Capítulo 20 - Reencontro

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Acordo em uma cama diferente da que estou acostumada, e quase me esqueço que vim parar na casa antiga dos pais de Sam. Tenho tantas lembranças desse lugar.

Percebo um leve cheiro de café na casa. Será que Sam já chegou? Vou até a cozinha, e o vejo sentado em uma das banquetas, tomando o seu café calmamente.

Me aproximo dele sem fazer barulho, e o abraço por trás, fechando os olhos. E tenho um rompante do por que estou aqui e caio no choro.

- Você veio mesmo.

- Claro que eu vim. Não pensou que eu fosse deixar você sozinha, né?!

Ele se vira para me abraçar direito, e me deixa chorar em seu peito até não ter mais forças pra isso.

Depois de terminar de chorar, Sam me obriga a comer donuts e tomar o café. Sentamos no sofá e eu explico tudo o que aconteceu.

Ele fica surpreso, e perplexo. Olho para o meu celular que está lotado de ligações perdidas e mensagens dos meus pais, que não são meus pais e da minha mãe verdadeira. Aparentemente, todos preocupados.

Volto a fixar os olhos em Sam. Ele me olha com um misto de pena e afeto. Não quero a pena dele. Quero ser consolada. Quero a verdade.

Ele me olha como se tivesse acabado de pensar em algo que eu não vou gostar, mas terei que fazer. No entanto, ele está desconfortável demais para dizer o que é.

- Vamos, diga.

- Dizer o quê?

- Sam, eu te conheço. Diga logo o que você pensou.

- Bem, eu pensei que você  devia ir falar com eles. Pra saber o que aconteceu. Eu posso ir com você, se quiser.

- Não quero enfrentar eles. Quem me garante que eles não vão mentir de novo? Mentiram a vida toda.

- E o que serviria pra eles mentirem outra vez? Isso só te afastaria deles. E eu tenho certeza de que eles não querem isso. Não custa nada tentar.

- Eu sei. Eu sei que você está certo. É que eu tenho a mania de fugir do que me assusta. Você sabe disso. Você me disse isso, naquela noite. Acho que você estava certo, afinal.

- Não. Naquela noite eu não disse e nem fiz nada de certo. Foi ali que eu te perdi.

- Lembra que foi aqui? Nesta sala. Foi a última vez que eu vi você, a última vez que a gente se falou antes de eu ir embora.

- É. Eu lembro. E depois você voltou.

- É.. eu nunca te disse que voltaria. E aí nos separamos de vez.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Claro.

- Por quê você veio pra cá? Quero dizer, aqui é muito longe da sua casa.

- Eu acho que vim pra cá, por que aqui foi o último lugar que eu me senti eu mesma, durante muito tempo. Eu me sinto bem aqui, e também seria o último lugar que eles pensariam em procurar.

- Entendi. Isso é verdade.

Começo a mergulhar nas lembranças que aquela casa me traz. A voz de Sam entra na minha mente e se perde em lindos momentos vividos.

O nosso primeiro beijo, a minha primeira vez, a nossa cumplicidade, os dias chuvosos que acabavam em chocolate quente, filme e cafuné. Fomos muito felizes juntos.

- Beth.

- Oi?

- Eu queria te pedir desculpas, por aquele dia. Eu disse e fiz muita coisa que te magoou. Me desculpe, talvez se eu não tivesse sido tão idiota, não teria te perdido. Você ia voltar pra mim e não pra os braços de.. bom. Você sabe.

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