A Decisão De Uma Vida

Capítulo 19- A sina dos que esperam

Em Nova York... escritório de Sam...

- Sim, também acho que ela está demorando muito tempo lá, Bia. - digo ao telefone.

- Será que está tudo bem com ela?

- Deve estar. Senão ela já teria ligado pra a gente.

- Ligar pra a gente pra quê? Se estamos longe dela? Não faria sentido ela ligar pra a gente se algo acontecesse. Você tem falado com ela?

- Não, logo quando ela chegou lá, disse que não era pra eu falar com ela. Queria ficar sozinha.

- Pra mim também,disse a mesma coisa.

- Complicado. Qualquer novidade me liga,tá? Vou sair com Ondessa.

- Vocês estão juntas?

- Não. Mas, a gente se resolveu. Estamos sendo apenas amigas enquanto nada acontece...

- Você também está esperando Beth se resolver né?

- Estou. Mas, Dessa sabe. Ela disse que ia se afastar de mim quanto à isso. E que depois a gente resolvia a nossa relação. Bom.. tchau.

- Tchau.

Ela também está esperando Beth se resolver. Acho que atualmente é só o que eu tenho feito.

Olho pra o celular na esperança de chegar uma mensagem dela. Passo no café que ela gostava de ir, e compro os donuts que ela adorava comer de manhã, durante as pausas dela.

Sinto o perfume dela na rua, que se assemelhava ao doce perfume das orquídeas. Escuto suas músicas velhas que ela gostava de dizer que eram 'vintage'. Olho suas fotos, que espalhei pela minha casa e no escritório.

Tudo pra me sentir mais próximo dela. Pra me sentir de certa forma, preenchido. Não sei explicar.

Ela longe de mim, me faz sentir um enorme vazio. Sei que ficamos separados durante um tempo, e que eu não me senti assim.

Mas, eram outras circunstâncias. E agora, existe a mais remota possibilidade de nós voltarmos a estar juntos. E percebi que isso é o que eu mais quero.

Pego minha caneta e esboço uma carta pra enviar para ela. Será que eu faço certo? Seria melhor deixá - la sozinha como me pediu ? Ou será que é apenas isso que ela espera? Uma declaração?

Olho novamente para o papel e me sinto ridículo por querer fazer algo tão bobo. A escolha dela não vir por causa de uma carta. Vai vir do que o coração dela escolher.

Vou para o quarto e durmo um pouco. Acordo horas depois, com o meu celular tocando. Olho no visor pra ver quem é, e fico quase sem acreditar: é a Beth. Atendo.

- Oi, Beth. Como você está?

- Oi, Sam.

- Tá tudo bem? Você está com a voz meio chorosa, o que aconteceu?

- Mentiram pra mim, Sam. A vida toda, eles mentiram pra mim.

- Quem?

- Os meu pais. Que ao que parece, não são meus pais.

- Ai meu Deus! Onde você está?

- Eu tô na frente da casa dos seus pais.

- Sério?

- Sim.

- Entra, Beth. Você ainda lembra onde fica a chave reserva, certo?

- Lembro sim.

- Então, pegue. E entre. Meus pais estão viajando. Pode entrar.

- Sério?

- Sim. Pode entrar. Eu vou pra aí. Vou pegar o próximo vôo.