16 - Dor.

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  Ainda é domingo, um pouco mais tarde depois que desmaio, meu pai está na cozinha terminado o almoço, quando minha mãe liga para ele.
📱 Alô, Ernesto?
📱Oi Rose. Que saudade que estou de você amor.
📱 Também estou com saudades de casa.
📱E como estão as coisas aí com a sua mãe? - perguntou meu pai.
📱As coisas não vão tão bem assim. Ela está piorando cada vez mais. Esse câncer está acabando com ela, eu já estou até conformada do pode acontecer. - disse triste minha mãe.
📱 Forças pra ela e fica bem Rose.
📱 Obrigada. Cadê o Leandro? Preciso falar com ele.
📱Ele não está em casa Rose, ele saiu e deixou o celular em casa, então não ligue pra ele porquê ele não vai te atender. Mas ele tá bem, pode ficar despreocupada.
📱 Então tá. Até mais Ernesto, e manda abraços para o Mário. Beijos!
📱 Até, beijos!
  - Ernesto me chamou de amor, me tratou bem e está com uma voz muito mansa. Será que alguma coisa está acontecendo? Não, não, é paranóia minha. O Leandro está tomando todo cuidado, assim espero. - disse minha mãe.
   Ainda na cozinha, meu pai coloca comida no meu prato e joga algumas gotas do remédio para insônia em um copo d'água. Em seguida, ele leva a refeição até o meu quarto. Meu pai entra no quarto e me encontra ainda desacordado.
  - Até agora desacordado. Esse remédio pra insônia é bom mesmo. - disse meu pai, e ele coloca a bandeja em cima da cômoda. Ele escuta o meu celular tocar e tira ele do bolso da minha calça. - É aquele Nawyter. Vou ficar com o seu celular filhinho. Não posso deixar que esse desgraçado destrua a vida do Leandro assim. Meu filho não é viado, e se for quero ouvir da boca dele a verdade. - meu pai se levanta, pega o meu celular, tranca a porta e Mário chega em casa.
  - Oi pai, tudo bem com o senhor?
  - Isso são horas de chegar em casa? Dormiu na casa da Paloma?
  - Dormi sim pai, ela me trouxe de carro até aqui. - disse Mário. - O senhor está sozinho em casa? Cadê o Leandro?
  - Filho senta aqui no sofá. - disse meu pai e eles se assentam. - Tenho um assunto muito sério pra te falar e espero que você esteja do meu lado.
  - Sim, pode dizer pai.
  - Ontem no sábado a noite, seu irmão foi na quermesse com os amigos. Está rolando um boato que o Leandro teria beijado o Nawyter, que é neto da dona da papelaria daqui da praça. Estão dizendo que o Leandro é gay, é gay. - disse meu pai que começou a chorar. - Mário, como o seu irmão pode ser gay? Eu não vou aguentar ter um filho assim. E te falo outra coisa, se o Leandro for viado, eu tenho certeza que a Rose já sabia de tudo.
  - O Leandro pai? Mas como assim? Se isso o que estão dizendo por aí que ele beijou esse Nawyter, então a gente precisa agir, porque quando a mamãe chegar ela vai proteger ele. - disse Mário.
  - Eu já estou fazendo algo. Tive que trancar seu irmão no quarto pra ele não poder ter contato com esse Nawyter. E se ele for gay, ele vai acabar confessando.
  - Você fez o que é certo pai, agiu corretamente. E pode deixar que eu estou do seu lado.
  - Obrigado filho. Sabia que poderia contar com você.
   A tarde me despertei. O efeito do remédio foi passando aos poucos.
  - Ai minha cabeça. Que dor. Preciso sair daqui e liga para minha mãe. - digo e tento abrir a porta. - Porque que a porta tá trancada, meu Deus o que está acontecendo aqui? - bato na porta gritando para alguém abrir. - Pai, abre a porta. Mário, Pai, por favor.
   - Eu não vou abrir a porta Leandro. O pai está fazendo isso para o seu próprio bem. - disse Mário.
   - Mário, por favor. Me tira daqui, me tira daqui. - grito tentando abrir a porta.
  - Eu não posso irmão, me desculpe.
  - Mário, não vai embora. Márioooo, Márioooo. - grito e começo a bater na porta e me assento no chão e começo a chorar. - Alguém me ajuda, por favor. - gritei chorando. Olho para a cômoda e vejo uma bandeja com um prato e um copo d'água. - Se eles estão pensando que eu vou comer, não vou. Tenho certeza que meu pai me dopou. Meu corpo está mole e os meus olhos estão abrindo com dificuldade. Porque que tem que ser assim, porque todo esse sofrimento. Eu só queria ser livre, livre. - digo chorando sentado no chão e encostado na porta.
   A noite chega, e Nawyter vai até a casa de Letícia perguntar se ela sabe aonde estou. Letícia diz que não sabe, então Nawyter vai até a minha casa me procurar. Meu escuta a campainha tocar e vai até a porta ver quem é.
  - É você.
  - Olá senhor Ernesto, vim saber se o Leandro está em casa, porque liguei pra ele e ele não me atende. - disse Nawyter.
  - Ligou pra ele porquê? - perguntou meu pai em um tom de grosseria.
  - Não, é que somos amigos. E eu só queria perguntar uma coisa muito importante sobre a papelaria.
  - Ele não está. Precisou ir às pressas para Osasco ficar com a mãe. Ele não levou celular, então é por isso que ele não te atende. Agora me da licença, porque eu tenho mais o que fazer.
