Continuando o capítulo anterior...
- Meu filho, que saudades. Vamos entre, entre! - disse dona Cleide. Estando todos sentados no sofá, dona Cleide questiona o sumiço do filho. - E então, por onde você e a Juliana andaram por todo esse tempo?
- Mãe, eu e a Juliana estávamos no Rio de Janeiro, na casa da Tia Cacilda. - disse Diego.
- Na Cacilda? Como que a minha própria irmã não me falou nada? Diego, eu conversei com ela no telefone e ela não me falou nada. - disse dona Cleide irritada.
- A culpa não é dela. Fui eu que pedi pra ela não falar nada. Não queria que você soubesse que estava lá, porque concerteza a senhora ia me pedir pra voltar.
- Claro que ia Diego! Você sabe como foi que eu fiquei durante esse seu sumiço? Imagina como fica um coração de uma mãe, que não sabe o paradeiro do filho, uma mãe que ama, que dá amor, carinho, e derrepente, o filho some sem dar satisfação. Foi dias pedindo a Deus pra que você voltasse. Eu te amo muito filho, não faz mias isso, por favor! - disse Dona Cleide derramando lágrimas.
- Eu te prometo que não vou fazer mais isso mãe. Eu te amo muito, e te juro que nunca vou sumir de novo. - disse Diego abraçando sua mãe.
- Você parece mudado filho. Aconteceu alguma coisa? - disse Dona Cleide enxugando as lágrimas.
- Mudei sim mãe, e muito. Vou contar pra senhora o que eu passei. Vou te contar também o motivo do meu retorno.
- Diga meu filho.
- Depois daquela briga que tive aqui com o meu pai, aquele dia que o Leandro estava aqui e tals, eu fugi com a Juliana pro Rio. A senhora sabe que a Tia Cacilda mora na favela da Rocinha. Lá na favela mãe, eu entrei de cabeça no tráfico de drogas. Durante esses meses que estive lá, usei e trafiquei drogas, dei muita dor de cabeça pra tia. Teve um dia, a polícia estava fazendo uma operação na favela, e me catou com as drogas escondidas dentro da minha cueca. Eu reagi, briguei com os policiais e levei um tiro.
- O quê? Diego, você levou um tiro? - disse Dona Cleide assustada.
- Sim mãe, um tiro. Foi na barriga. No hospital, pensei que iria morrer. Depois da cirurgia que fizeram em mim, comecei a pensar se essa vida que eu estava levando, era realmente boa, e pensei também sobre a pessoa que eu era. Vi que eu era um otário, um preconceituoso que não queria encarar a verdade. Acho, que por não querer encarar a verdade, me tornei uma pessoa ruim, pra tentar omitir o que estava acontecendo na minha vida. Então, quando eu dormi no hospital, depois de pensar em que pessoa eu estava sendo, eu tive um sonho.
- Um sonho meu filho? Que sonho foi esse? - questionou dona Cleide.
- Vou contar pra senhora. No sonho, eu estava em um floresta, e comecei andar. Comecei a gritar por alguém, para ver se tinha alguém ali, porque, parecia que eu estava sozinho. Fui andando, andando e cheguei perto de uma lagoa. Quando eu estava admirando a lagoa, alguém tocou em meus ombros. Olho para trás e vejo um homem vestido de branco, de cabelos longos, de olhos castanhos. Este homem, me convidou para sentar no chão porque ele queria conversar comigo. Ele me disse que já me conhecia desde sempre. Na conversa, falei para ele sobre a minha vida e contei sobre o meu pai ser gay. Ele me disse que eu era forte e muito amado por ele. Me disse que eu estava passando por um momento difícil e que a vida tem que ser encarada. Ele me falou também, que ele estaria sempre perto de mim para me proteger dos perigos, disse para me converter, fazer o bem, buscar o perdão, porque só o perdão vai me libertar do sofrimento. Também me falou, que nada seria fácil, porém, se eu estiver vivendo o certo, vou conseguir vencer as batalhas da vida. Por fim, ele me falou que irá me mandar um presente. Que é pra eu cuidar, encinar e também, que é pra eu amar esse presente e mostrar pra ele que o ser humano é totalmente errado, mas, que temos que estar em constante evolução, para podermos ser humanos melhores.
- Que sonho lindo meu filho. - disse Dona Cleide chorando novamente.
- Mãe, quando ele se despediu de mim, ele me cumprimentou. Quando ele segurou minhas mãos, perguntei o seu nome, porém, ele me disse que um dia eu iria descobrir quem ele é. - disse Diego derramando lágrimas.
- E você descobriu filho? - disse dona Cleide.
- Quando ele segurou em minhas mãos, eu vi que ele tinha uma cicatriz nas duas mãos, parecia que suas mãos foram furadas. Quando nos sentamos no chão, observei que os seus dois pés tinham também uma cicatriz. No final, ele me abraçou e disse que estaria sempre comigo, que se eu mudasse, eu ia rever ele em breve naquele mesmo paraíso. - Diego começou a chorar. - Eu sonhei com Jesus mãe! E graças a ele, e tendo ele comigo eu agora posso ser uma pessoa bem melhor do que eu fui. Eu quero começar do zero. Quero perdoar o meu pai, meu tio, pedir desculpas para o Leandro e ter os meus amigos de infância de volta. Quero agora ser outra pessoa, e e quero encinar para o meu filho tudo o que é certo. - disse Diego chorando muito.
- O quê? Filho, Diego? - Não me diz que... - disse Dona Cleide espantada.
- Sim, eu estou grávida dona Cleide. - disse Juliana sorridente. - A senhora vai ser avó. E eu também mudei, sou uma nova pessoa e junto com o Diego, quero construir minha família. - O silêncio tomou conta do momento.
- Fala alguma coisa mãe. - disse Diego.
- Eu sou a mãe mais feliz do mundo! Olha, eu agradeço a Deus, porque foi ele que nos reuniu aqui para sermos felizes. Eu amo vocês, e desde já, amo o meu primeiro netinho. - disse Dona Cleide, e eles se abraçaram.
Na praça, Letícia fica sentada em um banco, a espera de "NCA."
- Esse NCA não deve ser uma boa gente, já são 20h30. Quem ele pensa que é pra fazer uma garota esperar, e ainda em um banco de uma praça. - disse Letícia furiosa. - Quer saber, eu vou embora. Se ele quiser que me procure. - Letícia se levanta, começa a andar e escuta alguém lhe chamar.
- Letícia! Espera aí, não vá. - disse NCA. - Letícia olha para trás lentamente.
- O que você está fazendo aqui Nerd Caio? Vai embora porque eu não tenho nada pra falar com você. Estou esperando um menino aí muito interessante. - Disse Letícia bem arrogante.
- Por acaso você está esperando NCA? - disse Caio.
- Sim, e como você sabe disso? - questionou Letícia.
- Porque sou eu Letícia. Nerd Caio Augusto. "NCA". - disse Caio, olhando sério para Letícia.
- Ah para. - gargalhou Letícia. - Você é o "NCA"? Você é o garoto que me escrevia cartas e bilhetes lindos, me motivando e me dando forças para vencer as minhas tristezas? Você que é "NCA", o anônimo que dizia gostar de mim e que me ama? Você? Não acredito! - disse Letícia espantada.
- Sim, sou eu. O nerd da escola que você sempre zuou, e que te ama.
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Em Busca da Felicidade (Finalizada)
Ficção AdolescenteO amor e o romance é para todos. A vida surpreende e mostra para você adjetivos que você jamais imaginava ter. Nesta primeira parte, irei contar a história de Leandro, um jovem de 18 anos que mora na cidade de São Paulo com seus pais e seu irmão mai...