Capítulo I - Filhote de Homem

1.9K 176 37
                                    


Um casal de lobos corria pelo perímetro. Mais especificamente, a loba fugia do seu marido que a todo custo queria levá-la de volta para casa. Eles estavam longe da aldeia, onde suas famílias dormiam tranquilamente naquela madrugada de domingo. A lua estava no seu pico, iluminando toda a floresta em torno deles.

De repente, a loba branca parou bruscamente ao sentir algo estranho.

"Sente esse cheiro, Sü? Consegue sentir?", em pensamento, Irïn perguntou a seu marido, farejando o ar e sentindo cada vez mais um leve aroma de baunilha.

"Querida, vamos embora. É muito perigoso ficar na mata fechada à essa hora!", desesperado, Süho tentou convencer sua esposa. Afinal, ficar depois da meia noite naquela parte da floresta era pedir pra morrer.

A loba branca não estava nenhum pouco interessada nas súplicas de Süho, estava decidida em descobrir a quem aquele cheirinho de novo pertencia. E com essa curiosidade e vontade de saber lhe atazanando, Irïn correu, adentrando mais ainda naquela escuridão assustadora.

Tudo o que o lobo cinza escuro soube fazer foi seguir seus instintos protetores e correr atrás da sua amada, estava com medo de que algo acontecesse a ela. "Sempre teimosa, urgh", resmungou para si mesmo.

Ambos correram, agora guiados por um choro baixinho, porém audível para os dois. Seguiram o som que aparentava ser de uma criança, o que os deixou ainda mais determinados a encontrar. Pelo menos, Irïn sim.

"Parece que vem de todos os lados, querido. Temos que achá-lo antes que Úrsulus chegue primeiro", disse ainda correndo na direção em que achava vir o choro.

"Estamos no território deles! Temos que ir embora agora, Irïn!", usou sua voz de alfa, assustando-a de primeira, mas não a fez desistir. Seguiu caminho antes mesmo que Süho pudesse impedi-la. "Oh, Deuses! Ajudem-me!"

Nem um minuto havia se passado quando finalmente Irïn encontrou o que queria. A dez passos de onde estava, um bebê, enrolado num pano branco encardido, parava de chorar aos poucos e começava a coçar os olhinhos, preparando-se para uma soneca que não duraria mais que cinco minutos, pois sua fome era maior do que o sono.

O coração da loba se aquecia cada vez mais ao se aproximar do pequeno, maravilhando-se com a beleza e cheiro que ele exalava. Com toda certeza, não era um cheiro comum de bebê lobo que estava acostumada a sentir... Era um cheirinho novo e gostoso de inspirar.

A loba ainda não havia percebido que aquele bebê se tratava de um humano.

"Irïn, o que-", parou de falar assim que viu sua esposa se aproximando de um bebê. "Oh, Lúpus. Filhote de homem!", Pensou consigo mesmo, ficando completamente assustado e desesperado. "Irïn, vamos embora agora! Eles vão chegar a qualquer momento! Largue esse bebê aí!"

Irïn, como a péssima ouvinte que era, não deu ouvidos para seu marido, assim se desfazendo da sua forma lupina para poder pegar a criança nos braços. De primeira, o bebê pareceu confuso ao encarar aquele rosto estranho, mas depois abriu um sorriso banguela imenso, fazendo a loba sorrir também.

"Pelos Deuses, Irïn! Volte para sua forma!", Ditou preocupado.

— Acalme-se, querido. Nada de ruim vai acontecer —, tentou convencê-lo... Só tentou.

"Você está vulnerável desse jeito, loba! Transforme-se e vamos para casa!" E mais uma vez a voz de lobo foi usada.

— Não ouse falar comigo nesse tom, Süho! — exclamou raivosa, virando-se para o marido com os olhos totalmente azuis.

Irïn tem um olho de cada cor, verde e azul acinzentado, mas quando fica extremamente brava e seu lado lúpus é ligado, e ambos os olhos ficam da cor do mar negro, mostrando toda a sua profundeza de raiva e fúria.

Flor da Lua [ChanBaek - ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora