Abalizada

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10 de janeiro de 2006, Terça feira.

Segui seu conselho, talvez fosse bem melhor seguir o bom senso do que a minha amiga.
Kelly foi pega com mão na massa, a professora saiu mais cedo da escola e Kelly não conseguiu fugir a tempo, e por isso se encontra de castigo e com ódio eterno de minha pessoa, mas pelo menos eu não estava lá, talvez fosse eu e ela quem estaríamos de castigo, minha mãe já tem problemas demais pra isso.
Mas minha terça-feira não foi nada ruim, e é por ela que estou lhe escrevendo.
Depois que Kelly saiu bufando da sala de aula quando eu disse que não ia com ela, o que eu lhe afirmo, não foi fácil de dizer. Mas foi necessário, depois que ela saiu, o segundo menino da minha longa lista de garotos que eu quero, veio até mim. Isso mesmo, o segundo, não o Cley, e sim, o Kevin Manueto.
Provavelmente deve estar se perguntando quem é Kevin Manueto, desculpe, eu estava focada demais na Prioridade Cley e não mencionei o resto, mas que fique registrado que Kevin é muito diferente do Cley, ele emite uma beleza fora do padrão, talvez por se vestir de forma completamente diferente dos outros garotos, Kevin gostava de calças com suspensórios e camisas quadriculadas, e seu cabelo era longo e sedoso.

Nome: Kevin Manueto
Idade: 16 anos (vai fazer 17)
Profissão: Farmacêutico em ascensão (aquele tipo que anda com muitos remédios e sabe muito sobre)
Hobbies: Cultura Alternativa e Leitura de livros
Coisas que odeia: Romances clichês e esportes genéricos

Sim, este é Kevin Manueto, e adivinhe pra que ele veio até mim?
Vou narrar a cena pra ser mais exata.

— Ei, eai? Tudo bem? Espero que esteja. Terça-feira não é um dos melhores dias para mim, mas é muito melhor que quarta-feira. Acho que nem venho amanhã, e por motivos de segurança, achei bem melhor convidar pessoalmente todo mundo hoje para minha festa na sexta-feira à noite. Mesmo que a gente não se fale muito, eu gostaria muito que você fosse, está é a ultima semana que vou ficar na cidade e a festa vai ser como uma despedida e eu gostaria muito que todos estivessem. Então, te vejo lá?

Eu não hesitei em responder que sim, lógico. Mas isso me deu muito ao que pensar, Kevin iria embora, esta seria a última festa, a última vez que todos nós veríamos, a minha última chance de tentar algo com ele, eu não poderia perder essa festa por nada.

O intervalo foi relativamente chato, mas não escreveria sobre ele se não tivesse acontecido uma coisa interessante, eu rezava interiormente para que meus demônios interiores salvassem Kelly de qualquer coisa, e como já sabemos não deu certo. Mas nesta minha distração pensando em Kelly nada menos do que o grupo de patricinhas passando em minha frente com as roupinhas maravilhosas que custavam o dobro do sofá imaginário que eu tinha na minha casa.
Sim, eu imagino que tenho um sofá de gente rica na minha casa. Imaginação é o meu forte, talvez isso me faça ser uma sonhadora que cria expectativas demais e acaba se cagando toda quando percebe que seus sonhos vão virar realidade.
E onde estávamos? Meninas ricas, e patricinhas.
A forma em que eu as defino é muito genérica, mas é exatamente isso que eu penso quando as vejo, ou via. Esse termo, “patricinhas” desapareceu rapidamente da minha mente, quando Mía Kelper me convidou pra sentar com elas. Refeitório tem uma regra, não pode se sentar sozinho, e como Kelly estava numa missão, eu não tinha outra escolha. E de repente me vi no filme garotas malvadas. Talvez eu fosse uma patricinha da vida.
Não vou dizer que foi ruim ficar com elas, porque não foi, até porque Mía fez eu me enturmar bem rápido.

Nome: Mía Kelper
Idade: 17 anos
Profissão: Senhorita harmonia, mais conhecida como vocalista da banda da escola.
Hobbies: Cantar e fazer amizades (sim, ela sempre fazia amigos novos). 
Coisas que odeia: competividade e desorganização

Mesmo que eu não conversasse muito com Mía, eu e ela já tínhamos sido bem próximas, ela era a minha amiga da cola, me dava colas nas provas, e eu dava colas a ela. Éramos uma dupla bem dinâmica, mas isso foi antes de Kelly chegar. Não foi uma separação, a amizade não acabou apenas nos distanciamos à medida que Mía foi se aproximando da banda da escola e eu da Kelly, só perdemos o contato e ficou estranho, mas ainda sorrimos uma pra outra nos corredores e quando cruzamos os olhares, acho que todo mundo já teve um amigo assim.
Elas conversam sobre tantas coisas em apenas 7 minutos, e Kelly adoraria contar fofocas, eu apenas as ouvia falarem, enquanto elas mencionavam famosos da revista capricho. Isso era o cume das patricinhas, mas elas eram legais, exceto por uma, aquela cujo me olhava como um pedaço de carne, mas não no termo bom, ela era vegana, então me olhar como um pedaço de carne era como ela olhar pra um bando de urubus.
E essa, era nada mais e nada menos do que Sarah Quintell? ERRADO
Essa era Megan Albuquerque, a Vegana da escola, não era a única, mas era a mais conhecida, porque ela era bonita. E a desgraçada era bonita mesmo.

Bolinha de Lã - Livro InterativoOnde histórias criam vida. Descubra agora