Capítulo 9 - A pauta

25 0 5
                                    

Reunião no dia seguinte. Me encontro com Sam e com Bia. Uma bela manhã de terça-feira, um dia antes do meu prazo de entregar a pauta, chego extremamente feliz.

Mesmo com a ligação totalmente tosca da Bia, na noite anterior. Que foi torturante, passei a noite toda em claro, pensando na droga da situação que Bia criou.

Mas, assim que entro na sala de reuniões, esqueço esse assunto. É hoje, que entrego a minha pauta e tenho que arrasar nessa matéria.

Explico toda a minha pauta, e sou aplaudida. Porém, Sam, continua a me encarar. O mesmo que fez durante toda a minha explanação.
Aguardo uma posição dele.

Ele me olha, e diz:

- Sua matéria é muito explicativa, e escancara todos os crimes de corrupção do Ministério Público, porém, acredito que poderia ter sido mais profunda. Mas, tem um bom embasamento técnico, pode publicar. Se continuar assim, terá futuro aqui.

- Muito obrigada, chefe. Dei o melhor de mim, nessa matéria.

Saio da sala, muito orgulhosa e feliz comigo mesma. Vou para a copa da empresa, tomar um café. Me encontro com um dos meninos do correio.

Ele me olha, atentamente.

Me viro pra ele. O olho enquanto, ele desvia o olhar.

- O que deseja? Posso ajudar?

- Desculpe se a incomodei. É que,o seu sucesso na matéria que o nosso chefe lhe deu, já corre por toda empresa.

- Como assim? O que estão dizendo?

- Nada de ruim. Na verdade, estamos todos surpresos pela qualidade da sua pauta, mesmo com pouco tempo. O último estagiário que recebeu essa delegação, foi demitido.

- Demitido? Mas por quê? Ele foi tão ruim assim ?

- Sim. A pauta dele não tinha base. Nem conteúdo firme, ou algo que realmente desse sentido e ligação à matéria. E por isso, ele teve esse fim.

- Entendi. Pensaram que eu seria demitida?

- Sim. Mas, todos ficamos na torcida, para que, você conseguisse apresentar algo realmente bom. Gostamos da sua pessoa, e do seu trabalho, e ficamos felizes com o seu resultado.

- Que bom. Fico muito feliz por isso. Obrigada. Como é seu nome?

- Por nada. Me chamo Jack.

- Foi bom te conhecer, Jack. Com licença.

Me afasto, e vou pra a minha mesa, pensando: " então isso já é um costume de pressão da empresa...ainda bem que eu consegui fazer uma matéria bem embasada, senão eu teria sido demitida."

Analiso os dados, e informações da minha matéria, e percebo que consegui colher as coisas bem rapidamente, na realidade.

Vou para a sala de edição, ver como vai a projeção da matéria pra amanhã. O número de pessoas que realmente leem jornais ainda é bem grande, e surpreendente.

Passo o dia acertando os detalhes, para a publicação da minha matéria na capa do jornal.

Vai anoitecendo, e o expediente acaba. E quando estou tirando as minhas coisas do armário, Bia vem falar comigo.

- Beth, vem cá, tá tudo certo pra sábado né ?

- E por que não estaria?

- Sei lá, é que você pareceu meio chateada no telefone. Pensei que iria desmarcar.

- Não, foi impressão sua. Eu estava bem tranquila ao telefone.

- Não, você não estava. Você bateu o telefone na minha cara.

- Não, foi isso não. A ligação que caiu. Mais fiquei com preguiça de retornar, e acabei dormindo.

- Humm, sei...

- Você só veio pra me falar isso?

- Não. Queria saber se você tá afim de ir comigo no " barzinho " que eu conheci Ondessa.

- O que diabos eu faria lá? O que você vai fazer lá?

- Bom, eu vou ir vê -la e pensei que você poderia ir me fazer companhia.

- Quer dizer segurar vela?! Não, obrigada. Prefiro amarrar uma corda no pescoço com uma pedra e me jogar de um prédio, do que segurar vela pra você.

- Nossa, não precisava ser tão grossa, só bastava dizer que não.

- E foi exatamente o que eu disse. Que não.

Vou andando em direção à porta pra sair da empresa e ela vem atrás de mim, pedindo pra eu ir com ela. E é quando eu vejo Jack saindo também.

Ele vai ser a minha salvação, penso.
Corro em direção à ele. Ela corre atrás de mim.

- Vamos Beth, vem comigo.

Me aproximo de Jack e o abraço pelo pescoço.

- Não, posso, eu vou sair com Jack. Ele me convidou pra jantar, para falarmos sobre a minha matéria.

- Isso é verdade, Jack?

Jack, nos olha meio sem entender nada, mas confirma a minha história.

- Sim,Bia. Eu me interessei muito pela pauta dela.

- Poxa, Beth. Você podia ter dito antes, né?

- Ah, é que eu fiquei sem graça. Mas é por isso que eu não posso ir com você.

- Certo, mas, sábado a gente vai sair e você vai conhecer ela.

- Sim, claro.

Ela vai embora, aparentemente, meio chateada mais vai de boa. E enquanto isso, Jack fica me olhando,esperando uma explicação.

- Bom, me desculpa por ter te envolvido nessa história. É que eu realmente não queria ir, e ela ia ficar insistindo até eu ir.

- Entendi. Aí então você resolveu me usar como álibi.

- Sim, desculpa. Não fica chateado comigo não tá?!

- Só não fico se você aceitar sair comigo,de verdade. Só pra a gente comer alguma coisa e conversar. Aceita ?

- Agora ?

- Sim, tem algum problema ?

- Eu tô toda desarrumada. Com a roupa do trabalho.. tô ridícula assim.

- Tá nada. Tá ótima assim. E outra coisa, ninguém além de mim, vai saber que voce usou essa roupa no trabalho. Vamos, vai..

- Tá bom, vai.

Pegamos um táxi, e ele me levar pra um restaurante. Sentamos e pedimos uns drinks. Vamos comer depois.
Começamos a conversar. Flui bem legal á conversa.

Ele é um tanto quanto interessante. Na verdade, ele é bem bonito. E ele me diz que tem a mesma idade que eu. Começou a trabalhar novo na empresa. Mas, gostou de ficar só na parte da correspondência. Por isso não quis sair.

Ele é bem engraçado. Me fez rir com piadas bobas. Sair com ele, estava sendo algo bem divertido.
A gente resolve pedir duas Steak Pie.

Comemos, e conversamos mais.
Depois, ele paga a conta, mesmo eu insistindo em dizer que poderíamos dividir.

E então, ele me leva até em casa. Nos despedimos com um abraço. Entro em casa, bem feliz com a noite que eu tive. Foi bem alegre, foi bom para que eu me descontraísse um pouco.

Tomo uma ducha. Ainda recordando os momentos que tive com Jack. Quem sabe, né?! Ele me pareceu ser uma boa pessoa.

Me visto, tomo uma xícara de café, e escuto música pra me deixar levar pela melodia. Fecho os olhos, pra deixar me imaginar na música. Mas tudo que faço é lembrar de Jack.

E dos momentos da nossa noite, como se estivesse vendo um filme mudo. É tudo acaba por ser mágico. Me perco em pensamentos, e me viro para o lado pra dormir um pouco.

A Decisão De Uma Vida Onde histórias criam vida. Descubra agora