27- Oi, sou eu...

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Point of view Gizelly

Depois que o Dan foi embora fiquei sozinha com meus pensamentos que não eram nada calmos naquele momento,um turbilhão de emoções e sentimentos tomavam conta de mim. Me encaminhei para a varanda onde eu tinha uma visão privilegiada do céu, e fiquei ali com meus pensamentos e aquela vista até perder a noção das horas. Fui despertada dos meus devaneios pelo toque insistente do meu interfone, olhei as horas no telefone e me assustei, afinal tinha passado horas naquela posição tentando decidir o que fazer da minha vida. Já era mais de uma hora da manhã, estava quase chegando as duas, eu não estava esperando ninguém e não havia nenhuma mensagem avisando que teria visita. Mesmo assim decidi atender pois pelo horário deveria ser algo sério.
-Pronto!
-Oi,Sou eu… - Às três palavras foram o suficiente para eu saber quem era, imediatamente liberei a sua entrada e abrir a porta preocupada pela razão da visita tão tarde da noite.
Quando as portas do elevador se abriram, revelando aquele rosto que habitou meus pensamentos durante todo o dia, fiquei em choque ao perceber seus olhos vermelhos que indicavam que estava chorando, aguardei até ela chegar perto o suficiente e a abracei, sem perguntar o porquê, ou questionar nada, apenas a abracei da forma mais confortável que conseguir. Conduzi ela para dentro do apartamento, fechando a porta atrás de nós assim que passamos, levei ela até o sofá onde me sentei e a puxei para que ela deitasse em meu colo.
Ficamos naquela posição por um grande tempo, eu não disse nada, ela me contaria o que aconteceu quando estivesse pronta, apenas fiquei ali alisando os seus cabelos.
Ela estava com blusa de frio, o que me fez estranhar um pouco, já que o clima estava quente mas resolvi não comentar, aos poucos o choro foi se calando e os soluços se tornando menos audível.
-Quer conversar sobre isso? - Ela permaneceu calada.
-Quer tomar uma água, um suco de maracujá, quer comer algo? - Ela apenas negou com a cabeça. Eu ficava cada momento mais preocupada.
-Quando você quiser conversar estarei aqui. - Ela concordou com a cabeça e permanecemos ainda em silêncio por um tempo.
-Foi o Lucas. - Ela disse quase em um sussurro.
-Certo. O que tem o Lucas?
-Ele foi lá em casa, eu tava sozinha e ele começou a dizer que queria voltar, nós discutimos e como eu já estava farta daquilo disse que estava com outra pessoa, mas foi só para ele ir embora. - Seus olhos começaram a se encher de lágrimas novamente. - Porém ele ficou com muita raiva, não sei se pela bebida ou pelo que eu disse, ele me segurou pelos braços e apertou, eu disse que estava machucando mas ele parecia não ouvir, ele apertava ainda mais meus braços, e continuamos a discusão, até que em um momento de muita raiva pelas coisas que ele tinha me dito lhe dei um tapa na cara e ele ficou ainda mais possesso e segurou meu rosto de forma violenta e eu gritei, foi aí que ele voltou a si, não sei se por medo de ter alguém em casa me soltou e foi embora. - Quando ela terminou de falar já chorava novamente. - Eu tive medo, eu tava sozinha, não quis atrapalhar os planos da Manu e a única pessoa que eu consegui pensar foi você, me desculpe por chegar assim de madrugada e neste estado na sua casa, mas eu não sabia o que fazer.
Eu puxei ela novamente para meu colo e voltei a fazer carinho, era muita coisa para assimilar.
-Como você está agora? - Perguntei.
-Tô tentando me acalmar, pela primeira vez eu tive medo dele.
-Ele não seria louco de fazer algo com você.
-Eu nunca o vi daquela forma.
-A bebida traz à tona o que o coração tá cheio.
Tirei carinhosamente a cabeça dela do meu colo e me levantei.
-Vou preparar um chá para você, não quer ir tomando um banho para relaxar?
-Não quero que se incomode, eu não vim para ficar, só precisava sair de lá um pouco.
-Rafaella eu jamais irei deixar você sair daqui de casa esse horário. Então levanta, toma um banho, vou pegar uma roupa pra você e preparar o seu chá.
Sem contestar ela foi para o banheiro, separei uma roupa fresca para ela e preparei um chá de camomila que iria ajudar ela a dormir.
Quando ela saiu do quarto estava novamente de blusa de frio e mais uma vez eu estranhei, porém dessa vez eu questionei.
-Sentindo frio? - Ela desviou o olhar antes de afirmar com a cabeça.
-E porque está mentindo pra mim?
-Não estou.
-A menos que esteja com febre. - Cheguei próximo a ela colocando a mão em sua testa. - Coisa que você não está, você está mentindo. Tira a blusa, deixa que ver o que está me escondendo.
Sem relutar ela puxou a sua blusa e a retirou deixando visível as marcas em seus braços, eu congelei na hora, foi uma mistura de tristeza e raiva. Eu queria a cabeça daquele menino que eu nem sabia direito quem era.
-Gi. - Ela chamou, porém não estava ouvindo nada. - Gizelly, tá tudo bem, eu fico vermelha atoa.
-Eu quero arrancar a cabeça dele. - Eu disse entre dentes.
-Calma, não me assusta também, por favor. - E aquelas palavras me atingiram, e estava trazendo à tona pra ela sentimentos ruins, balancei a cabeça pra tirar as imagens que meu cérebro começava a produzir e me aproximei dela.
-Desculpa, não quis te assustar. - Disse a abraçando. - Como ele teve coragem de fazer isso com você?
-Não sei, só quero esquecer o que aconteceu essa noite.
Entreguei a ela o chá, que ela tomou, seguimos para o quarto, vi que ela mandou uma mensagem para a mãe avisando que estava na casa da Manu e que dormiria por lá, e mandou uma mensagem para Manu, falando a verdade e que pra todos os efeitos estava com ela. Deitamos e eu a trouxe para meu peito, queria abraçá-la e proteger de todo e qualquer mal.
-Agora tá tudo bem, pode dormir tranquila. Eu estou aqui com você.
-Obrigada por tudo.
Beijei o topo da sua cabeça e sentir que o chá tinha feito efeito, pois sentir sua respiração mais leve.
-Eu vou te protege e não deixar nada de ruim te acontecer, afinal estou apaixonada por você.
Fechei os meus olhos e não demorei a dormir sentindo sua respiração tranquila.

Depois daquele beijo #GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora