Cartas - Bia

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" Bom, essa definitivamente é a carta mais difícil que eu vou escrever. Não por que eu não saiba o que dizer. Mas, por que tenho medo de saber sua resposta.

Bia, eu deixei sua carta, por último. Por que eu pensava que seria mais fácil. Mas, no fim não foi.

Você, com certeza não está entendendo nada. Mas, eu já vou explicar.

Eu vim pra cá, na esperança de diminuir a bola de neve que se criou repentinamente, na minha vida.

Eu, uma pessoa livre, que tinha ido pra Nova York com a esperança de uma vida nova, sem tantas complicações e sofrimentos, sem ninguém, de repente me vi rodeada por pessoas que significavam muito pra mim e que todas de uma maneira louca decidiram, ao mesmo tempo, que estavam querendo ter um relacionamento comigo.

Foi demais pra mim. Não soube lidar. Eu não sou boa em tomar decisões sob pressão. Quer dizer, eu até consigo. Mas, não quando envolve partir corações de pessoas que eu amo e valorizo.

Eu sei que fugir não foi o melhor caminho para resolver as coisas. Deixou você, e todos os outros emvolvidos aflitos. E eu peço desculpas por isso.

Bem, acho que agora eu já estou pronta para lhe contar a minha decisão. Baseada em tudo que eu pensei, e que eu revi na minha cabeça, eu sei exatamente o quem devo escolher.

E, eu cheguei a conclusão de que essa pessoa é você.

Desculpa, por não ter te dito antes. E por estar falando assim, em uma carta.

Eu não sei me expressar pessoalmente, por que sou emotiva demais e começo a chorar e me embolo toda. Afinal, são os meus sentimentos.

Sentimentos esses, que eu não sabia que tinha. Eu nunca havia percebido os meus sentimentos com relação à mulheres.

Eu sempre percebi que olhava pra as mulheres admirando e tals, mas nunca me apaixonei por nenhuma delas.

Mas, com você foi diferente. Você foi entrando devagar na minha vida, me ajudando a entrar na empresa sendo que nem me conhecia. Depois, se  tornando minha amiga, me ouvindo sempre que eu precisava. Me levando pra lugares. E quando me dei conta, eu tava apaixonada por você.

Mas, quando eu estava prestes a te contar, eu descobri que a sua aproximação, que seu caso com Ondessa, era só pra me atingir, que você usou ela pra isso, me subiu uma raiva que eu não conseguia explicar.

Mas, em meio a tudo que aconteceu, eu nunca deixei de pensar em você. Por que meu coração queria apenas você. Não era Adrian ou Sam, nem mesmo Jackson.

Era você. Apenas você.

Eu estava apenas tentando me enganar. E sinceramente, nem sei porquê.

Eu sentia muito a sua falta.  E eu não quero sentir mais sua falta, por isso que, eu tô indo para a sua casa agora. Assim que eu enviar. Então, há  probalidade de eu chegar um ou dois dias depois dessa carta.

Espero que você, abra a porta para mim com um sorriso no rosto. Mas, se você não quiser nada comigo, nem precisa abrir a porta.

Mas espero que você abra as portas da sua casa e do seu coração pra mim.

Eu te amo, Beatriz.

Com amor, Sua Beth."

Volto da casa de Ondessa, e me deparo com essa carta. Passei exato dois dias lá. Será que Beth veio aqui ? E se ela veio e achou que eu não quis abrir a porta? Ai meu deus.

Quer dizer, por que diabos ela não me avisou por telefone? Eu às vezes nem abro a caixa de correspondência. Só abri por que estava lotada. E quase morri do coração quando vi uma carta de Beth.

Mas, agora eu me encontro em lágrimas. Todas as palavras que ela escreveu me tocou lá no fundo. É como se ela tivesse me despido com cada uma delas.

Ela deveria saber o quanto eu sou louca por ela. Eu a amo!

Corro pra pegar o meu celular na bolsa. Não o acho. Jogo tudo no chão, até que encontro. Disco o número que nem por um segundo eu consegui esquecer.

Chama. Chama. Ela não atende. Ligo de novo. E mais uma vez. E outra.

Será que ela ficou chateada por que eu teoricamente não quis abrir a porta?

Ai meu pai amado.

Pego minhas chaves e desço as escadas correndo. Quase sou atropelada na tentativa de pegar um táxi vazio do outro lado. Mas, quando consigo me aproximar, ele já tinha uma corrida.

Tentei esperar. Não aguentava. Comecei a correr. Eram apenas 16 quarteirões. Eu conseguia.

Corri, corri tanto. E quando avistei o apartamento dela corri mais ainda. E quando finalmente, vi a porta toquei a campainha e bati na porta. E chameu por ela.

Precisava desesperadamente contar pra ela que eu a amava. Que eu queria abrir todas as portas do meu coração e da minha vida pra ela.

Ela não abria. Eu bati e bati. Nada. Fiquei assim uns 10 minutos. Até que, um vizinho passou e disse que a tinha visto sair cedo.

Bom, eu não ia sair dali e perder a grande chance de me entregar à pessoa que tomou o meu coração todo pra si.

Passou- se minutos, horas. Durmo. Deito. Fico andando pelo corredor. Ganho um doce e um café do porteiro que subiu para entregar correspondências e ir ao banheiro.

Nas correspondências dela nada de anormal. Só contas de cobrança. Como de costume.

Aliás o que eu esperava? Cartas? Seria difícil. Afinal, será que ela escreveu cartas pra todo mundo?

Quer dizer, pra onde diabos ela foi ??? Passou praticamente um dia inteiro e nada dela. Isso não é possível. 

Será que ela foi ver Sam? Não, não. Isso tá fora de cogitação. Ela me escolheu. Não faria sentido.

Quando percebo, já estou dormindo outra vez, após ter descido e pedido pra o porteiro um almoço de algum restaurante.

Acordo, com Beth na minha frente com um sorriso e uma carinha fofa. Eu a amo tanto. Ela ainda não sabe o quanto. Mas, já vai saber.

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