Capítulo XXVI - Lembranças Que Te Aterrorizam

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Chanyeol já estava se incomodando com aqueles sumiços constantes do loiro. Não porque era possessivo e chato ao ponto de não querer que seu parceiro saísse. Muito pelo contrário, era inteligente e tinha senso a respeito de relacionamentos, sabia que não podia prender Baekhyun e muito menos proibi-lo de fazer algo; apenas não gostava da idéia dele saindo sozinho numa aldeia estranha e ainda por cima no meio da noite, temia que algo de ruim lhe acontecesse, mas sempre evitava pensar e tais coisas em vista de que pensamentos ruins atraíam coisas ruins.

Tinha levantado um pouco mais tarde do que gostaria. Estava cansado. Passara a tarde toda do dia anterior auxiliando na construção de novas cabanas e também ajudando alguns ômegas em seus trabalhos. Não havia nem um alfa ou beta escalado para dar apoio, nem mesmo guardas estavam vigiando toda a vila, tinha cantos em que alguns filhotes brincavam que estavam infelizmente isentos de proteção.

O lúpus ficava irado com essas coisas. Sua personalidade protetora e perfeccionista o deixava com muita agonia de ver ômegas e crianças sozinhos sem qualquer auxílio de alguém experiente. Os ômegas eram tratados como inferiores e excluídos de alguns assuntos, assuntos estes que eram extremamente importantes na concepção de Chanyeol. Como a atual situação de vida deles: estavam correndo perigo e condenados a não reproduzirem. Yukhei não havia feito uma reunião de avisos, na verdade nunca fizera. Segundo ele, ômegas não precisavam saber.

Porém eram os ômegas que carregavam todo o peso dos cinco meses de gravidez, tinham todo o direito de saber o motivo de seus abortos espontâneos.

Quando estava sozinho, Chanyeol se questionava se não era um líder muito liberal. Sua liderança era mais movida pela democracia do que monarquia, e pensar a respeito o deixava confuso. No entanto, nunca pensou em abandonar seu estilo de comando, gostava de como sua alcatéia era bem unida e livre de preconceito quanto as 'classes inferiores". Tinha orgulho e batia no peito com força ao dizer que era Påk Yëllūs, líder da alcatéia Yillüs.

Terminava de arrumar as coisas quando sentiu o cheiro que mais amava. Sorriu de lado e suspirou aliviado, indo para o lado de fora e encontrando Baekhyun e Ventania. O loiro carregava um livro e uma capa e parecia alheio, perdido em devaneios. Chanyeol sentiu que algo estava errado, além da áurea do menor estar esquisita, seu cheiro parecia diferente. Um tanto... Velho?

— Bom dia, Baek. Onde estava?

Tentou agir normalmente. Não queria incomodar Baekhyun com perguntas exageradas, como por que saiu mais uma vez, por que Ventania estava com ele, por que segurava aquela capa e livro com tanta força que os nós dos seus dedos estavam ficando brancos.

— Resolvi andar um pouco para colocar a cabeça no lugar. Ventania me seguiu, acho que para me proteger — forçou um sorriso para o alfa, que ficou ainda mais intrigado.

Não sabia se era por causa da ligação que sentia algo incomum em Baekhyun, ou simplesmente porque o conhecia o suficiente para saber que algo estava errado.

— Sim, ele sempre fez isso comigo. Me protegeu. Que bom que posso contar com ele para fazer o mesmo com você — ao dizer isso, notou o corpo do loiro petrificar. — Baek, o que foi?

— E-eu, a-ah — gaguejou, procurando qualquer ponto que não fosse os olhos preocupados do alfa sobre si. — Não foi nada, estou bem. Só preciso juntar minhas coisas para podermos ir embora — sorriu, passando pelo alfa e entrando na cabana.

Sim, Chanyeol constatou que ele não estava normal. Totalmente o oposto disso. Conhecia Baekhyun bem o suficiente para saber que ele estava estranho só pelo modo de falar, fora os outros sinais. Em dias comuns, o loiro sorriria para si ou faria algum comentário afiado, mas não... Ele se esquivou.

Flor da Lua [ChanBaek - ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora