— Animada para amanhã?
Por mais que tivesse odiado a brilhante ideia do meu pai de me colocar em uma escola apavorante, ele estava tão sorridente que eu não queria aborrecê-lo.
— Sim, estou muito animada para fazer amizades e logo fazer parte da orquestra, se é que eles têm orquestra...
Era exatamente isso que me prejudicava, eu estava mudando de escola, a minha antiga escola eu tinha tudo o que precisava para ser feliz com meu talento, e agora tudo se retirou de mim e passou para uma escola pública e pequena.
— Eles desfilam com instrumentos, filha. Devem ter ótimos instrumentistas, e uma orquestra, mas provavelmente é uma banda.
Uma banda? Minha mãe parecia estar reagindo a isso de forma mais natural que meu pai, logo ela que confiava tão pouco nos serviços públicos brasileiros...
— Já são dez horas, hora de dormir, amanhã tem que acordar cedo.
— Mas pai, eu já tenho doze anos! Não preciso dormir tão cedo.
— Você tem doze anos, mas tem preguiça de acordar cedo como a maioria das crianças, então vá pra cama!
Era ridículo discutir com meu pai, nada o faria mudar de ideia, isso já estava comprovado quando eu tentei inúmeras vezes o convencer que eu estava muito bem na escola em que eu estava, agora, eu teria de começar tudo novamente.Minhas primeiras semanas na escola foram bem o que eu esperava. Todos me olhando torto, meninas tentando forçar um tipo de amizade repentina comigo e alguns rapazes abusados que eu não gostava do jeito em que eles deixavam suas mãos caírem a minha costa.
Mas tudo mudou na biblioteca, quando eu sentei perto de Mía Kelper.
— Posso me sentar aqui?
Eu nem esperei ela responder, só sentei, geralmente quando falava com alguém na escola, dificilmente me respondia direito.
— Claro. Eu estava esperando uma amiga minha, temos um trabalho pra fazer juntas, mas parece que ela se esqueceu.
— Se for um trabalho importante, ela vai se perceber logo, eu também me esquecia de fazer uns trabalhos, mas logo sentia o peso da responsabilidade de tirar notas boas me fazendo lembrar-se dos trabalhos.
— Pelo menos do trabalho ela vai se lembrar, o que me preocupar é se ela vai se lembrar de mim.
Ela lançou um sorriso, mas era um sorriso falso, era nítido que ela estava magoada.
— Bem, se quiser minha ajuda. Eu estou aqui querendo um dia ser lembrada por alguém, então que seja ajudando uma menina a fazer o trabalho dela.
Desta vez o sorriso dela foi verdadeiro.
— Me chame de Mía.
— E me chame de Megan.
E foi neste dia que nossa amizade iniciou, e deste momento em diante começou a dupla M&M.— Vocês vão cantar a “Nova aurora”?
Sam perguntou, ela era a baterista da banda.
— Claro que sim, é a música da escola e a nossa única opção atualmente, sabe que não estou muito bem da garganta e Mía não consegue atingir as notas graves. Então é o que temos.
Às vezes, a Sam sabia ser bem irritante, mas isso não podia me estressar hoje, eu e a Sam éramos as únicas que tinham vindo ensaiar, então caso eu quisesse dar na cara dela, ninguém ia me impedir, e eu seria expulsa ou suspensa, o que não seria agradável aos meus pais. Depois de uns anos na escola, no último ano eu ser expulsa por causa de uma garota sardenta.
E eu só estava me maquiando na frente do espelho, talvez meu rímel acertasse a boca dela.
— Você devia falar com a diretora e pedir pra ela prorrogar a data da apresentação, como você vai cantar na festa do seu namorado estando com a garganta assim?
— Eu não vou à festa de Kevin, e a apresentação é hoje.
— COMO ASSIM NÃO VAI?
Olhei pra trás, e Sam não estava sendo irritante, ela estava querendo me avisar que tinha outra pessoa na sala que estava fora da minha vista. Era Kevin, meu namoradinho.
— Não vou, Kevin.
E voltei a me maquiar, eu não podia manifestar que eu me abalei por este sobressalto.
— Nos dê licença, Sam.
— Não, a Sam fica, você que sai. Estamos no camarim feminino, estou ocupada preparando minha maquiagem, não esta vendo?
— Eu prefiro me retirar mesmo, até mais tarde.
E a Sam saiu. FILHA DA MÃE.
Kevin veio até mim.
— Qual o motivo disto? Você disse que iria...
— Eu mudei de ideia.
Ele tocou em meu ombro, estava perto demais.
— Eu não quero te fazer ficar inquieta, eu sei que vai apresentar à tarde, e tem uma longa lista de coisas pra fazer agora, mas eu precisava vir aqui pra conversar. Precisamos esclarecer isso.
— Esclarecer o que?
Parei de me maquiar e me levantei, ficando de frente a ele.
— Só porque terminamos, não...
— Não terminamos APENAS foi você quem terminou. Eu não terminei nada, foi você!
— Eu sei, mas você tem que...
— Tenho entender que nosso relacionamento não vai dar certo porque você gosta de outra? Ou porque você vai embora e ainda tem a audácia de me convidar pra ir a sua festa de despedida, e depois de terminar comigo? Você esta acabando comigo.
— Você sempre soube que eu gostava dela, não pode me culpar disto.
— Então eu sou a culpada? Sou a culpada de me envolver com você na esperança que ela pudesse sumir de seus pensamentos? Então, me diga o porquê nunca tomou uma atitude e ao menos falou com ela?
— Porque eu sou um idiota, eu tive medo de que algumas coisas não dessem certo, mas os boatos são apenas boatos. Ela não é esse monstro que você e os outros dizem.
— Cala a boca e sai daqui.
— Por favor, Megan. Você é bonita, é inteligente, é carismática. Não tem ninguém nessa escola que não goste de você. E está com ódio, só porque eu, eu não quero forçar uma coisa que nunca existiu.
Nunca tive tanta vontade de sumir na minha vida, revirei meus olhos.
— Pra você, foi pra você que nunca existiu. Cada momento que passei perto de você foi mais que um simples momento, mas você só pensa nela.
— Eu sabia que isso iria acabar sim, mas você disse que só queria ficar.
— Não e não e não, VOCÊ ESTÁ ERRADO. Não quero conversar, apenas saia daqui, nunca mais fale comigo.
Eu não permiti que nenhuma lágrima escorresse em meu rosto, ele não merecia nenhuma delas.
— Ok, mas reconsidere, vá a meu aniversário, por favor.
Assim que ele saiu do camarim, deixei com que minha maquiagem borrasse.
— Oh droga. Ele prefere aquela ex-amiga da Mía, aquela que trocou a Mía pela idiota daquela Kelly. Que ódio... Mas eu vou sim aquela festa, apenas a estragar.
Sorri, sentando-me novamente, comecei a limpar os borrões, quando fui perceber meu reflexo. Levantei-me dando um grito.
Não era eu quem estava no reflexo, e sim a...
— Oh merda.
E de repente eu lembrava tudo o que havia acontecido comigo antes de eu ser Megan.
— Se acalme, eu sei como esta se sentindo, mantenha a calma.
Uma mulher apareceu abrindo a porta do camarim, e a trancando. Olhei assustada.
— Quem é você? O que está acontecendo comigo?
Ela se aproximou, mesmo eu me afastando, ela me segurou e me abraçou. Era um abraço acolhedor.
— Shhh. Você apenas assumiu uma de suas formas.
— O que? Não, eu não sou Megan, eu só a escolhi por que eu queria saber...
Soltei-me do abraço, e olhei de volta ao espelho, ela ficou logo atrás de mim.
— E agora você sabe, o diário funciona muito bem, mas entenda, você é Megan Albuquerque. Você é Sarah Quintell. Elas são você em outras vidas, e através do diário você conseguiu entrar na Sarah se lembrando de tudo.
— Mas somente agora, em poucos minutos eu não me lembrava de nada.
— Porque você precisava se livrar de uma coisa.
— Eu precisava me livrar do Kevin?
— Sim, assim conseguiu se conectar novamente a sua outra vida, ao qual você não tem o Kevin, assim como a amizade de melhor amiga de Mía. Megan sempre foi impelida a ficar com aqueles que você nunca os deu valor, mas que interiormente eles davam valor a você.
— Mas eu gostava de Kevin, sempre gostei.
— Bem, você vai descobrir mais tarde sobre o que aconteceu.
— E como Megan, quero dizer, como eu sabia disso?
— Porque já aconteceu há bastante tempo... Em outras vidas alternativas.
— Isso não faz sentido.
— Nada faz sentido, até porque já tivemos essa mesma conversa, mas apenas aceite, agora você sabe que Megan não gostava de você por motivos até que apropriados.
— Ela não gostava de mim, porque troquei Mía pela Kelly, e porque Kevin gostava de mim...
Ela sorriu, dando tapinhas nas minhas costas, e começou a se retirar.
— Ei, aonde você vai?
— Eu preciso ir, minha missão aqui foi concluída. Agora conclua a sua missão.
— E como eu faço isso?
Ela abriu a porta do camarim e antes de sair ela falou bem baixo:
— Apenas aja naturalmente, e quando puder viajar a outro lugar, não pense duas vezes, o nosso mundo é uma bolinha de lã, mais cedo ou mais tarde vai ter que viajar.
E ela fechou a porta indo embora, me deixando sozinha.
E minha cabeça doía...
Quem diria? A doida da professora estava correta.
E agora, o que eu deveria fazer?
E naquele momento estava sem você diário. Droga!~ FIM ~
PARABÉNS, VOCÊ CHEGOU A UM DOS FINAIS DA NOSSA HISTÓRIA, A CONTINUAÇÃO DESDE FINAL AINDA NÃO É CERTA, POIS ESTÁ HISTÓRIA É APENAS UM TESTE, SE VOCÊ CHEGOU A ESTE FINAL, POR FAVOR, COMENTE.
E SE QUISER, PODE COMEÇAR NOVAMENTE.
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Bolinha de Lã - Livro Interativo
Novela JuvenilJá contou quantas vezes você teve que escolher hoje? Já se perguntou sobre o que aconteceria se você tivesse escolhido outra coisa? Imagine se pra cada escolha que você faz, cria portas para um destino promissor ou um destino fracassado. A nossa v...