36 - Decisões e Despedidas.

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  Então, entramos na sala para fazer a temível prova do ENEM. Começo a sentir cala frios e muito nervosismo. É, essa prova é realmente uma coisa de outro mundo. Terminamos o primeiro dia de prova, a semana passa e chegamos para o segundo dia.
   Quando terminamos o segundo dia de prova, me despeço dos meus amigos e, então, decidi ir até a casa do Naw para conversar sobre a faculdade. Nawyter não quer que eu faça faculdade de artes cênicas, porém, não sei o motivo. Chegando lá, toco a campainha e ele abre o portão.
    - Oi amor. E aí, como foi o segundo dia de prova? - diz ele todo empolgado.
    - Difícil, mais não é sobre isso que vim conversar com você.
    - Vamos entrar então. - diz Naw. - Entramos e me assento no sofá e ele no outro. - E então, o qual é o assunto?
    - Vou direto ao ponto. Bem, você sabe que eu tinha vontade de fazer faculdade de psicologia. E você sabe também que eu não quero mais. - digo olhando seriamente em seus olhos.
    - É, você havia comentado.
    - Eu me decidi fazer artes cênicas.
    - Ah, de novo essa conversa Leandro. - diz Naw abaixando a cabeça e colocando a mão no rosto.
    - É de novo sim. É o que eu quero fazer Nawyter. Poxa! Eu mudei as minhas decisões. Artes cênicas irá me ajudar a me libertar, a descobrir coisas e adquirir mais conhecimentos sobre mim mesmo e sobre a vida. É o que eu quero fazer e você tem que aceitar. - digo em um tom mais elevado.
    - Esse é o problema. - Ele levanta a cabeça e fica em pé. - Você vai conhecer pessoas, lugares... Talvez você conheça alguém, sei lá, melhor que eu. E também não sei como vou reagir tendo que ficar vendo você beijando outra pessoa.
    - Nawyter, pelo amor de Deus! Para com essa ideia. Eu te amo, e nada vai mudar entre a gente. Vamos morar no mesmo Campus, no mesmo apartamento. Tira essa nóia da cabeça. - digo. Me levanto e fico em frente a ele.
     - Tá bom então. Eu não posso te impedir de ir atrás dos seus objetivos. Vamos fazer isso dar certo, juntos.
     - Vamos sim. - abraço ele e dou lhe um beijo. - Eu te amo. - sussurro no ouvido dele.
    Mais tarde na casa do Sr. Harison, ele fica na sala junto a minha mãe esperando pelo filho. Enfim, Harison chega em casa.
    - E então, como foi o seu segundo dia de prova. - Perguntou Sr. Harison.
    - Eu nem cheguei direito e o Senhor me trata assim? - diz Harison.
    - Porquê? Quer que eu te trate como? Olha aqui muleque, espero que você saia bem nessa prova, entendeu?  - diz Sr. Harison apontando o dedo na cara de Harison.
    - Calma Harison, para agora! Você não está vendo como seu está? Poxa, é uma prova importante sim, mais você não deve cobrar ele desse jeito. - disse minha mãe.
    - Tenho sim Rose. Tenho. Você vai continuar com a tradição dessa família e vai se formar um advogado. - diz Sr. Harison.
    - Mais eu não quero pai e você sabe disso. - disse Harison.
    - Mais você vai. - gritou Sr. Harison. - Vai porque eu tô mandando, sou o seu pai. - Harison corre para o seu quarto.
    - Você não deveria cobrar isso do menino. Cada ser humano é independente e  livre pra tomar suas próprias decisões. - disse mamãe.
    - Não querendo ser grosso com você Rose. Mais ele é o meu filho. Eu sei o que é melhor pra ele. - disse Sr. Harison.
    Os dias passam e finalmente chega a última semana de aula. O diretor entra na sala para anunciar os preparativos da formatura. Confesso que estou super feliz.
    - A formatura de vocês está chegando galera. - a sala toda começa a fazer barulho, batendo nas meses e assoviando. - Será uma bela formatura. Está tudo ficando muito bonito. E hoje estou aqui para dar parabéns a todos vocês. - a sala novamente faz mais barulhos.
   - Que felicidade pessoal! - disse Letícia.
   - Também estou feliz. Ainda mais porque vou me formar ao lado dos meus amigos. - disse Pablo.
    - Vai ser um arraso, não é amor? - disse Vinícius, o empolgado.
    - É, vai sim. - disse Harison com uma voz de tristeza. Olho pra ele com pena porque já sei o que está acontecendo.
     Na hora do intervalo, ando pelos corredores da escola e me lembro de vários momentos. Foi aqui que eu aprendi sobre a vida, foi aqui que conheci os meus amigos, foi aqui que eu cresci e também vivi momentos ruins, que me fizeram ficar mais forte. Despedir da escola, é como se um pedaço meu tivesse indo embora, sendo arrancado de mim sem me consultar. Vou sentir muitas saudades.
     A noite chega. Chego em casa e vejo que estou sozinho. Adoro ficar sozinho em casa. Então, ligo o som e coloco no volume máximo. Danço e canto bastante. Cozinnhei macarrão com carne moída e comi muito. Ligo para o meu irmão e ele diz que vai chegar mais tarde. Tomo um banho demorado e deito na minha cama.
     No quarto, fixo meus olhos no teto e viajo longe. Começo a lembrar de tudo que me aconteceu neste ano. Muita coisa não é mesmo gente? Mais enfim, estou aqui, sobrevivi. Também começo a imaginar como será minha vida morando junto com o Naw no Rio de Janeiro. Ah, despedidas e mais despedidas. Até de São Paulo vou ter que sair. Enfim, vai valer a pena.
     Derrepente meu celular toca. Quando vejo o número de telefone, é da polícia. Levanto assustado da cama e atendo.
    - Alô - digo já ofegante.
    - Alô, é da casa da Senhora Rose Valim?
    - É sim, sou Leandro, filho mais novo dela. O que ouve? 
    - Quem está falando é o policial. Cuido também da busca pelo seu pai.
     - O que aconteceu, me diz por favor. - digo assustado com os olhos cheios de lágrimas.
    - Então. Ernesto, o seu pai...
    - Fala logo! - grito.
    - Ele invadiu a casa do Sr. Harison, fez todos de refém e junto com aquele Diego, sequestrou a Dona Rose, sua mãe. - diz o policial. Neste momento, deixo o celular cair no chão, me ajoelho na beirada da cama e começo a chorar.
  

    
   

Em Busca da Felicidade (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora