1 - Prazer, meu nome é Leandro.

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    Olá! Prazer, meu nome é Leandro. Moro com minha mãe Rose dos Santos Valim, com meu Pai Ernesto Valim, com meu irmão Mário Valim, na cidade de São Paulo no bairro da Lapa. Sou o filho mais novo, o caçula de 18 anos. Estou no 3° ano na escola, e sim, eu reprovei uma vez, então não me julguem. Sou homossexual, mas daqui de casa só minha mãe sabe. Vou te contar como ela descobriu.
    Quando eu tinha 12 anos, estava no 6° ano e lá na minha sala tinha um menino chamado Nawyter Ferreira. Eu ficava olhando pra ele o tempo todo e até comecei a escrever cartinhas, mas nunca mandei pra ele. Eu gostava de vigiar ele. Teve uma vez que ele foi ao banheiro no recreio e eu fui atrás e fiquei lá olhando. Foi aí que eu descobri quem eu era de verdade. Bom, minha mãe um dia estava arrumando meu guarda roupa e encontrou a caixa com as cartinhas e leu todas. Quando cheguei da casa da Letícia, minha amiga, minha mãe me chamou pra conversar.
   - Filho, eu preciso conversar com você, preciso te mostrar uma coisa - disse minha mãe com uma voz bem calma.
   - O que foi mãe? Eu fiz alguma coisa? - Falei com uma cara de assustado enquanto minha mãe foi conversando comigo e me fazendo mil perguntas. Respondi e falei tudo, mas no final da conversa eu abracei minha mãe e chorava muito, só conseguia chorar e dizer desculpas a ela.
   - Olha pra mim Leandro! - ela falou com uma voz de brava. - Você não tem que me pedir desculpas, porque eu sempre vou te amar meu filho, sempre. Só que seu Pai precisa saber.
   - Não, mãe por favor! Você sabe o que o papai pensa sobre isso, ele vai me bater demais. Não fala por favor! - Falei isso com a voz mais desesperada e minha mãe concordou a não dizer nada. Depois de tudo isso nos abraçamos ali no sofá e ela ficou me acariciando por um bom tempo. E foi assim que tudo começou.
    Hoje é sexta-feira 6h15 da manhã, estava deitado na minha cama olhando para o teto me apresentando pra vocês, até que minha mãe solta o grito.
   - Leandro vem tomar café, você vai se atrasar pra escola filho.
   - Tô indo - grito de volta, me levanto correndo pra ir ao banheiro escovar dente, depois troco de roupa e vou pra mesa.
Na mesa, sempre sento ao lado da minha mãe, sou muito apegado a ela e sempre a cumprimento primeiro.
   - Bom dia mãe - digo, com uma voz alegre          - Bom dia Pai, Bom dia Mário.
   - Bom dia Lê - disse meu irmão
   - Que Lê o que, Lê? Vê se é assim que se chama um homem Mário. Não quero que chamem o Leandro de Lê. Lê se chama uma menina tipo de Letícia, mas agora um homem a gente chama pelo nome, entendeu Mário? - disse meu pai com a voz exaltada.
   - Entendi sim meu pai - Mário disse com a cabeça abaixada.
   Depois de tomar café todos nós saímos da mesa para ir para os nossos a fazeres. Minha mãe trabalha como secretária numa advocacia, meu pai é pedreiro e meu irmão faz faculdade de Veterinária e trabalha a tarde na lanchonete da pracinha.
    No caminho pra escola vou indo a pé, porque eu gosto de andar com meu fone de ouvido, ouvindo música, observando o céu, os pássaros...gosto de admirar essas coisas que ninguém da importância. Chegando quase perto da escola, vejo lá no portão meus amigos. Letícia, minha melhor amiga, desde pequenos somos melhores amigos. Pablo, ele não é gay mais ele é nosso amigão e sofre bullying as vezes por andar comigo e com o Vinícius. Vinícius é gay, aquele gay que você olha e fala " Esse é gay mesmo", ele é muito esteriotipado, mas é muito gente boa e sisma que tenho que contar pro meu pai sobre mim. Chego no portão da escola.
    - Oi gente, Bom dia pra vocês! - falo com uma voz alegre, sei lá, tô me sentindo feliz hoje, acho que porque é sexta.
   - Tudo bem amigo? Tá feliz hoje em! - Letícia me diz isso toda sorridente.
   - Demorou em Lê, como sempre é o último que chega, pelo amor! - Vinícius sempre é o mais meigo. Só que não.
