43- Eu não sei por onde começar

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Point of view Gizelly

Boa noite. - A loira sorria ao lado de fora da porta...


Abrir a porta dando passagem para ela entrar, ainda em silêncio. Que loucura eu estava fazendo? Agora já era tarde, vou ouvir o que ela tem a dizer e depois ela vai embora e posso seguir minha vida, sem o passado me assombrando.


-Quer beber algo? Água, suco, vinho...


-Um vinho seria bom pra acabar com a tensão.


Segui para a cozinha para pegar o vinho, voltei com ele e duas taças, a entreguei já cheia. Nos sentamos na sala e aguardei ela começar.


-Eu não sei por onde começar.


-Marcela, você me chamou pra conversar eu esperava ao menos que tivesse um discurso ensaiado na cabeça, já que insistiu tanto.


-É diferente, uma coisa eu ensaiar um discurso na minha cabeça e outra é eu estar na sua frente, olhando para esses olhos que sempre amei.


Fico sem jeito com o comentário, mas mantenho minha postura.


-Certo, primeiramente eu quero te pedir desculpas, ou melhor perdão. Por ter sumido daquela forma, por ter te deixado sem nem olhar pra trás, por não ter pensado em você. - Seus olhos estavam cheios de água, e tudo o meu passado começou a pesar novamente em meus ombros. - Eu sei que não tem justificativa pro que eu fiz, fui uma covarde que ao invés de enfrentar as coisas ao seu lado preferiu abrir mão de tudo, inclusive do amor da sua vida por medo, por insegurança. Eu achava que nosso amor tinha acabo e que nada que fizéssemos seria capaz de resgatar o que sentíamos, era como se tivéssemos apressado as coisas quando tomamos a decisão de morarmos juntas cedo demais. Eu poderia ter escolhido ficar e lutar ao seu lado, mas eu desistir, pois achei que era o certo a se fazer naquele momento. Eu nunca te esqueci Gizelly, sempre me cobrei pela atitude que decidir tomar, porém sempre soube que a escolha foi unicamente minha, e essa culpa eu irei carregar sozinha para sempre. - O silêncio era quase absoluto no apartamento, se não fosse pelo som do choro dela.


-Você tem noção de como me destruiu? De como eu fiquei quando entrei naquele quarto e suas coisas não estavam mais, só restava um bilhete vago como despedida. Eu fiquei dias sem sair da cama, não trabalhava, não me alimentava, não tomava nem banho. Eu quase fui despedida, quase perdi tudo que lutei tanto pra conseguir. Eu pensei várias vezes em tirar a minha vida pois não queria existir sem você ao meu lado. Marcela, você quebrou um pedaço meu que não tem mais conserto, eu nunca mais me envolvi com ninguém por medo de acontecer a mesma coisa, me tornei uma pessoa vazia, sem expectativa no amor, você me quebrou da maneira mais cruel que alguém pode quebrar o outro. Mas eu superei, eu segui em frente, eu te encolhi e te obriguei a caber em um lugar pequeno, e te enterrei o mais fundo que pude. E agora, que finalmente consegui me entregar novamente para alguém, você simplesmente bate em minha porta me pedindo perdão, dizendo que nunca me esqueceu. Você tem noção de quantas vezes desejei que essa cena se realizasse? De quanto tempo esperei por esse momento? Mas você chegou tarde, se você quer o meu perdão, você o tem. Mas é a única coisa que terá de mim. -Nesse momento eu também já estava em lágrimas.


-Eu sei Gi, mas eu precisava tentar, eu precisava dizer que....


- Não, não ouse dizer isso que eu acho que vai dizer, você não tem o direito de sumir por anos e aparecer a minha porta dizendo que ainda me ama. -Me levantei do sofá e comecei a andar pela sala. - Eu acabei de conhecer uma pessoa incrível, que aos poucos foi colando os pedaços que você quebrou, mesmo que eu não consigo ser inteira novamente, quero tentar ser o melhor pra ela. Você não pode aparecer aqui e dizer tudo isso. - Mesmo que eu não quisesse assumir as suas quase palavras mexeram comigo, cavou o lugar onde a enterrei e a retirou de lá.

Depois daquele beijo #GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora