Insueto

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9 de janeiro de 2006, Segunda feira.

Tédio e mais tédio, uma segunda feira chata como as outras.
Como sempre acordei cedo, nada incomum. Apenas coisas de rotina, como ir para a escola, que inclusive, era a única coisa diferente hoje.
E foi por este exato motivo que eu decidi vir escrever neste caderno sujo que minha mãe diz ser um diário. Sem querer ofender, mas você é muito velho, páginas desgastadas e algumas rasgadas, a sua capa parece pedaços de papel colado com cola quente. Bem, acho que foi minha mãe que te fez, então somos meio que irmãos, pelo menos é o que acho, já que ela afirmar ter te comprado faz um tempo, eu não acredito, mas fingi que sim, até porque minha mãe não é do tipo que gosta que duvidem dela, o melhor a fazer é agradecer e sair da frente dela.
Como somos irmãos, acho que devemos estabelecer umas
regras, e agora você pode estar pensando, “nossa como essa mina é idiota, ela tá conversando com um caderno velho”. Bem, é meio doideira isso, mas vou constar, eu sou a doida varrida que precisa conversar com alguém, e você é a pessoa solitária que deve ouvir e me ajudar sem me ajudar, eu acho. Tipo, tomar as melhores atitudes para decidir, talvez sem me prejudicar tanto.
Vamos fingir que é você que diz aquela frase “eu avisei”, e aquela outra “é assim que se faz”.
Sim, eu inventei a última.
E vamos às regras:
1° regra: Não me deixe parecer uma idiota, eu tenhotendência a parecer um tanto burra, então me ajude nisso, obrigada.
2° regra: Não me deixe parecer uma garota pervertida, não é muito bom que as outras pessoas me vejam assim, já tenho problemas demais.
3° regra: Odeie Sarah Quintell, ela é a pior garota do mundo.
4° regra: Goste de Cley Cunha, o melhor de todos. Lógico, ele é minha prioridade, mas não o único na minha lista. Sou virgem, não santa.
5° regra: Tente parecer real, eu sei que estou conversando com um caderno, mas eu sei que tem alguém real ai, eu sinto isso.
6° regra: Tenho tendências a me meter em confusões, desde que eu não apareça com um olho roxo em casa, eu posso me livrar delas facilmente, por isso, me ajude a não ficar de olho roxo, obrigada.

E finalmente as regras acabaram. Não são tantas, mas é o suficiente para estabelecer nosso vinculo igual das pessoas que tem irmãos de verdade.
Agora vou contar sobre hoje na escola, foi um dia bem comum, até o mais comum de todos, mas tinha uma coisa diferente quando entrei na sala de aula, a professora:

Nome: (Sempre esqueço)
Idade: 34 anos
Profissão: Professora de Português
Hobbies: Leitura e palavras cruzadas
Coisas que odeia: Goma de mascar

É uma professora bem normalzinha, mas o incomum é que ela estava diferente, sua aparência estava mudada. Para uma mulher que usava vestidos compridos todos os dias, usar uma blusa com uma calça jeans é um tanto diferente. Mas não era só isso, a voz dela mudou, o jeito como ela se portava estava bem diferente, não tinha mais a postura ereta, agora era normal. E as atividades que ela passou, totalmente diferentes das antigas, eram difíceis. Algo estava mudado naquela mulher, todos diziam que ela sofreu uma lavagem cerebral, e o mais estranho era que na sexta feira, ela estava totalmente normal, como alguém podia mudar em dois dias todo o comportamento de vários anos?
Era intrigante, mas não da minha responsabilidade se envolver com isso, certo?
ERRADO, infelizmente eu sou amiga da garota repórter da escola. KELLY BELLY DE SUELLYN.

Nome: Kelly Belly de Suellyn
Idade: 16 anos
Profissão: Fofoqueira da escola
Hobbies: Ser repórter em tempo integral e fazer bordado
Coisas que odeia: Sapos e Palhaços

Talvez o nome dela seja um pouco estranho, e soe coisas estranhas para você ou não, mas quem nunca teve um amigo a qual o nome é estranho? Muito de certeza não tiveram, mas eu tenho e está é minha história, ou nossa, sei lá.
O importante é que Kelly como os outros alunos jurava de dedo mindinho que a professora tinha sido abduzida, e que deveríamos investigar, ela armou um esquema de ficar bisbilhotando a professora até a velha sair e mostrar a cara ao sol, segundo Kelly, pessoas abduzidas tem sensibilidade ao sol, onde ela leu isso? Só a NASA sabe.
Kelly podia saber de muitas coisas, mas não de tudo. E como uma verdadeira repórter, um dia ela vai ler essas páginas e vai me odiar, por isso, peço logo desculpas.
Kelly estava errada. A professora saiu no sol com o rosto mais orgulhoso do mundo, parecia estar desfilando e mostrando que mais uma vez na vida, a gente se lascou.
E foi ai que a Kelly teve o pior plano do mundo, digo pior pelo fato de ser o CUME da ousadia e enxerimento.
Iriamos invadir a casa da professora.
Claro, não é de o meu feitio fazer isso, mas não é a primeira vez que Kelly vai fazer isso, pela naturalidade que ela falou, não seria a primeira vez, e certamente não seria a última.
Por sorte, Kelly quer fazer isso amanhã durante a aula, e eu posso decidir se devo ou não ir.
O que me intriga nessa decisão é que não acredito que seja correto fazer isso com a professora, mas não quero decepcionar Kelly. Eu sei que é óbvio que invadir a coisa da professora pode dar uma grande besteira, mas se Kelly for pega sozinha, ela não vai me perdoar.
E eis a questão, invadir a casa da professora, e se ela descobrir, perder a confiança da professora e ficar em destaque por todo mundo por invadir a casa ou não invadir e perder a confiança e até mesmo minha amiga.
Bem, vou deixar você decidir, talvez você saiba de alguma coisa.
Vemo-nos amanhã, boa noite.

- INVADIR A CASA DA PROFESSORA – SIGA O CAPITULO INCÓGNITO

- FICAR NA ESCOLA – SIGA O CAPITULO ABALIZADA

Bolinha de Lã - Livro InterativoOnde histórias criam vida. Descubra agora