    - Bom dia pra você Vinícius - falo com um sarcasmo.
    - Bom dia, aff - ele diz isso e pega o celular.
    - E aí cara! - disse Pablo e damos um aperto de mãos - Mas o Vinícius tem razão em, você demorou.
   - Gente para! O importante é que eu cheguei e é sexta, então vamos entrar, vamos pra sala ok? Não me enchem! - falei bravo agora.
    - Gente de Deus! Olha quem tá vindo ali - disse Vinícius com a voz cagada de medo - É o Diegão e seus dois amigos mandão.
   - Ai Vinícius pelo amor, você tem medo dele? Tudo bem que ele tem uma cara de bravo, mas ele não me bota medo não - digo. Diegão é um otário do 3°B que anda com mais dois otários Vitor e Pedro, eles pensam que mandam na escola e infernizaram minha vida no 6° ano. Agora infernizam o Pablo porque ele anda comigo e com o Vinícius.
   - E aí grupinho unissex! - disse Diegão rindo e com muito sarcasmo - Olha o Pablinho, andando com seus amigos gayzinhos - agora ele fala encarando o Pablo e seus dois amigos otários começam a rir.
    - Que foi em cara? Qual é a tua? Vai me encher até na sexta-feira agora? - disse Pablo encarando ele.
   - Olha o jeito que sê fala comigo em Pablinho, toma cuidado com o Diegão.
   - Tomar cuidado? Cara tu é um merda, preconceituoso e um otário que acha que manda.
   - Acho não mano, eu mando mesmo tá ligado?
   - Não tô ligado não.
   - Ei, vamo parar? Circulando, circulando que o portão vai fechar - disse José o Zelador.
   Entramos pra sala de aula, e lá comento com meus amigos se eles vão na festa da Juliana amanhã.
   - Gente vocês vão na festa da Juliana amanhã? - digo colocando minha mochila na mesa e sento na cadeira.
   - Claro que eu vou amigo, magina festa de 18, não perco por nada. - disse Letícia bem entusiasmada.
   - Eu vou é claro! - Vinícius falou bem alegre agora.
   - Eu também vou, e você vai Lê? - me perguntou Pablo.
   - Ah gente sei não, tô querendo ficar na minha amanhã.
   - Ah não migo, você vai sim com a gente né? Não faz essa feiúra Leandro Valim! - disse Letícia que rapidamente desvia o olhar e olha pra porta, pra comer com o olho o Ricardo Harison.
    - Mudou o olhar é Letícia - disse Vinícius rindo da situação.
    - Me deixa Vinícius, não é segredo pra vocês que eu acho o Harison bonito.
    - É! Ele é bonitinho, se acha Lê? - Vinícius me pergunta, ajustando seu óculos no rosto.
   - Acho sim e muito, mas acho que ele gosta de aparecer.
    - Tem boatos aí que ele é Bi - disse Pablo que se senta agora.
    - Mais ele é gente, ele me chama no WhatsApp e a gente até que conversamos bastante. - digo isso meio devagar, porque não quero magoar a Letícia.
   - Eu também sempre soube. Ainda mais a gente né Lê, nossas mães trabalha na advocacia dos pais dele. - disse Vinícius.
   - É Vinícius, minha mãe sempre me falou dele e até desconfiou que eu tinha um caso com ele, porque ele é da minha sala.
   - Sempre ouvi boatos, mas nunca quis acreditar. Mas será gente? - pergunta Letícia.
   - Claro que é amiga, ele me chama no wats, não te disse porque você tem uma quedinha por ele. - digo com sinceridade quando a professora de Matemática entra.
   - Bom Dia pessoal! Vamos se assentar, e hoje a primeira equação quem vai resolver no quadro pra mim é o Leandro.
   - Odeio Matemática, essa matéria foi inventada pelo Demônio - falo olhando pro Pablo que começa a rir.
   Na advocacia Harison, minha mãe chega pela milésima vez atrasada.
   - Oi gente, Bom Dia! - disse minha mãe bem ofegante de tanto correr do estacionamento da advocacia até a secretaria. - Tô atrasada de novo né? Pra não perder o costume e olha que venho de carro.
   - Tá sim Rose, mas não se preocupa que o Dr. Harison não chegou ainda, só a esposa que sempre é pontual. - disse Dona Marina, mãe do meu amigo Vinícius. Ela é secretária da mãe do Harison e minha mãe do pai do Harison.
   - Olha, graças a Deus que o Dr. Harison não chegou. - Minha mãe ainda está ofegante, mais fala isso com um sentimento de " Graças a Deus ainda estou empregada".
   - Olá Rose, olá Marina bom dia pra vocês. -
disse Dr. Harison com uma voz séria.
   - Bom dia Dr. Harison, já já irei a sua sala para te passar a sua agenda. - disse minha mãe trêmula.
   - Tá bom, te espero.
   Na construção onde meu pai trabalha com seu melhor amigo Joaquim, eles conversam sobre a filha dele que se revelou lésbica.
   - E aí Joaquim! Como estão as coisas lá na sua casa com a sua filha? - pergunta meu pai passando massa na parede.
   - Tá na pior possível, meu caro. Se acredita que agora ela resolveu usar roupas de homem, vê se pode. Olha cara tô meio, sei lá, tá tudo tão confuso. Até dias atrás era uma menina e agora lésbica.
   - Isso daí é falta de uma boa surra! - disse meu pai nervoso - Se um dos meus filhos me falar que é gay, dou uma surra que jamais ele vai esquecer. Pra mim homem é homem e mulher é mulher e não se discute. Menino veste azul e menina veste rosa e, é isso aí.
   - Será que bater adianta?
   - Claro que sim Joaquim, e se não adiantar bota pra rua, o sujeito volta o que era na hora. - falou o meu pai que fica com os olhos borbulhando de raiva, realmente ele odeia pessoas homossexuais.
   As horas passam, e na escola já estamos na última aula, que é a aula de Educação física. Eu odeio educação física, sério mesmo, odeio esportes, odeio correr e suar. O professor entra na sala.
   - Bom dia turma! Tudo bem com vocês? Hoje é o niver da Juliana, ela veio? - disse gritando o professor.
   - Veio hoje não fessor, hoje ela tem que resolver as últimas coisas da festa de amanhã. - disse Rayane a melhor amiga da Juliana.
   - Então tá jóia! - Mais uma vez ele grita. Na verdade ele só fala gritando. O professor é muito bonito, tem um corpo atlético e eu sempre fico olhando pra ele. - Vou fazer a chamada pra gente descer pra quadra.
Enquanto o professor faz a chamada o Harison que senta ao meu lado na sala, e vem falar comigo.
   - Psiu! O Leandro.
   - Que foi Harison. - falo meio irritado.
   - Se vai na festa da Juliana amanhã?
   - Não sei, tô pensando ainda, porquê?
   - Por nada, Depois eu falo com você tá bom? - Ele fala isso e pisca pra mim, depois se levanta e vai pra perto da porta com seus outros dois amigos Júnior e Micael, que inclusive são bissexuais também.
   - Porque ele quer saber se você vai na festa em Lê? - Pergunta Letícia com um olhar de ciúmes.
   - Ué, eu não sei foi tão "dunada".
   Quando chegamos na quadra, eu fico sentado na arquibancada vendo a turma toda fazendo a aula. Fico por algumas vezes olhando pro Professor, mas derrepente me pego olhando pro Harison. Ele não é feio, penso, mas é um mala e se acha a última bolacha do pacote. Harison joga futebol, todos sabem que ele é Bi mais ele é bem respeitado entre os meninos. Ele não tem aqueles trejeitos iguais os do Vinícius e eu também não. Mais ele e seus amigos são até que bem aceitos no meio de alguns meninos.
    Quando paro de observar e me destraio mechendo no celular, Harison todo suado e sem camisa me assusta.
   - Fala Leandro! - ele grita e causa um eco na quadra.
   - Fala o caramba, você me assustou idiota! - digo isso bem irritado, quando me pego olhando rápido pra barriga tanquinho do Harison.
   - Desculpa aí pelo susto não precisa ficar nervoso cara. Então, já pensou se vai na festa?
   - Ainda não e se você vier me perguntar mais uma vez , aí mesmo que não vou.
   - Cara posso te perguntar uma coisa? - ele fala todo sério.
   - Claro que pode?
   - Você não vai muito com a minha cara né?
Não penso nem duas vezes pra responder isso.
   - É, não muito. Você se acha muito Harison, e você é muito galinha, você e seus amigos gostam de sair por aí beijando todos e todas, mas como está no seu status do wats né, não importa o que seja, se tô beijando, é lucro!
   - Ah mais eu tenho que aproveitar a vida ué - ele da uma risadinha no final.
   - Sim, concordo com você. Mas aproveitar desse jeito, você não tem sentimentos? - pergunto bem sério
   - Claro que tenho. Só não achei a pessoa certa, e por enquanto vou beijando outras bocas.
