Capítulo 18 - ???

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Olho pra ele fixamente.. ele consegue ler o que eu digo pra ele pelos olhos. Ele liga o carro, e segue em direção ao consultório de Katelyn.

Á uma quadra do consultório, posso vê - lo. Uma pequena casa branca, rodeada por outras casinhas que fazem parte de centros médicos.

O jardim do lado de fora, o silêncio e a calmaria que o lugar transmite é totalmente terapêutico. Gosto quando venho aqui. Apesar de não gostar de precisar vir.

Ela nos observa pela janela. Nós paramos em frente ao portão, mas por alguma razão, eu fico paralisada.

Meu corpo não me obedece. Não consigo me mexer. Sinto falta de ar. Meus olhos ficam esbugalhados, pedindo socorro. Ela vem em minha direção, antes de eu perder a consciência.

Apesar de saber que eu estou inconsciente, minha mente me leva à outro patamar visual. Eu me pego observando a minha vida, como que de trás pra frente.

E sei que teoricamente, eu posso estar morrendo. Até porque, dizem que a vida passa num piscar de olhos quando estamos perto de morrer.

E quando a minha mente aceita essa realidade, eu me apavoro, e tento acordar. Mas nada me obedece. Meus olhos insistem em não querer abrir.

E eu fico presa dentro do meu mundo visual esquisito que estranhamente fica todo branco, e aos poucos se enchem de rios pretos. E vão me consumindo até eu desaparecer neles.

Abro os olhos assustada e suando.

Katelyn e Adrian estão me observando aparentemente tranquilos e perturbados.

Percebo que tudo aquilo foi apenas um rompante de sensação de impotência. Um sonho. Uma visão. Qualquer coisa relacionada à isso, então me acalmo.

Eles esperam eu me tranquilizar, e então, Adrian vai pra o lado da sala de espera. Katelyn se senta em sua poltrona com seu caderninho. E eu ?
Me deito no recamier.

Conto tudo à ela. Minhas razões, que confesso são ligeiramente juvenis. Minhas preocupações, que são prematuramente insignificantes.

Conto o episódio de adrenalina impulsiva. Conto o que se passa no meu interior. E quando termino ela olha pra mim, e tudo que ela me diz é:

- Você tem feito um bom trabalho.

Que diabos isso quer dizer? Quer dizer que eu tentar me matar foi de boa, só por causa das coisas que aconteceram? Significa que eu posso ficar tranquilinha? Que tá tudo bem ?

Penso. Quero jorrar tudo isso nela. Mas sei que não posso. Manter o autocontrole faz parte do meu processo terapêutico.

Que droga.

Saio da sala, e Adrian entra. Eu sei que ela vai contar tudo pra ele, pra ele poder ficar " de olho " em mim. Isso ainda vai levar um tempo. Vou caminhar um pouco pelo jardim.

Desde a última vez que eu estive aqui, o que já tem uns dois anos, eles começaram a cuidar muito mais do jardim.  Está muito bonito.

As árvores estão podadas, a grama mais verdinha do que nunca. As flores estão lindas. Colocaram até um balanço.

Sento-me nele. Sinto as vigas fortes do balanço quando sento. Balanço-me devagar. Fecho os olhos. Sinto aquela brisa calma. O cheiro de terra, o cheiro das flores. Paz.

De repente, minha mente me traz à memória momentos felizes da minha vida. É bom relembrá-los. Mas é uma pena não poder voltar e vivê-los novamente. 

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