Improbidade

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— Sua casa é bonita, Cley.
Era a primeira vez que eu conhecia a casa de um menino, e foi logo Cley... Quem diria?
— Achei que ia gostar, porque você tem um ótimo gosto pra muitas coisas... Eu tenho brinquedos lego em meu quarto, vou pegar eles pra gente brincar no quintal.
Ok, isso foi bem inesperado, Cley me convidar absolutamente do nada para brincar na casa dele, lógico, eu não poderia contar isso a ninguém. Segundo Cley, ele não queria que ninguém pensasse que estávamos namorando, não que eu tenha idade pra isso.
— Trouxe o suco de abacaxi e os biscoitos recheados, espero que goste. Cley adora suco de abacaxi, vou fazer uma festinha de abacaxi no aniversário de oito anos dele, você vai vir?
A dona Cunha era muito gentil e doce, ela me lembrava a minha melhor amiga.
— Obrigada, sim, eu vou vir, o Cley me convidou.
Pela primeira vez eu iria, o que seria difícil de esconder da minha melhor amiga.
Sei que é errado esconder coisas, e o papai do céu não gosta, mas Cley é o namoradinho que minha amiga sempre quis, e ela odiaria me ver indo a festa dele, sendo que ele nunca a convidou. Eu só vou nesta festa, e depois nunca mais vou falar com ele...

— Você tá terminando comigo? É sério isso?
Conheci Cley quando eu estava no fundamental, e por mais que eu me afaste dele, ele sempre consegue uma forma de quebrar isso, por alguma razão eu me atraio por ele, não atração de atração física ou este tipo de atração que você deve estar pensando, é como um imã e parece que estou sujeita a sempre ficar com ele.
Já perdi amigas por causa disto, e uma delas era a minha melhor amiga... Eu sinto que é culpa minha, eu sabia que ela gostava dele, ela sempre gostou, e eu fui uma vaca ao deixar com que ele me beijasse na frente dela, ou que ele simplesmente me beijasse, e o pior é que ele fez de proposito, ele não respeita os sentimentos de ninguém.
E eu juro, já tentei me afastar, mas quanto mais eu o faço mais ele aparece pra me aborrecer.
— Sim, estou terminando com você. Nosso namoro nunca vai dar certo e você sabe disto.
— Você deve ter outra pessoa, só pode.
Aquilo me irritou muito, como ele podia falar aquilo? Eu sempre fui a mais prejudicada dessa relação, eu era a esculachada da escola porque fui umas das piores amigas e fui desleal com os sentimentos da minha ex-amiga, e isso não é uma boa reputação.
— Somente pelo fato de eu não querer que ninguém saiba que voltamos a namorar faz tempo?
— Nenhuma garota em sã consciência faria isso, a não ser que escondesse alguma coisa.
Eu não merecia isso... Cruzei os braços.
— Olha aqui, CLEY. Eu não preciso esconder nada de você, aliás, diferentemente de você, eu nunca traí na nossa relação.
— Está falando do meu deslize com a Kelly? Eu já disse, nós só demos uns beijos insignificantes, e eu estava bêbado.
— Todo mundo sabe que você estava bem sóbrio, ou você é do tipo de homem na terra em que fica porre numa latinha de cerveja?
— Sabe o problema? É você.
Eu ri. Não tinha cabimentos isso, ele não tinha mais argumentos, agora iria se vitimizar, se fingir de coitadinho, culpando a mim por seus problemas.
— Eu sou seu problema?
— Sim, você começou a usar essas roupas, e começou a por esses piercings. De inicio achei você uma gostosa, mas estou começando até a ficar com medo, será que estou beijando uma garota ou uma versão do demônio?
— Me poupe dessas suas explicações tolas e infindáveis. Pode esquecendo tudo isto, a versão do demônio aqui, já esta indo embora.
— Não vai, por favor, não podemos terminar assim.
Ele segurou firme o meu pulso, eu o encarei, não era a primeira vez que isso acontecia, mas desta vez, eu não ia voltar atrás.
— Sim, eu posso terminar assim. Espero que supere, porque eu já não ligo mais.
Dei um empurrão nele assim como eu havia aprendido nas aulas de defesa pessoal. Eu podia ser uma filha da mãe ao o deixar brincar com meus sentimentos, mas não sou bocó ao permitir me machucar fisicamente.
Entrei no banheiro para lavar meu rosto, a água purificava minha pele, e olhar para o meu reflexo me fazia lembrar quem eu era.
Só que não era eu quem estava no reflexo.
— Oh merda.
E de repente eu lembrava tudo o que havia acontecido comigo antes de eu ser Sarah.
— Se acalme, eu sei como esta se sentindo, mantenha a calma.
Uma mulher do nada estava comigo no banheiro, ela acariciava meus ombros, olhando comigo para o espelho.
— Quem é você? O que está acontecendo comigo?
Ela fez pequena caricias em meu rosto, apertando meu queixo com seus dedos.
— Shhh. Você apenas assumiu uma de suas formas.
— O que? Não, eu não sou Sarah, eu só a escolhi por que eu queria saber...
— E agora você sabe, o diário funciona muito bem, mas entenda, você é Sarah Quintell. Você é Megan Albuquerque. Elas são você em outras vidas, e através do diário você conseguiu entrar na Sarah se lembrando de tudo.
— Mas somente agora, em poucos minutos eu não me lembrava de nada.
— Porque você precisava se livrar de uma coisa.
— Eu precisava me livrar do Cley?
— Sim, assim conseguiu se conectar novamente a sua outra vida, ao qual você não tem o Cley. Sarah sempre foi impelida a ficar com Cley porque você não poderia, porque internamente Sarah sabia que Cley não seria bom a você.
— E como Sarah, quero dizer, como eu sabia disso?
— Porque já aconteceu há bastante tempo... Em outras vidas alternativas.
— Isso não faz sentido.
— Nada faz sentido, até porque já tivemos essa mesma conversa, mas apenas aceite, agora você sabe que Sarah não te afastou de Cley porque era má.
— Ela fez isso porque Cley é um babaca, e ele realmente não me mereceria. E a Kelly, ela ficou com ele, sabendo que eu também gostava dele e nem ficou com tanto ressentimento quanto a Sarah...
Ela sorriu, dando tapinhas nas minhas costas, e começou a se retirar.
— Ei, aonde você vai?
— Eu preciso ir, minha missão aqui foi concluída. Agora conclua a sua missão.
— E como eu faço isso?
Ela abriu a porta do banheiro e antes de sair ela falou bem baixo:
— Apenas aja naturalmente, e quando puder viajar a outro lugar, não pense duas vezes, o nosso mundo é uma bolinha de lã, mais cedo ou mais tarde vai ter que viajar.
E ela fechou a porta indo embora, me deixando sozinha.
E minha cabeça doía...
Quem diria? A doida da professora estava correta.
E agora, o que eu deveria fazer?
E naquelo momento eu estava sem você diário. Droga!

~ FIM ~

PARABÉNS, VOCÊ CHEGOU A UM DOS FINAIS DA NOSSA HISTÓRIA, A CONTINUAÇÃO DESDE FINAL AINDA NÃO É CERTA, POIS ESTÁ HISTÓRIA É APENAS UM TESTE, SE VOCÊ CHEGOU A ESTE FINAL, POR FAVOR, COMENTE.
E SE QUISER, PODE COMEÇAR NOVAMENTE.

Bolinha de Lã - Livro InterativoOnde histórias criam vida. Descubra agora