   - Tá, mas agora mudando de assunto. Porque quer saber se eu vou a festa?
   - Porque eu quero ficar com você. - Ele diz bem calmo agora.
Fiquei por 15 segundos paralisado sem responder ele. Eu nunca beijei ninguém, vou fazer 19 anos e até agora nunca beijei, quero fazer essa experiência logo. Mas destino me responda. Tinha que ser com o galinha do Harison?
   - Leandro - Harison me chama
   - Oi, perdão.
   - E aí, você vai aceitar?
   - Preciso pensar Harison.
   - Cara eu sou tão feio assim? - ele me pergunta um pouco irritado. Queria falar que acho ele muito bonito. Ele é branco, tem cabelos pretos e um corpo atlético, porém não respondo com entusiasmo.
   - Não você não é feio, mas nem é tão bonito assim viu.
   - Então porque pensar?
   - Porque você é um Bi bem galinha e eu serei só mais um aí na sua listinha né!
   - Se acha é? Será que nas nossas conversas no wats eu pareço um galinha ou pareço realmente estar interessado em você? Pensa aí tá, depois me responde no wats. - Ele pergunta com uma voz séria e volta pro jogo de futebol. Olho pra quadra e pego a Letícia no meio do jogo de queimada olhando pra gente.
   O último sinal toca e lá no portão espero pelo meus amigos.
   - Ei cara, porque não esperou pela gente - diz Pablo.
   - Ué gente, me desculpa. - digo
   - Xii, olha quem tá vindo aí. - Disse Vinícius que sempre enxerga Diegão e seus dois patetas.
   - Olha só a turminha unissex - Diegão diz e da uma risada.
   - Que foi em cara? - diz Pablo bem nervoso.
   - Vim lhe dar um recado Pablinho. - Diegão fala encarando Pablo. - Toma cuidado, não esqueci do jeito que você me encarou. Vamos acertar as contas e eu vou te mostrar quem é que manda, morô?
   - Pode crê cara. Não tenho medo de você. Só espero que me encare no mano a mano e não venha com esses dois covardes aí que você chama de brothers. - Pablo fala encarando Diegão.
   - Me aguarde. - Diegão fala e vai embora com seus amigos otários.
   Depois que isso passa eu e Letícia nos despedimos de Vinícius e de Pablo. Eu e Letícia somos vizinhos e vamos embora juntos. Depois de nos despedimos de nossos amigos, Letícia e eu compramos um picolé no carrinho do Senhor Waltinho que fica no portão da escola e vamos andando, quando perto da praça que tem na rua de casa ela me questiona.
   - Lê, quero te dizer uma coisa - ela diz meio que com a voz baixa. - Olha eu sei que o Harison é Bi, porque lá na quadra a Marcela confirmou e inclusive migo, ela me falou que tem vontade de ficar com ele mesmo assim e disse também que ele pediu pra ficar com ela na festa da Juliana.
- Ah sério? Ele pediu pra ficar comigo lá também. - digo com uma calmaria e com um ranço no coração.
   - Mentira! - diz Letícia impressionada. - Então lá na arquibancada ele tava te pedindo isso? Cho - ca - da! Ele é galinha em. Mas e aí vai rolar?
   - Não sei, pode ser que sim.
   - Ah migo fica. Só pra você perder o BV.
   - Me respeita Letícia! Eu em!
   Quando chego em casa, esquento o meu almoço e do meu irmão no microondas, só eu e ele almoçamos em casa, porque minha mãe e meu pai levam marmita pro trabalho. Meu irmão Mário chega em casa e vou para o banheiro fazer o número dois.
   - Leandro, tá em casa? Tô com fome! - ele grita
   - Tô sim, tô no banheiro - grito respondendo.
   - Esse prato na mesa é meu? - ele grita novamente.
   - Não, mas pode ficar com ele.
   - Valeu irmão! - ele grita novamente. Meu celular vibra,ele está bloqueado na mesa do lado do prato, quando chega uma mensagem do Harison e meu irmão lê. - Harison? - ele se pergunta, pega o celular e lê. - então, pensou se vai ficar comigo amanhã?
   Quando chego na cozinha, vejo Mário com o celular nas mãos.
   - Quem é Harison? E porque ele tá pedindo pra te beijar? - Mário fala com uma voz séria e eu fico lá paralisado pensando numa desculpa.








Em Busca da Felicidade (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora