Abantesmas

16 4 1
                                    

— A Festa foi legal, obrigada por me convidar.
Não era uma das melhores coisas a se dizer, mas foi por isso que vim falar com ela, pra agradecer e fazer amizade, ou uma espécie de reconciliação de meninas, eu não sei, nunca fiz isso.
— Que bom que gostou, agradeça a Mía por estar aqui, a ideia de te convidar foi dela.
Megan disse ríspida sem olhar pra mim, ela é bem firme no seu jeito comigo, não deixa transparecer nenhum tipo de doçura. Eu admiro muito Megan, nunca vou negar isso, e não é só por causa daqueles cabelos pretos intensos, a pele brilhosa, os cílios compridos e perfeitos, os lábios carnudos e bem desenhados... Enfim, Megan é o tipo de garota que vai muito além de beleza, ela tem opiniões formadas em praticamente tudo, opiniões bem fortes que fazem uma multidão a aplaudirem, e ela sabe disso. Megan é a mulher que sempre quis ser, exceto pela parte da soberba, mas se Mía fez amizade com ela significa que ela nem sempre é assim, ou só é desse jeito com minha pessoa.
— Obrigada mesmo assim, você foi incrível ontem, se quiser conversar comigo mais tarde, eu posso te dar meu...
Ela se virou pra mim, os olhos eram tão nefários.
— Não quero seu número, não ficou claro que eu não quero seus agradecimentos? Não seremos amigas, e nunca vamos ser.
Se eu estivesse sem o efeito da cafeína eu teria me retirado, mas eu estava sobre um grande efeito de café amargo.
— Olha aqui, só porque você é a bonitinha, riquinha e adorada da escola, você não tem o direito de me tratar assim, eu nunca fiz nada a você, e se você tem tanta raiva de mim, só pode ser inveja!
Eu não sabia de onde tinha tirado tantas palavras, e eu gritei com ela ainda...
— Inveja? De uma arrasada como você? Da garota que tem uma listinha de garotos que quer pegar? Da garota que escreve num diário velho que parece que foi mordido por um cachorro? Da garota que tem uma amiga fofoqueira que sai contando das coisas da “amiga” pra todo mundo? Acredite, eu tenho inveja da Lady Gaga, não de uma borralheira como você.
Os livros, a lei, a sociedade, a escola, e até os nossos pais nos ensinam que violência nunca leva a nada, mas a primeira vez que erramos o que nossos pais fazem? Sim, a maioria bate em seus filhos. Por amor? Eu nunca vi amor violento, você já viu?
Eles batem porque eles sentem raiva de si mesmos, raiva da incapacidade de não conseguirem controlar alguém através da fala, do bom exemplo e da diversidade de comportamentos que existem no mundo.
Mas o que isso tem haver com a surra que vou dar em Megan?
Absolutamente tudo. Não dei um tapa na cara dela porque ela estava mentindo, ao contrário, dei na cara dela porque ela disse tudo àquilo que eu já sabia, porque eu me sinto insuficiente.
Acho que as pessoas não percebem que conhecemos os nossos defeitos, acho que elas não sabem que também temos um espelho em casa ao qual olhamos e choramos, a grande verdade é que todos sabem o que somos e o que ocorre ao nosso redor, mas nós não estamos prontos para mudar. E quando outra pessoa fala na nossa cara o que é, ficamos bravos, não pelo o que ela disse, mas pelo fato de não precisarmos de alguém pra dizer isso. Já nos sentimos tão pra baixo com as coisas que temos, e outra pessoa só te diz aquilo que você já sabe, e machuca mais e mais.
— Você é doida?
Megan disse enfurecida assim que a palma da minha mão atingiu o rosto dela, e fui mais pra cima dela, ela se esquivou dessa vez como se soubesse meus passos.
— Eu sei o que você quer fazer, não vale a pena, eu sei o que vai fazer, pare.
Eu não queria ouvir ela, apenas me jogar em cima daquela piranha já estava de bom tamanho.
— Não é isso que você queria? Brigar comigo? Então seja mulher, Megan.
Tentei mais uma vez me jogar em cima dela, mas ela se esquivou de novo.
— Não, você é uma burra mesmo. Não percebeu o porquê eu te odeio? EU TE ODEIO PORQUE VOCÊ É UMA BURRA, teve uma melhor amiga, a melhor garota do mundo, a Mía. E você simplesmente a trocou por Kelly.
Eu ri.
— E você me odeia por isso? Eu te dei uma melhor amiga e você reclama de eu abandoná-la. Se eu não tivesse a deixado você seria completamente sozinha.
— E valeu a pena? Trocar ela por essa “Kelly”?
— Kelly não é esse monstro que vocês demonizam.  E eu não sou quem você e os outros querem que eu seja. Eu sou eu. Não esse boatos que você espalha.
Eu ia me retirar, quando ela me segurou.
— Ele prefere você a mim. Ele prefere você. Eu sou linda, tenho tudo o que um garoto pode querer, mas ele prefere você.
Puxei meu braço de volta.
— Seja lá quem for ele, se pertenceu a você, eu não quero. Tenha um bom dia, Megan.
Virei-me mostrando meu dedo médio, eu não queria ficar nenhum momento naquela casa.
Peguei minha bolsa e fui embora andando, o que não fez nada bem para os meus pés, mas continuei andando até eu ver um carro encostando ao meu lado e o vidro abaixando.
— Quer uma carona?
Era Elle Cunha, a mãe do Cley.
— Ah obrigada, eu aceito. Tenho que ir pra casa, minha mãe vai me dar um sermão quando eu chegar.
— Dormiu fora de casa? Uma festa daquelas não é?
— Sim, uma festa até que boa.
— Pode entrar pela porta de trás, ela está aberta.
Eu abri a porta e dei de cara com outra menina olhando para o outro lado, era familiar demais.
— Dona Elle, quem é...
A menina se virou pra mim e pude notar o rosto dela.
— CARALHO.
Gritei e o carro da dona Elle zarpou.

~FIM~

PARABÉNS, VOCÊ CHEGOU A UM DOS FINAIS DA NOSSA HISTÓRIA, A CONTINUAÇÃO DESDE FINAL AINDA NÃO É CERTA, POIS ESTÁ HISTÓRIA É APENAS UM TESTE, SE VOCÊ CHEGOU A ESTE FINAL, POR FAVOR, COMENTE.

Bolinha de Lã - Livro InterativoOnde histórias criam vida. Descubra agora