  - Sim senhor. - Meu pai fecha a porta e Nawyter vai embora.
  No meu quarto, estou deitado na cama, olhando para o teto.
  - Eu só queria uma vida normal, só queria que meu pai me amasse do jeito que eu sou. Sinto um aperto no coração, uma dor que me machuca de uma maneira totalmente brutal. Sinto uma dor na alma toda vez que tenho que me calar ou me esconder. Eu não aguento mais viver assim. Deus por favor me ajuda! Eu só queria ser feliz e viver a minha vida. Trancado pelo próprio pai, e essa dor na alma só está começando a crescer em mim. Do que adianta viver se vai ser sempre assim. Será que realmente vale a pena estar aqui? - começo a chorar.
   O dia amanhece e, é segunda - feira, última semana de Junho. Letícia vai até minha casa me chamar para ir para escola. Meu pai fala a mesma mentira que falou para Nawyter. Quando ela chega na escola, é questionada pelos outros sobre a minha falta.
  - Oi gente, desculpa o atraso. Olha sou, Leandro não vem hoje, ele teve que ir para Osasco porque a avó dele está mal. - disse Letícia.
   - Mas é semana de provas e o Leandro nunca falta em semana de provas. - disse Vinícius.
  - Ele tem motivos para faltar, acho que os professores vão repetir pra ele. - disse Harison.
  - Depois a gente atualiza ele de tudo, agora vamos entrar se não vamos nos atrasar. - disse Marcela. Na sala de aula, Letícia encontra um envelope na sua mesa.
  - O que é isso? Mais um envelope, e de quem é? NCA. Já faz três meses que essa pessoa está me mandando bilhetes e cartas.
  - Até que são de amor. É bonito isso. - disse Vinícius.
  - A gente tem que dar um jeito de descobrir quem é esse NCA. - Disse Pablo.
  - Vou ler o que está escrito. "Letícia, você a flor mais bela de todo o meu jardim. Você sempre está nos meus pensamentos. Sei que não está gostando do meu anonimato, mas, juro que estou criando coragem para se encontrar com você. Sei que sua reação será das piores possíveis, porém, saiba que te amo muito, sempre te admirei e te acho uma garota incrível. NCA.
  - Ual, esse cara deve gostar mesmo de você. - disse Harison.
  - Só espero que não seja um bobo ou um menino feio, igual o Nerd Caio. - disse Letícia que vê o Caio entrando na sala. As pessoas começam a zoar o Caio e a tacar bolinhas de papel nele.
  - Bando de otário. Não sei porque ficam zombando do garoto. - disse Vinícius.
  - Gente ele é nerd. É um bobão, merece ser zuado. - disse Letícia.
  - E você merecia ser zoada quando mandou nudes para um fake? - Perguntou Pablo. - Cuidado com o que você fala Letícia. - disse Pablo.
Mais tarde depois da escola, Letícia chega na papelaria para trabalhar e Nawyter a questiona.
  - E aí Letícia, você tem notícias do Leandro, ele te ligou?
  - Bom , o pai dele disse que ele está em Osasco com a mãe e esqueceu de levar o celular.
  - É, ele também me disse isso.
  - Liga pra Dona Rose.
  - Boa ideia Letícia, obrigado! É por isso que te amo. - disse Nawyter dando um abraço em Letícia. Nawyter vai até a sua sala e liga para Rose, porém ela não atende.
  - Deve que o celular da Dona Rose está sem bateria. Ou então ela está ocupada demais. Não sei porquê, mais essa história de Osasco não me convenceu.
   A noite na casa do Harison, ele se prepara para sai e fazer uma surpresa para Vinícius.
   - Pai estou saindo e não volto hoje, amanhã cedo vou direto para escola, então na hora do almoço eu volto. - disse Harison.
   - Tá bom filho. Só te peço para ser cuidadoso e ter juízo. Espero que o Vinícius goste dessa tal surpresa. - disse Sr. Harison.
  - Também espero pai. Até amanhã. - disse Harison que sai correndo de casa para encontrar Vinícius.
Depois que Harison busca Vinícius na sua casa, eles estão no carro a caminho de um lugar.
  - Posso saber pra onde você está me levando amor? - perguntou Vinícius.
  - É surpresa, agora coloca essa venda e só tira ela quando eu deixar. - disse Harison.
- Tá bom, confio em você!
Chegando em um hotel super chique na zona sul, Harison tira a venda de Vinícius.
  - Estamos em um hotel? Harison porquê me trouxe aqui?
  - Vinícius, eu te amo. Estamos juntos a dois meses e o que eu sinto por você é amor. Você me mudou, me transformou. Não vai acontecer aqui na da que você não queira, porém se acontecer, será uma noite especial para nós dois. - disse Harison segurando as mãos de Vinícius.
  - Eu quero que aconteça. Não temos nada a perder. Estamos aqui. - disse Vinícius. Na suíte do hotel, eles tomam banho na banheira, e por fim deitam na cama.
  - Você é muito especial pra mim Harison. - disse Vinícius deitado na cama nu, abraçando Harison.
  - Você também é muito especial pra mim Vinícius. - disse Harison que estava nu e em cima de Vinícius, eles estavam cobertos por um lençol. Em seguida, Harison beija Vinícius e eles começaram a transar.




Em Busca da Felicidade (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora