxima de você.

Ela diz isso e se retira da sala. Não queria esse clima tenso entre nós. Agora ela vai trabalhar pra mim, mas com raiva de mim. Não sei por que me importo tanto com ela continuar aqui. Talvez seja porquê ela ainda vai ter que pagar o apartamento dela.

E também né, ela precisa se manter. Acho que é porque eu vi as condições que ela está. Não vou dizer que  está horrível. Mas ela precisar se firmarem um lugar. Deve ser por isso.

Mas, ok. Nada mais importa, além do fato que ela continua aqui e vai poder se sustentar.

Está aqui embaixo das minhas asas de proteção. Igual filhote embaixo das asas da mãe para se proteger. Eu irei protegê -la e ajudar no que for preciso. Serei a pessoa com a visão de águia na vida dela pra cuidar dela.

Ela será minha cria. Minha protegida. O porquê de eu querer fazer isso? Não tenho ideia. Mas, dentro de mim sinto que devo fazer isso. Então, farei. O motivo,depois irei descobrir.