Capítulo 16

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Voltar a Knightsbridge, é bem único. Knightsbridge é o bairro onde meus pais moram. Eles vieram pra cá depois que eu nasci. Por isso, sou metade nova-iorquina e metade londrina.

Londres é linda. E morar perto do Palácio de Kensignton não é nada mal né? Eu que particularmente nunca gostei muito de morar aqui.. tudo muito chique, muito elegante. Sei lá. Não combina comigo.

Não gosto de muita extravagância. Gosto de coisas elegantes, mas nada em excesso. E minha mãe é a rainha do exagero. Ela nunca entendeu como eu fui puxar tanto ao meu pai.

Ele é mais na dele, mais de simplicidade. Ele só comprou a casa aqui por causa de minha mãe. Pra agradar ela. Ter dinheiro nunca fez dele um homem arrogante ou coisa assim. Ele é um bom pai. Ela também é uma boa mãe, claro.. mas sei lá.

Embora, nenhum dos dois tenham apoiado o meu sonho de ser jornalista. Diziam que era perda de tempo, de dinheiro e de disposição. E agora, com a minha volta pra casa só " prova " pra eles que estavam certos.

Mas, vou tentar não pensar muito nisso quando eu chegar lá. Vou só fingir que não sei que ambos estão secretamente felizes com a minha 'derrota' em Nova York.

O clima é bem ameno aqui. Não deve estar passando dos 12° F. Mas apesar do frio, tudo continua belíssimo. O Hyde Park ali perto.. o Palácio. Tá tudo elegantemente conservado.

Chego na frente de casa. Pego minhas chaves antigas na bolsa, e entro. Está tudo limpo e bem polido. Minha mãe deve ter pedido pra deixarem tudo preparado pra a minha chegada.

Embora eu achasse que eles fossem me buscar no aeroporto né... mas enfim, chego na sala e deixo de lado minhas malas. Olho ao redor, e não vejo ninguém. Nem mesmo o Mário, que é o mordomo daqui há não sei quantos anos.

- Mãe?? Pai?? Alguém aí ? - chamo

Espero um pouco. Nada.

- Mãe? Pai? - chamo de novo.

Até que enfim, vejo Mário entrando..

- Olá, Beth. Como foi de viagem? - ele se aproxima e me ajuda a subir pra o meu quarto com as malas

- Fui bem de viagem, obrigada. Onde estão meus pais, Mário?

- Eles saíram pra comprar coisas pra o jantar. Sua mãe quer fazer algo especial.

- Claro. Isso só podia ser coisa dela mesmo. Obrigada. Como está sua esposa? E você como está?

- De nada. Ela está muito bem obrigado. E eu também. Vou deixá-la, se acomodar em seu quarto. Bem-vinda de volta.

- Obrigada, Mário. É sempre um prazer rever você.

Ele saí do quarto e eu fico só. Na sua imensa grandiosidade, o quarto ainda preserva os meus toques. Minha mãe deixou todos os meus álbuns, pôsteres e tudo o mais. Meu mural com o meu plano de jornalista. Meu bloquinho de anotações, com cada coisa que eu precisava comprar pra a minha casa em Nova York.

Ela conseguiu não tocar em nada. Não jogar fora nada. Com certeza, por intervenção do meu pai. Por que ela nunca gostou dessas coisas no quarto. Ela costumava dizer que estragava a aura imperial do quarto. E isso rendia alto sermões.

Rio sozinha, ao me lembrar dos momentos felizes e engraçados que vivi nesta casa. Neste quarto. São boas lembranças, afinal.

Deito na minha cama, e fico observando as pinturas no teto do quarto, que minha mãe mandou pintar igual ao quarto da Princesa Diana. São belas pinturas. De muito bom gosto.

Fico nesse momento anestésico durante acho que meia hora, antes de perceber que minha mãe e meu pai estão na porta do meu quarto e estavam me chamando.

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