Réplicas

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Metaforicamente, eu sei o que estou fazendo, mas na realidade eu não sei nem como o fazer.
É muito fácil imaginar a situação e fazer, do que ir lá e fazer. É pelo fato de estarmos acostumado a achar que conhecemos alguém, mas a realidade sempre não é assim.
Ir com Kelly não foi fácil, ela era a minha amiga de anos, eu achei que tinha total intimidade com ela e mais uma vez, me enganei, anos de amizade não valem de nada quando só você é a amiga. Isso era o que eu pensava.

Kelly estava na frente da diretoria, de braços cruzados impaciente como o sempre. E eu com uma mochila nas costas e o peso me puxando pra baixo, eu já carregava tanta coisa, você apenas aumentou o volume, mas tudo bem.
— Ora, ora, quem veio? A Srta. Certinha.
Não achei uma ofensa, mas fingi que sim.
— Sim Kelly, eu vim, eu me importo com você.
— Deu pra ver o seu grande apoio na sala de aula, acho que todas as amigas fazem isso. E dá licença, que a diretora logo aparece ai, e eu só a errada aqui né?
Garotas são sempre dramáticas? Lembre-me de ser um menino na minha vida posterior.
— Não é essa questão, você não pode ficar fazendo o que bem entende, é contra uma questão de caráter.
— Acontece que é a sua opinião, eu a não pedi.
— Se os outros não pensassem os mesmo eles não teriam saído.
— Qual seu problema? Você não é assim, nunca se importou com isso, é como se do nada estivesse adquirindo opiniões do que fazer.
— Eu acho que significa que estou amadurecendo, não somos mais garotas de doze anos para aprontar como fazíamos.
— Ah parabéns, garota madura o suficiente.
— Kelly, eu só não acho nada educado ficar revelando as coisas pessoais da professora, eu não ia gostar se você ficasse espalhando por ai que eu gosto de fazer xixi em pé.
Eu posso não ter pensado direito nas palavras...
— Que? CÊ FAZ XIXI EM PÉ?
— Claro que não, só foi um exemplo estranho, assim como esse diário. Por favor, Kelly. Entenda que não se faz isso.
— Mas, todo mundo queria saber.
— Todo mundo queria saber sobre a mudança da professora, não se ela faz amor em pé na rede ou sentada.
Sim, novamente. Gente, eu não sei discutir, sinto muito.
— Mas isso era interessante.
Lidar com Kelly era extremamente difícil, lançar uma bandeira branca seria mais fácil, e eu não tinha nenhuma. Mas tinha uma coisa que servia como.
— Talvez, mas eu só vim aqui pra pedir desculpas, eu não deveria ter interrompido, e você tinha razão ontem, somos mais que amigas, tanto que isso aqui é a prova da nossa amizade.
Sim, meu amigo. Eu mostrei o broche que havia trazido, era uma lembrança da nossa amizade, uma lembrança da besteira em que fizemos ontem.
E sim, funcionou, a bandeira branca foi suficiente pra sossegar o vazio que Kelly chama de coração.
— Own, você trouxe, desculpa por ser uma vaca com leite azedo.
Ok, eu aprendi com ela a usar esses termos estranhos.
Mas é claro, como todas as melhores coisas da minha vida, começa com algo bom e depois piora, estou vivendo desventuras em série, não é possível.
Sim, havia dois pares de olhos se divertindo com nossa cena emocionante e idiota, a professora e a diretora.
— Que bom que estão se divertindo com meu boche, meninas. Pegamos uma confissão de que as duas estão envolvidas, e ainda são ladras. O que acha disso, Diretora?

Se você me perguntasse qual é decisão da sua vida eu gostaria de decidir, com certeza eu escolheria algo parecido com “Não ir à sala da diretora”. Felizmente, eu lhe trouxe na minha mochila, talvez possa me ajudar agora.
Como ela ouviu uma confissão da minha boca, era impossível negar qualquer coisa, uma suspensão não iriamos levar, iria ser uma expulsão.
Não só prejudicamos a professora, como fizemos um crime, invadimos a casa dela e roubamos o broche, e segundo elas, poderíamos ter roubado mais coisas.
Claro que não roubamos, e você seria uma testemunha, mas você não fala e eles iam me achar uma louca de verdade.
Agora avançamos pra etapa mais difícil
Nossas mães foram chamadas, e vi o rosto furioso de minha mãe e a mãe de Kelly, assim como a professora e a diretora, as quatro discutindo.  A professora me chamando de ladra e minha mãe me defendendo sem quase argumentos, eu estava muito ferrada.
Isso até a mãe de Kelly e Kelly serem chamadas primeiro pra conversar com a diretora. Minha mãe não disse nenhuma palavra comigo, apenas sentou-se em uma cadeira e me fitava, mas não estava mais com raiva, talvez ela tivesse percebido algo, mas o que?
E a professora? Ela também estava esperando, e estava com o diário que Kelly havia roubado. Mas diferente de minha mãe, ela parecia furiosa e segurava o diário como se fosse uma preciosidade, eu a entendo, imagino que ficaria furiosa caso alguém lhe tocasse.
Eu poderia conversar com minha mãe e saber o que estava acontecendo, ou falar com a professora e a reconfortar.
E como nós dois sabemos, essas duas escolhas tem prós e contras, então me ajude a decidir com que devo falar primeiro.

FALAR COM MINHA MÃE – SIGA O CAPITULO DESATINO

FALAR COM A PROFESSORA – SIGA O CAPITULO COMPLEIÇÃO

Bolinha de Lã - Livro InterativoOnde histórias criam vida. Descubra agora