Tem três coisas a qual eu sempre esqueço.
1° O que comi ontem?
2° Qual o dia do aniversário da minha mãe?
3° Qual o nome da professora?E mais uma vez eu não me lembro, e não seria nada habitual eu chegar a ela e perguntar.
Mas eu precisava saber o que tinha naquele caderno dela. Ele quem me fez parar aqui, e seria exatamente isso que eu perguntaria.
— Qual é a desse seu diário? Por que tanto mistério?
Ela me olhou furiosa, mas sorriu, sorriu furiosa.
— Achei que só o quisesse furtar.
— Se eu quisesse roubar sua casa não ia querer um caderno velho, e sim, quero saber o porquê ele é tão importante.
— Porque é meu diário. Você não entenderia.
ORA, como eu não entenderia? Estou falando com um desde segunda-feira.
— Eu tenho um diário também, professora. Nele eu escrevo praticamente tudo e até escreverei a nossa conversa. Sei como deve estar se sentindo, ninguém tem o direito de saber o que está escrito, apenas nós mesmas. Desculpe-me por invadir sua casa, eu não deveria.
— Não deveria mesmo, e você não entende droga nenhuma, o meu diário que fez tudo isso acontecer, ele decidiu. Diferente do seu diário de garotinha.
COMO ASSIM?
— O meu também faz isso, mas eu aceito a decisão porque peço a opinião dele.
Ela riu, riu como uma louca de pedra, ela estava ficando louca.
— Ele quer que você pense isso. Quer que você pense que você tem controle, mas quem te controla é ele, quando você vê, você não é mais como era antes, você muda, como um toque de mágica.
— Então foi isso que houve com você? Ele decidiu como você seria?
— Sim, decidiu se eu namorava, decidiu se eu seria uma boa aluna ou não, se eu me formaria, que curso eu faria, onde trabalharia, se eu casaria ou não, e por final decidiu como eu me vestiria.
— E onde achou o diário?
— Quando eu tinha sua idade, o achei jogado no lixeiro da biblioteca, pensei que fosse um livro que um aluno irresponsável havia jogado fora, mas era um diário, e desde o momento que eu escrevi, minha vida toda mudou.
— E não pode desfazer?
— Não havia instruções no seu?
— Nenhuma, ganhei da minha mãe.
— No meu também não havia nada. Mas descobri coisas incríveis sobre ele.
Ela estava totalmente diferente, agora parecia estar alucinando de verdade.
— Professora, eu acredito que o Diário só escolha o que permita dar a ele escolher, não é contra sua liberdade de expressão.
— Você não entendeu. O diário escolhe o que damos a ele a escolher, mas e se ele escolher algo absurdo e fora da realidade?
— Isso não aconteceria, eu acho.
— Aconteceria sim, minha querida. Ele tem um poder surpreendente, pode até mudar de presidente com ele. Pode fica rica, pode dominar o mundo, apenas com duas escolhas.
— Não, eu não acredito nisso.
— Eu já vi acontecer, eu já o fiz escolher isso. Tudo o que acontece até agora foi porque eu decidi, porque ele escolheu, o meu diário escolheu.
— Não, o que aconteceu na sua vida, na minha não.
— E você acha que não afeta sua vida? Uma simples mudança afeta a vida de todos, afeta muitas pessoas. Você tem noção de quantas vezes já falamos a mesma coisa uma pra outra em diferentes realidades? As coisas mudam, mas quando é pra acontecer, um dia vai acontecer, mais cedo ou mais tarde.
— Você está ficando louca.
— Um dia vai ficar também.
— Eu sei que não é real.
— Então vá a fundo, faça o diário decidir.
— Faça o decidir o que?
— Seja alguma outra pessoa, faça o decidir quem você é.
— Mas eu sei quem eu sou.
— Sabe mesmo? Qual seu nome?
— Meu nome é... É...
QUAL MEU NOME?
— Não sabe o seu nome porque você não tem um, você não sabe quem você é. É assim que começa. Eu também não sei meu nome, ninguém me diz sobre.
Isso explica o porquê, eu não me lembro do nome dela, e porque ninguém nunca me chamou pelo meu.
— Mas eu tenho um nome...
— Tem, mas esqueceu, e todos a sua volta também esquecem, é como se você nunca tivesse tido um nome. Então, quem é você? Pode ser qualquer um, é só dar duas opções ao seu diário, e vai saber.Então, quem sou eu?
Sou Sarah Quintell – SIGA O CAPITULO IMPROBIDADE
Sou Megan Albuquerque – SIGA O CAPITULO APREÇO
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Bolinha de Lã - Livro Interativo
Ficção AdolescenteJá contou quantas vezes você teve que escolher hoje? Já se perguntou sobre o que aconteceria se você tivesse escolhido outra coisa? Imagine se pra cada escolha que você faz, cria portas para um destino promissor ou um destino fracassado. A nossa v...